Não havia nuvens naquele dia

Não havia nuvens naquele dia, nem sol. O que existia era uma névoa, um sinal de que tudo seria diferente.

Te conheci numa manhã de agosto, num dia como outro qualquer. Não falei com você, não tinha por que. Naquele tempo, eu não sabia, não tinha como adivinhar o que você seria para mim.

Lembro que depois de semanas decidi falar com você, mais por tédio do que curiosidade. Você era esquisito – não que agora eu te ache mais normal – mas seu jeito carismático e bem-humorado me cativou. Começamos a conversar muito e até a atrapalhar algumas aulas.

O seu tempo lá acabou e você foi embora. Confesso que não senti falta, foi para mim uma passagem qualquer, com data de validade. Uma passagem divertida, que animou um pouco mais o dia, porém, note: um pouco mais. Você não era central em minha vida.

Mas, para o destino, meu caro, nada havia acabado. Foi assim que você voltou numa noite de dezembro e voltamos a conversar, um pouco mais a cada dia e uma estranha saudade tomou conta de nós. Sentíamos tão confortáveis um com o outro, tanta animação em implicar e debater assuntos bobos. Um dia inteiro, para nós, passava como um segundo.

E numa tarde de agosto, você quis ir embora. Eu relutei. Por fim, abri mão de você. Fiz isso porque atrás de toda a nossa felicidade, escutava os sinos do final. Eles soavam, quando pensava em você, badalam alto para não me fazer esquecer que tudo tem o seu fim e que o nosso estava cada vez mais perto.

Só que, hoje, o dia nasceu sem nuvens, sem sol e no meio da névoa, avistei você e os sinos pararam.

Leticia P
Enviado por Leticia P em 15/11/2011
Reeditado em 03/10/2016
Código do texto: T3337478
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