Ao Acordar

Ao acordar, talvez eu decidisse voltar.

Encontrei nesse suporte uma resposta amiga. Quase sem fôlego para todas as respostas impostas por você. Não vejo agora, fora de todo esse esquema de dor e amor, como poderíamos ser mais sensíveis. De outro modo, aliás, do mesmo, o tempo passa novamente. Não adiantaria pular outros estágios se não os fosse premeditado. Um amigo seu - ou como você diria, meu - não suportaria nos ver sóis. Você sem mim, e mais insuportavelmente, eu sem você.

Começo a pensar em que estágio seriamos felizes. Começo a pensar, também na infelicidade das pessoas, ou o modo como troça de mim. Não é questionável, porque não há divisões de peles tão sensíveis como essa nossa. Mas talvez adiantasse intervir em toda necessidade esquematizada por um só odor, o de ódio. Porque eu não seria capaz de prever o quanto você me odeia nesse momento. Enquanto tomo chá posso imaginar por toda essa vista que você se encontra como um prisioneiro, e me culpa por isso. Mas agora, também, eu seria incapaz de te culpar por algumas coisas. Toda essa aprendizagem para princesas me força a perceber que eu fui mais capaz de te amar do que a mim mesmo. Fora todas as expectativas de que eu poderia estar só, agora não valeram, até então, como um mal. Eu tenho uma mão amiga.

Enquanto Fredéric é forçado por si mesmo a dizer agora que te ama, eu sou obrigado a dizer frente a sua face que não o amo mais, por sua felicidade. Agora estou só, mas como se não estivese. Essa solidão da manhã, do acordar não é como não suportar viver, mas é como escolher sobre um novo caminho. Enquanto eu caminhava sobre a rua de tijolos amarelos, eu recomendava o mundo a amar você, porque não há melhor compreendimento do amor do que te amar. Não posso te odiar, mas posso odiar a mim mesmo, porque tantas vezes me foi difícil falar sobre amor, falar o quanto é se apaixonar e ser recíproco nisso. É fora de serem como alguns costumam dizer. Diferentemente do que eu esperava o Domingo é indolor. Essa massa cinzenta é indolor. E agora, o ar é suportável, porque eu aprendi sobre amar.

O ódio:

Suportar a desilusão, como poucos sabem é tarefa do ser existencialista. Escrever sobre solidão é um fardo carregador, cheio de auto-piedade. É como formigas mastigadas que se encontram com a saliva. É como enfiar alfinetes nas unhas dos pés. É de uma forma quase admirável . É como um brinquedo dão a uma criança que tanto o almeja, e que enquanto a criança acostumasse com a idéia de tê-lo, assim lhe é tirado o brinquedo por quase punição. Já mais poderá lhe ser devolvido esse brinquedo, porque perderá o gosto. A criança não se apegará novamente por medo de que lhe seja tomado. Muitas das vezes assimilei a minha infância como uma idéia de brinquedo perdido. E lá pude estar em confronto comigo mesmo em plena noite de verão. Pude rever quantas vezes sonhei em como me deitar por delicadeza sobre a sacada e desejar todos os corpos que me eram favoráveis, mas eu temia o ódio, o deixava tomar conta de mim. Sobre tudo que me é tirado, eu dedicava ao ódio, a sede de tê-lo, e como ele poderia ser favorável as minhas obsessões. Uma vez quando fui ao interior do leste brasileiro, eu pude ser tocado por todas as espécies de mosquitos que se alimentavam de mim, e nesse mesmo dia eu aprendi que não podemos nos defender apenas do que sentimos. Tudo o que vemos se torna parte de um produto aleatório de nossas mentes.

Pude te julgar pelo ódio muitas vezes, mas agora sem meados de sugestões eu lhe apresentei o desamor, porque todas as vezes que lhe disse “eu te amo, Daniel.” Eu tentava aprender querer te dizer obrigatoriamente que não te amava. Que te amei um dia e agora tudo se transformou em cinzas. Que como poderia eu viver na expectativas de te querer sem limites. Que todas as suas vontades eram feitas que quase por obrigação. Que eu quebrava cada dia o meu desejo de você. Que no jantar bastava eu pensar em te amar e tinha um mal súbito. Que a cólera se tornou minha amiga intima desde quando te conheci e o tornei parte de minha vida.

Mas agora você se apresenta como uma assombração, sem amor, quase pálido e sem vida entre esses seus olhos azuis. Porque qualquer pessoa poderia tomar todo o seu tempo e você admiraria machucá-la ao mesmo tempo em que amá-la.

Embora eu estivesse aqui exercendo esse papel.

Yuri Santos
Enviado por Yuri Santos em 30/03/2012
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