O CONHECIDO

Ela me conta que teve um encontro. Há anos não ouvia dela sequer um ensaio de um novo amor. Digo “que bom, e aí?” Ela diz que foi um afago numa tarde sem graça de domingo. Estava na dúvida se ia, se não ia. Pensou em me ligar e quando deu por si já estava diante dele numa esquina pouco movimentada.

Havia sol, brisa e música na paisagem e um tanto de euforia nos personagens. Ela diz que foi tudo muito rápido. O suficiente para perceber o olhar disperso do moço, a ansiedade de terminar logo aquilo e resolver a situação. Ele estava a um passo, ela prestes a dar meia volta e continuar o que estava fazendo.

Pergunto por que fugiu. Com o olhar já consolado me revela que naquela tarde o destino insistia em lhe apresentar o velho conhecido, a página virada que não pretende mais tornar a viver. Se ela se arrependeu? Jamais vou saber.