Louco Amor

No primeiro sábado da primavera, ao cair da noite ele tocou a campainha no apartamento da namorada. A noite prometia ser bem animada.

Ele trazia nas mãos um enorme buquê de flores com as cores da primavera, e no bolso um lindo anel para pedi-la em casamento.

Esperou alguns minutos até a porta abrir. Ela apareceu e fez um sinal convidando-o a entrar. Ela estava mais linda do que de costume e usava um vestido vermelho de tirar o fôlego.

Aparentando certa surpresa, disse estar de saída já que nada tinha combinado com ele.

Sem graça, ele exclamou o desejo de fazer-lhe uma surpresa, e perguntou se poderiam sair juntos.

Prontamente ela se desculpou e disse ter outro compromisso e que marcaria com ele outro dia.

Aborrecido e muito decepcionado, com pensamentos agitados, saiu dali imediatamente e começou a andar. Foi a lugares incertos, até não mais restar animo e forças. Não lhe sobrou coragem sequer para voltar a sua casa.

Sua vida foi declinando, e a cada dia, ficava mais infeliz. Perdeu emprego, amigos e a alegria de viver, e mergulhou completamente nas trevas. A droga parecia a única saída. A família mergulhou num mar de desgosto, não mais sabendo como ajudar aquela pessoa querida, que no passado só trazia alegrias.

O tempo passava e mais difícil ficava para a família que assistia às cenas diárias, e eram verdadeiros desafios, com sua perda completa da razão.

Colocaram-no em casas de recuperação por diversas vezes, mas de nada adiantava. Em casa, vendia tudo que encontrava até mesmo os alimentos, e praticamente se alimentava com as malditas drogas

A quantidade de drogas usada, cada vez mais aumentava, ficando ele insaciável, e sempre querendo mais, até que enlouqueceu!

Enfraquecida, não restou alternativa para a família, que teve de interná-lo em uma clínica especializada.

O contato com outras pessoas começou a fazer um efeito bem positivo, dando-lhe mais serenidade.

Uma feliz surpresa por ele aguardava. Encontrava-se ali uma moça, necessitando de tratamentos psicológicos urgentes e que demonstrara grande afeição por ele, e com reciprocidade. Conversavam contando seus casos e muitas histórias. Ele curioso, queria saber do seu gosto pela cor vermelha, pois estava sempre trajando tal cor.

Ele como se revivesse o passado, em algum lugar escondido na memória, permaneceu a lembrança do anel. Sua mãe conseguira mantê-lo escondido por todo o tempo, até que ele o pediu de volta, pois queria dá-lo àquela amável moça.

Ele recordava nela uma boa sensação sentimental. Tinha lembranças de certos dias que vivera feliz.

Um pouco de razão há de ter, por mais louco que seja o amor, e a senhora loucura tratou de unir esses dois alucinados corações.