Helena

Capítulo 01

Quando seus olhos avistaram a primeira estrela da noite, ele lembrou seu doce sorriso, e imaginou se suportaria ficar mais um dia sem vê-la. Aspirou um ar frio vindo direto da floresta de pinhos, com seu corpo cansado e cheio de pensamentos de saudade; momentos que tinha passado com aquela linda mulher de olhos penetrantes e um sorriso encantador.

Raul nunca imaginou que a felicidade lhe desse uma rasteira como aquela, no dia em que Helena lhe deixou uma carta de despedida, como se tudo fosse apenas um daqueles momentos que tem que acabar assemelhando-se a um amor de verão.

Aquelas alturas Raul já nem pensava mais, o suor em seu rosto começava a gelar quando o vento das montanhas o tocava. Caminhou em direção a casa feita de madeira nobre com janelas de vidro e uma varanda espaçosa; ela tinha a cor marrom como de árvore envernizada.

Raul sentiu o peso de suas pernas quando começou a subir a inclinação montanhosa que levava ao pequeno chalé rodeado de uma tranqüilidade que somente a natureza podia oferecer.

As luzes que vinham da casa o ajudaram a chegar com facilidade. Ele subiu o primeiro degrau que conduzia a parte frontal da varanda, abriu a porta em forma de troncos de arvores e viu que os últimos troncos queimavam na lareira da sala. Voltou, pegou uns troncos de arvores que estavam ao lado da casa, na varanda, e entrou outra vez; jogou a lenha, mexeu nas brasas com um bastão de ferro fino e depois foi em direção ao chuveiro.

Enquanto tomava banho, Raul era atormentado por pensamentos que não o abandonavam, eles traziam a lembrança de Helena, seu amor, algo que lhe tirou o fôlego e que agora o deixara na mais profunda tristeza. Ele nunca entendeu porque ela havia feito isso, deixado uma carta de despedida após uma noite de amor tão fantástica.

Raul saiu do banheiro enrolado numa toalha com os cabelos negros escorridos pela água e com passos hesitantes sentou-se na cama. Um turbilhão de pensamentos a respeito de Helena começou a povoar sua cabeça; ele tentava esquecer, pois foi uma decisão somente dela, mas ao mesmo tempo, queria uma razão para o motivo de seu desaparecimento sem explicação; não aquelas poucas palavras escritas num papel amarelo manchado pelo perfume dela (como querendo deixar um pouco dela com ele), dizendo:

” Adeus! Querido Raul, sinto ter levado isso longe demais, preciso ir embora. Não se preocupe nunca mais voltarei.”

Para Raul aquelas palavras num pedaço de papel não faziam sentido algum, não eram as palavras de uma mesma mulher que na noite anterior dizia que o amava mais que tudo e queria estar para sempre ao seu lado.

Continua...

Suane Cruz
Enviado por Suane Cruz em 20/05/2015
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