Eterno Outubro - Capítulo 2
Capítulo 2 - Tragédia.
- Fernanda Laís - Respondeu a moça ao caixa sorrindo.
O caixa pegou um copo de plástico e escreveu o nome com uma caneta preta:
- Só aguardar ao lado, volte sempre.
Já era rotina ir estudar na cafeteria, esperava o namorado sempre sentada na mesinha ao fundo, sabendo a preferencia dele.
Se deslocou até o balcão adjacente e esperou ser chamada como de costume e pegou seu café.
Antes de se sentar deu uma boa olhada num quadro que se encontrava na parede da cafeteria. "Nunca o vi aqui", pensou.
Uma mistura de bandeiras, da Africa e do Brasil, e os mapas entrelaçados, achou aquilo sensacional.
Se sentou e tirou o livro da universidade de dentro da bolsa e o folheou sem pressa até a página que havia parado, sentindo o aroma do café.
Posicionou os pés da forma mais confortável e se esparramou na cadeira de madeira, um pouco desconfortável, e começou a ler.
O livro falava sobre Alexandre, o Grande. Uma grande figura histórica dona de uma das maiores conquistas que a humanidade presenciou, aos 13 anos já havia conquistado muitos territórios, é responsável por uma "miscigenação" da cultura Grega com outras diversas.
Ela odiava historia, mas continuou a ler.
"14h37" Olhou no relógio de pulso, "Ele já devia estar aqui, deve estar no trânsito" e tornou a ler.
Alexandre morrera jovem, aos 33 anos, quando já havia conquistado toda a Europa, parte da Ásia e da Africa, sua morte marcou uma grande "bagunça" em quem ia ficar no comando, pois ninguém havia decidido isso ainda, dividindo as terras entre seus comandantes.
"14h50" Tornou a olhar, pegou o celular na bolsa e checou, nenhuma ligação, nenhuma mensagem, isso não era do feitio de Thiago.
Resolveu esperar um pouco mais.
Precisava estudar o Período Helenístico por conta da mistura de culturas, e de como Alexandre espalhou a Filosofia e obras gregas pelo mundo, fazia Letras na melhor universidade da cidade, por mérito próprio. Continuou a ler aquilo que não a interessava.
Mas com o tempo foi ficando dificil, conforme os minutos passavam e ela não ouvia o corriqueiro "oi" de Thiago, mais a leitura ia se tornando dificil, até ser impossível prosseguir.
"15h15", pegou o celular e ligou.
Caixa postal, tornou a ligar... Caixa postal novamente, mandou uma mensagem "Onde você está, estou te esperando".
Mas aquilo não foi o suficiente para acalma-la, fechou o livro e decidiu pedir outro café, se levantou e andou apressada até o caixa, que abriu um sorriso para ela.
"Não." pensou, "Não vou ser trouxa de ficar esperando, vou pra casa e ele me encontra lá se quiser". Virou as costas para o caixa, que ficou confuso com a situação, pegou a bolsa e se dirigiu até o estacionamento, pegou a moto e foi embora dali depressa.
Na cabeça mil pensamentos que tentava evitar, ela confiava em Thiago, mas ele nunca havia feito nada parecido, deixa-la esperando tanto tempo sem noticias, sem atender o celular, geralmente ele era o chato perseguidor, ela conseguia entende-lo um pouco agora.
Em questão de minutos já estava em casa, estacionou a moto porém antes de entrar realmente o celular tocou, era o irmão dele:
- Fernanda? - Ouviu uma voz trêmula do outro lado do celular, nunca havia ouvido o irmão de Thiago com essa voz, o coração acelerou. - Você pode vim até aqui na minha casa?
Ela consentiu sem perguntar o porque, as mãos estavam tremendo demasiadamente, subiu novamente na moto e numa tremenda velocidade chegou lá, Júlio, irmão de Thiago estava parado no portão esperando por ela.
Estacionou e antes de tirar o capacete já começou a chorar, ao ver os olhos de Julio repletos de lágrimas:
- Um cara tentou roubar ele, as testemunhas disseram que ele não reagiu, entregou tudo... Mas o bandido... Mesmo assim... - E tornou a chorar desesperado enquanto contava.
Por um instante e pela primeira vez em sua vida, nada passou na mente de Fernanda, suspirou devagar sentindo a garganta apertando, olhou para o céu que estava muito limpo e tornou a encarar Julio, abriu a boca para falar e a fechou sem pronunciar nenhuma palavra.
As pernas estavam fracas, ela sentou ali onde estava e mergulhou em profundo luto, sem derrubar uma unica lagrima.