Vinte e três

Saíu da água. O tempo não se conforma em ter uma caracteristica. Estou só na imensidão desse lago. A água bate e volta. às vezes decide ficar entre as minhas coxas. Ouço barulho quando tento subir a parte mais alta, onde a água não pode tocar. O ventro frio vem soprar pelas minhas costas. Estou semi-nú. Estou munido de dores musculares. Volto para à água. Os sons se vão pelas árvores. Nado até quando não sinto mais meus braços. Começa a chover. As núvens estão assustadas. Mergulho mais fundo, e vou até uma rocha no fundo do lago. Lá me seguro. Tento me equilibrar enquanto a correntenza me puxa. Nado por vinte horas. Outras três mais me sento com a perna totalmente coberto pela água, até que alguém me empurra para dentro do lago. Essa raiva é feróz. Ela me cativa, me dá de comer do seu corpo. E de beber, toda a água do lago. Não me deixa sair em outra existência.

A água se acalma. Volto para a superfície onde posso quase avistar o pacífico. De longe o céu azul se transforma em rajadas alaranjadas. Estou longe de onde queria estar. A água aqui tem uma aparencia mais escura. Começo a não sentir minhas pernas. Minhas mãos se enrugam. Nado direção contrária ao pacífico. Não há mais fúria que controle o meu desejo. Nado com cada vez mais força porque posso te alcançar na margem. Não sinto minhas pernas, mas sei que estão em algum lugar a baixo de mim. Nado como se fosse a única coisa que poderia fazer nesse momento. Meu corpo está congelando. De longe posso ver a margem. Ela está vinte horas de mim. Paro. Olho para trás. Há três horas tudo o que tenho feito é manifestar algum tipo de raiva. Algo que pudesse me dizer o que fazer com ese tempo perdido. Começo a dominar minhas vontades. E lá está você correndo para me encontrar nesse tempo de dor. Está vestindo seu vestido azul. Ele te cobre com amor. Te oferece poderes de dominação. Encontro em você algo como uma felicidade. Não mais fúria. Não mais ódio. Não há mais o que fazer. Nado. Você de longe para. Sorri como se indicasse o ponto onde eu deveria parar. Defino isso como uma maldita regra. Acostumo-me a fazer definições sobre como tudo poderia ter sido. Essa é a hipótese em que uma única conduta aparenta representa vários crimes. Estou perto. Aproxímo-me das doze horas. Quanto mais perto estou, menos aparente você fica. Torno-me confuso por solidão. Algo guarda um alto risco. Não compreendo esse significado. Onze horas estarão longe de qualquer aparência distânte. Crio alguma coletividade com a água. Você de longe se torna menos azul. Porém tenho certeza de que está lá. Nado sem olhar para os lado. Algum sentimento me acompanha. Quando me sinto cansado, mergulho de encontro a pedra. Algo fará diferença. Volto para a superfície. Estou mais perto. Você se aproxíma do lago. No céu, toma um lugar uma cor púrpura. Você sorrindo me estende a mão. Saíu da água, mas não te vejo.

Yuri Santos
Enviado por Yuri Santos em 15/03/2013
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