Café com chocolate

Dançávamos, felizes, à noite. Frio demais. Mesmo assim dançávamos com as meias tocando o chão...

Ela me segurou ambos os braços quando olhei para o lado, distraído, querendo descobrir o nome da música. Sorri ao encontrar o sorriso dela me esperando.

Não havia tempo. Não havia mundo. Era só dança e sorrisos.

Lembro ainda, era Panic! At The Disco que tocava. Havia um piano em ritmo quase de cabaré. A letra falava de algo que não sei bem se era feliz ou triste.

No microondas, longe dali, mas tão infinitamente perto que o ouvia o tempo todo, nossas canecas esquentavam leite para nossos cafés com chocolate.

Tudo era nosso. Tudo éramos nós. A solidão não nos atingia. E teria como? Estávamos blindados um pelo outro... Eu sorri e dancei, daquele jeito agitado e improvisado com o qual ela me convenceu assim que me segurou.

Ela dizia que era para esquentar, como as canecas e o leite, deveríamos esquentar. Não sei se entendo ainda hoje. Sei que quando o sorriso paciente dela se encontrou com meu esforçado sorriso, sorrimos como um só, em toda a diferença. Sobretudo nas nossas diferenças.