Personalidade Esquizóide

Projeção;

- Eu sei que ele é homem. E todos os homens tendem a vontadades. Mas a forma como ele disse... Transformou a situação... Não justifica a nossa amizade.

Então eu transformo todos os meus fantasmas em expectativas. "Além/No futuro". São palavras que se tornam inevitáveis, e então eu permaneço restrito. Nada que cultive algo fora de mim. Mas eu me baseio em musicas de Birdengine, e converto todas as minhas vontades em outros homens. Embora eu pareça estar perdido... Então eu permaneço deitado. Alguém fora de mim controla todos esses desejos. Manipulando seu limbo, ele diz: "Isso é tudo. Eu permaneço no arrependimento". Ele se afasta da sua própria vontade. E eu permaneço como um vicio.

Agora ele se sente só. Ele está só no café mais próximo. Porém ainda está longe de mim. Meu corpo está cansado, e eu permaneço deitado cultivando todo o ódio do mundo. Ele deve estar me esperando por horas, e eu aqui. Penso que não há nada fora desse lugar. Todas as paredes possuem a mesma cor. Logo ele resiste no meu pensamento. Estou fora de controle, então devo dormir mais cedo nessa noite. Amanhã ele estará do lado de fora da perua empilhando caixas. E eu... Eu vou passar por ele com um saco cheio de pêssegos, e o tempo vai parar. Não há como evitar. Não vou encontrar com seus olhos, com sua pele, com os seus cabelos que sobre-caem os olhos. Ele dirá que nunca mais pode me ver, que nunca voltará a amar outra pessoa. Seu amor dura segundos. Eu me reservo no fundo da sala. O entardecer vem chamando todas as notas que Birdengine toca, e alguém dirá pelo lado de fora da janela que nunca mais voltará. Na manhã seguinte será Domingo. Vou acordar com a cor clara da manhã tomando lugar na minha mente escura. Vou tomar todo o meu folego, e vou colocar os pés no chão. Não vai mais haver motivos para escovar os dentes, preparar uma mesa com todas as frutas compradas na feira, ou correr até o tablado que você sempre esteve trabalhando. Eu sempre soube que amaria colocar meus pés na água fria procurando uma fuga da insolação.

Eu te tentaria com desejos, enquanto meus pés brincavam com a água. Você me salvaria das piranhas, e eu com todo agrado do mundo, retribuiria o favor com morangos recêm colhidos. Lá fora estariam seus pais para o almoço de domingo. Seu pai, aquele velho sacana te tomaria pelos braços e vocês se comprimentariam com grande fidelidade. Sua mãe desceria do carro com uma grande cesta de especiárias, com a intensão de temperar o grande peixe que você pescou durante a noite.

Estou lembrando do dia em que estive a primeira vez no Rio Grande. Você decidiu que iriamos quase atravessar o rio e chegar em São Paulo. Não tinha sinal nas linhas telefonicas. Seus pais dormiam dentro da casa, e eu te perturbei para que você vestisse o colete. Então, você quase perdeu a paciência comigo quando começamos a remar. Eu fazia a canoa dar voltas em torno de si mesma, e a correnteza nos levava. Quando quase alcansávamos a margem, você se jogou para fora do barco. Eu fiz o mesmo, e quase ficamos preso por uma hora. Eu ria de desespero, porque já não viamos mais o rancho. Finalmente eu consegui voltar para dentro da canoa. E você ficou repousando sobre a água, porque não poderia demonstrar seu desespero para alguém que nunca tinha visto você ter um.

Nos amamos tanto dentro das nossas histórias. Eu não existo fora da vontade de te amar, porque eu justifiquei tantas tentativas de abortar você.

Então eu me recolho para um lugar que você nunca estará. Além de todas as nossas vontades. Eu me transfiro para longe desse rio, dessa casa, desses desejos. Não há paz fora daqui.

Reencontrei Diego. Ele tentava conquistar todas as justificativas. Chegou até mesmo a cogitar uma possibilidades de ficarmos juntos. Você pode imaginar como foi minha reação. Eu apenas sorri ternamente. Nunca mais vou ter que pensar no que aconteceu. Nunca mais vou ter que encontrar justificativas, ou encontrar alguém que te odeie. Nunca mais você existirá dentro de qualquer vontade. Porque eu tenho uma nova estratégia. Nunca mais...

Yuri Santos
Enviado por Yuri Santos em 22/10/2012
Reeditado em 15/03/2013
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