A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM

Marcos parou diante do espelho, pensou mais uma vez como faria naquela noite, na décima vez que penteou os cabelos se deu conta de que estava perfeito o penteado, olhou para a roupa, estava impecável, bafejou nas mãos em concha, o hálito estava fresco; Não sabia muito bem porque, mas se sentia inseguro, depois de tantas mulheres que se deitara, aquele encontro o deixava nervoso. Mônica lhe despertava sentimentos que jamais experimentara. Lembrou do dia em que a conhecera e também de ter percebido o quanto ela era diferente.

Nos encontros que se seguiram, conheceu uma mulher romântica e sonhadora, gentil e educada, meiga e carinhosa, mas também notou que se tratava de uma mulher forte e que sabia o que queria, o encantamento foi inevitável, aquela mulher era a raridade que tinha certeza que jamais encontraria.

Apesar de se mostrar esperançosa com aquele inicio de namoro, não foi difícil notar que ela se resguardava, mulheres assim nunca escapavam de crápulas que recebem um coração inteiro e viçoso, e abandonam um coração despedaçado e cansado de sofrimento.

Depois de muitos encontros sem que ela falasse de suas decepções, ele a conhecia como jamais conheceu todas as outras mulheres que se deitou, amou o primeiro beijo sem e queimou sem igual com o primeiro abraço e sonhou com a primeira noite de amor. Sem saber porque, resignou-se a esperar o tempo de Mônica, decidiu que a respeitaria, pela primeira vez portou-se como um gentleman.

Mônica jamais havia se lamentado por seus relacionamentos desastrosos esperançosa e cuidadosa, ela se deixou por Marcos, aquela noite ele esperava que mais um passo fosse dado para terem mais intimidade entre eles, se sentiu gelar por dentro, pela primeira vez não sabia o que fazer, não sabia o que dizer, pela primeira vez não pensava em levar uma mulher para cama por levar, foi então, que em um estalo fez a mais importante descoberta de sua vida, "Eu a amo" pensou consigo, seu interior tremeu.

No restaurante falaram futilidades, se encantava a cada sorriso dela, depois de jantarem ele a levou ao terraço de um arranha-céu no centro da cidade, a noite estava maravilhosa e a lua completava a beleza da cidade no escuro iluminada pelas luzes das casas e dos postes das ruas, se assustaram ao perceberem o avançado das horas, já era madrugada, perceberam que tinham ainda muitos assuntos que não acabariam com o nascer do dia, então se compadeceu ao imaginar que ela estaria cansada, a convidou para levá-la em casa.

Marcos desceu do carro, deu a volta, abriu a porta, pegou suavemente em suas mãos e fê-la descer, não a beijou como de costume, deu um beijo suave na mão, despediu-se, ela então tocou-lhe o rosto, e convidou-o a entrar. Mudo ele a acompanhou até o quarto, ela foi o banheiro e logo depois voltou com um baby-dol de seda, não havia roupa intima por baixo, ele entendeu que na verdade ela quem respeitou o seu tempo.

Depois de um fim de noite de amor, Marcos a olhava ternamente, as lágrimas rolavam por seu rosto, jamais tivera tanto carinho, jamais uma mulher tivera tanto cuidado em se entregar sem o responsabilizar, confiar nessa entrega e esperar o que o instinto lhe fizesse decidir e fazer o que poderia ser o melhor; O prazer nunca fora tão insignificante para ele como fora aquela noite, ele a viu ter prazer, a viu se entregar e a viu receber o receber universalmente.

Não se conteve emocionado, a voz quase não saia, mas esforçando-se, pode balbuciar ao seu ouvido. - Obrigado amor, hoje você me deu, a primeira noite de um homem!

Renato Cajarana
Enviado por Renato Cajarana em 08/09/2013
Reeditado em 06/11/2018
Código do texto: T4473165
Classificação de conteúdo: seguro