Laguinho da Faculdade...

Andar a noite pelo paço da faculdade é uma sensação muito agradável, não sei o porquê? Se alguém souber me conte. Ao entrar na faculdade um corredor largo, virando a direita laboratório de prática, à esquerda estão os ossos, cadáveres, etc. Seguindo em frente, uma longa escada que desce ao paço da faculdade; Ao término da escadaria um laguinho com formas arredondadas, feito de concreto todo cimentado, com pedras enfeitando suas margens. Em uma noite de provas, cheguei atrasado, e desci as escadas correndo. Ao passar próximo ao laguinho um tchum... Parei observei, não vi nada. A água estava em movimento espiral. Oque será? Pensei... Um sapo, perereca, rã. Nessas alturas já havia me esquecido da prova. Vou sentar nesse banco de cimento ao lado e irei descobrir o que foi aquilo...Viajei em pensamentos como se estivesse saindo de mim. Havia uma abertura abaixo, no fundo do laguinho! Foi quando avistei uma linda moça, cabelos em formas de caracóis, olhos verdes claros, cor que refletia a água do mar em dia ensolarado, pele de seda dedos finos com mãos delicadas. Cantava uma música não identificada pelos meus ouvidos. Sem sombra de dúvidas, uma princesa. Como se fosse um sonho passei a ver sua história. Seus pais eram adotivos, sem que ela soubesse. O tratavam de forma rígida sem que pudesse fazer escolhas em sua vida. A ordem de seu pai era: você vai fazer faculdade de direito, para ajudar nos negócios da família. Mesmo contrariada fazia os gostos de seu pai. Seu desejo era ser enfermeira, não podia nem expressar seus sonhos, a seus pais. Desejos estes, de cuidar dos necessitados e doentes... Angel, como se chamava fazia jus ao seu nome.Todos na faculdade o adoravam, era um ser sem igual um anjo em forma de menina. Impossível era não gostar de tão grande coração. Foi então que surgiu na cena: Antônio, moço de personalidade forte filho do melhor amigo de seus pais. Amizades de negócios. Naquele tempo os pais arranjavam o casamento, prometiam suas filhas, e pagavam um dote. Angel delicada como uma fada, foi prometida a casar-se com Antônio. Antônio seu colega de classe era encantado por tamanha beleza! Angel, nem sonhava que havia sido prometida a casar-se com Antônio, por interesses aos negócios familiares. Tudo um dia se descobre, como uma vestimenta que tiramos para lavar. Angel escutou seus pais falando sobre seu casamento. Ficou desesperada, correu para a faculdade sentou-se ao lado do laguinho. Olhou para os céus em forma de suplica, e avistou uma noite sem igual. A lua estava enorme, parecia uma vitória regia acesa com lâmpadas de mercúrio. Milhões de estrelas iluminando e piscando em uma estampa azul escuro. A um piscar de olhos, uma estrela cadente cruzou iluminando os céus. Sem demora fez um pedido... Minha fada madrinha: Se for para não ser enfermeira, e casar com quem não amo, quero ficar invisível aos olhos de quem não tem um coração puro e verdadeiro. Nesse momento um clarão muito forte, como se fosse um relâmpago me ofuscou a visão, por um instante tudo escureceu. Meu coração disparou em taquicardia, fiquei estático observando! Aquele anjo, com um vestido longo e branco, foi se transformando em um lindo sapinho, que olhou para os meus olhos, meu coração ainda a mil, parecia que queria me dizer alguma coisa. Então fiz um movimento com a cabeça, e ouvi um tchum... Ondas em forma de espiral chegaram à margem do laguinho. Desde então toda noite chego mais cedo para contemplar aquele local mágico! As estrelas, a lua refletindo no laguinho, portal para outro mundo. O sapinho, ou melhor, a sapinha, princesa dos sonhos de muitos príncipes, esta bem ali à beira do laguinho. Criatura feia aos olhos de muitos, aos que tem um coração puro conseguem enxergar sua verdadeira identidade. Princesa, que aguarda o beijo de seu príncipe encantado! Em noites de lua cheia com céus estrelados, sento naquele banco para observar, sei que ela está lá refletindo em seus olhos a noite de um luar.