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CARTAS DE AMOR = EC
 
   A chuva  desabou de repente no momento em que Keila recebia a carta da mão do carteiro.
  
   Ansiosa, não pudera esperar que ele a colocasse na caixa de coleta, foi ao seu encontro assim que o avistou caminhando na calçada com sua carta na mão.


   Há algum tempo estava intrigada com as cartas que vinha recebendo assinadas por um tal Bruno Miranda que ela não tinha a mínima ideia de quem fosse. Ele pedia para que ela respondesse, mas não dava seu endereço. Dizia simplesmente para mandar as cartas para a Posta Restante.

   Ela não respondeu, mas estava cada vez mais curiosa em conhecer quem lhe mandava aquelas cartas de amor. Bem escritas, letra firme e regular de pessoa acostumada a escrever a mão o que não é comum nesta nossa era de computadores e redes sociais.

   Keila escorregou no piso molhado e o carteiro instintivamente a segurou.

   Por um momento os dois fitaram-se e Keila convidou:

   — Vamos entrar um pouco até a chuva passar.

   Rubio, o carteiro, aceitou o convite de Keila e os dois entraram juntos no terraço.

  Era a oportunidade que Keila esperava. Rubio trabalhava no Correio, conhecia muita gente, talvez pudesse ajudá-la a descobrir quem era esse Bruno Miranda.

   O carteiro prometeu ajudá-la no que fosse possível.

  O rapaz era muito simpático e os dois bateram um papo agradável até que a chuva passou e ele se foi.


   As cartas continuaram a chegar,  apaixonadas, poéticas, cheias de encantamento e Keila, cada vez mais curiosa, não conseguia achar um jeito de descobrir quem era o seu misterioso fã.

    Se fosse apenas uma brincadeira ele não se estenderia por tanto tempo.


   Rubio e Keila tornaram-se amigos e cúmplices. Ela falava com entusiasmo das cartas e ele dizia que estava tentando descobrir o remetente. Aconselhava-a a responder, afinal o que ela tinha a perder?

   Embora tentada, Keila não tinha coragem. Se fosse alguém realmente interessado por que se limitaria a escrever cartas anônimas? Por que não a procuraria pessoalmente? Se fosse só uma brincadeira, que graça ele poderia estar achando se ela não respondia suas cartas?


   Eram muitas perguntas sem resposta e Keila estava cada vez mais intrigada.

  Até que um dia  outro carteiro veio entregar a correspondência. Era um senhor de meia idade, muito sério e Keila não teve coragem de perguntar pelo Rúbio.


   Imaginou que ele estivesse de férias, ficou meio sentida por ele não ter contado que ia afastar-se, mas passou mais de um mês e ele não voltou. Teria ido para outro setor? 

   Resolveu ir até o Correio para saber dele.

   A pretexto de pedir uma informação dirigiu-se ao guichê onde não havia fila e entabulou conversa com a funcionária que, prontamente contou o que ela queria saber.

   — O Rúbio?  Coitado! Está afastado por motivo de saúde.
  
   — Nossa! O que aconteceu com ele? Parecia tão saudável1

  
   — Insanidade mental!


    —Insanidade mental?!

   Ele era meio esquisito, mas agora pirou de vez. Imagine que escreveu uma carta anônima para uma moça, marcou o encontro e tentou estuprá-la. Foi preso, mas, constatada sua enfermidade foi recolhido a um sanatório.

   Keila não podia acreditar no que estava ouvindo.

   E a moça continuou:

   —A gente sabia que ele escrevia cartas anônimas para várias moças. Ele escrevia muito bem. Publicou até um livro de poesias...


   Keila não quis ouvir mais nada. Agradeceu, despediu-se e foi embora.

   — Quem diria!

 
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Este texto faz parte do Exercício Criativo -
Cartas de Amor
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Maith
Enviado por Maith em 25/11/2013
Reeditado em 25/11/2013
Código do texto: T4585795
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