O DIA D

Hoje era o grande dia. Nem parecia acreditar que depois de tanta espera finalmente iria se casar com seu amor. Ainda na cama, deixou-se espreguiçar bem lentamente, afinal, seu dia seria puxado. Depois de uns dez minutos de pura preguiça, achou melhor levantar e dar início a maratona. Primeiro, passou no banheiro e depois foi direto para a cozinha. Lá estava um café da manhã de princesa, esperando por ela. Marina sabia que devia se alimentar, mas para falar a verdade, não estava com fome. Mesmo assim, forçou-se a comer uma fatia de mamão e tomou uma xícara de café com leite.

Já estava quase terminando seu desjejum quando se deu conta de que não havia visto ninguém e que a casa estava em silêncio. Para onde teriam ido todos? Ao mesmo tempo, queria mais era aproveitar aquele momento a sós consigo mesma, pois provavelmente seria o único do dia.

Quando acabou de colocar a louça na pia e ia começar a lavar a xícara, sua mãe entrou pela porta dos fundos qual um furacão.

- Não, Marina! Não vá estragar as unhas, filha. Deixe isso aí. – disse a mãe.

Marina foi tomar um banho com sais aromáticos. Pôs umas velas coloridas na borda da banheira, e colocou uma música suave para tocar – tudo para relaxar. No fundo este era o ritual que havia imaginado há muito tempo, porém ela estava tranquila. Tudo havia sido feito sem correria e ela pôde se dar ao luxo de passar seus últimos dias de solteira, se encontrando com as amigas, sem pressa e sem culpa.

Após o banho, colocou alguns itens que faltavam em sua mala e a fechou. Verificou os documentos na bolsa de mão. Tudo pronto. Deitou-se de roupão em sua cama e começou a ler uma revista de viagens com várias fotos. Não tinha sido possível ir para as Maldivas como lua de mel, mas ainda assim iria viajar. Ela e Felipe iriam para uma praia na Riviera Maia, no México. Não era um destino tão exclusivo quanto o Oceano Índico, porém o México além de ser bonito não era tão caro assim. De mais a mais, ela realmente acreditava que quem faz o lugar ser especial são os noivos, e mais ninguém.

Durante a manhã seu telefone tocou algumas vezes. Umas amigas ligaram para saber se ela precisava de alguma coisa, outras telefonaram apenas para se certificar de que ela estava bem. Lá pelo meio-dia, trocou umas palavras com seu “gato” como costumava chamá-lo, mas não se demoraram na ligação, pois ele ainda ia ao barbeiro cortar o cabelo e fazer a barba.

Às treze horas, Marina almoçou peito de frango com risoto de funghi e salada de alface e tomate. Ela procurou comer tudo, mas parecia que havia um nó na garganta que não a deixava engolir direito. Sua mãe bem que tentou fazê-la comer um pouquinho mais, mas não houve jeito.

Por volta das duas da tarde, chegou a moça que iria fazer seu cabelo e maquiagem. Marina havia escolhido um penteado com trança. Como pretendia se acabar na pista de dança após a cerimônia, ela achou melhor fazer uma coisa presa para não correr o risco do penteado se desmanchar durante a festa. Aos poucos a cabeleireira começou a dar forma as suas madeixas. Logo depois o fotógrafo chegou para fazer o making of da noiva. Marina não se sentia lá muito a vontade com a presença do rapaz, mas ele era brincalhão e tinha uma ajudante muito simpática. No final, eles ajudaram-na a relaxar. Depois do cabelo, foi a vez da maquiagem. Marina estava um tanto ansiosa para ver o resultado, e mal pôde acreditar no que viu no espelho. Em vez de um rosto um tanto cansado, viu uma noiva linda e feliz.

O terceiro passo foi colocar o vestido de grife. O fotógrafo esperou lá fora enquanto as duas mulheres a ajudavam a se vestir. Quando as duas perguntaram porque sua mãe não estava ali, Marina respondeu que queria surpreender a todos, inclusive aos seus pais. Pediu que sua mãe fosse para a casa da sua madrinha para se arrumar enquanto seu pai só a encontraria, no final da tarde, nos jardins do condomínio para tirar umas fotos. Graça a deus o dia havia amanhecido bonito e o pôr de sol prometia ficar lindo no álbum.

Lá pelas dezessete horas foram feitas as fotos no jardim, e de lá Marina e o pai foram diretos para a casa de festa. Como os noivos não tinham religião definida, optaram por um juiz de paz para oficializar a união. Logo após seria a recepção no mesmo lugar. Assim poupavam tempo e dinheiro.

Ao chegar ao local, Marina deu seu único telefonema do dia. Ligou para Felipe para se assegurar de que ele já havia chegado. Como ele era um tanto atrasado no dia a dia, ela tinha que ter certeza de que ele se encontrava na casa. Ela tinha pavor de chegar e ter que ficar esperando por ele. Como Felipe lhe garantiu que já estava em seu lugar, ela deixou que o pai abrisse a porta do carro e saiu. Uma brisa fresca acariciou seu rosto e ela sentiu um leve aroma de flor de laranjeiras no ar. Marina pegou o buquê, se empertigou toda, e pediu que arrumassem a cauda de seu vestido. Enquanto andava em direção ao altar, um filminho passou em sua cabeça. Até que enfim seu sonho iria se realizar. Seu semblante estava calmo e confiante até ver seu homem com aquele sorriso sedutor, olhando fixamente para ela. Seu coração disparou. Bendita a hora que havia ido à chopada da faculdade quatro anos atrás, pois foi neste dia que Felipe a conheceu, e a beijou de uma maneira como ninguém nunca havia feito antes. Ali, naquele instante, ela soube que ele seria o amor de sua vida. Marina, então, acelerou um pouco o passo e partiu em busca da felicidade.

Beth Rangel
Enviado por Beth Rangel em 05/04/2015
Reeditado em 05/04/2015
Código do texto: T5196265
Classificação de conteúdo: seguro