O Amor de um Pai pela Filha - A violência dos atos sobre o olhar da Compaixão. ¨Enquanto tiveres um desejo, terás uma razão para viver. ¨

Enquanto tiveres um desejo, terás uma razão para viver.

-Não sei por que o tempo passou. Às vezes parece que estou no mesmo lugar que outrora fugir. É diferente toda essa questão de mundo. O que seria o mundo a não ser uma grande e vasta bola cheia de piolhos chamados humanos. Os meus livros têm sido meus melhores amigos e isso já é suficiente para eu se tornar mais gentil comigo mesmo. Compreende?- Disse Lucio.

-Não se sinta mal. Hoje é seu ultimo dia aqui nesse cárcere, nessa prisão infernal. Eu nem mesmo lembro mais o crime que cometi assim como não lembro se realmente as flores brotam simplesmente para colocar ciúme na mulher ou por milagre de Deus. Se é que existe Deus. – Leo respondeu- Seu comentário naquele momento refletiu sobre os dois a tamanha solidão que Eles estavam aprisionados. Havia passado alguns invernos presos por crimes justificado pela fome e necessidade. A justiça nunca foi justa e como querer do cidadão justiça absoluta. Lucio outra vez refletiu sobre o que Platão disse ¨ O juiz não é nomeado para fazer favores com a justiça, mas para julgar segundo as leis.¨ No caso dele não poderia culpar o Juízo que foi julgado ao contrario ao pensamento Leo sempre falava ¨ nossa justiça só se faz necessária quando as leis morais são atingidas, roubar para não passar fome não chega a ser crime é mas um meio de sobrevivência diante da desigualdade.¨

- Vamos dormir Leo amanha é um novo dia para mim.

- Certo. Eu ao contrario terei que ficar aqui por mais uns seis meses. - Disse Leo.

Ao amanhecer Lucio se despediu de seus amigos carcereiros. Depois de todos os tramite legais em fim estava livre. A liberdade para ele se tornava motivo de medo. O mundo nunca pareceu tão perigoso como naquele momento. O medo de voltar à vida que tinha de ser atraído ao obscuro da solidão. Ele sempre acostumou arrumar os cabelos e nunca o coração e devido a tal costume seus olhos tremiam de angustia de liberdade. As palavras amigas da bíblia foram como o mel dando ânimo e esperança. Qual o primeiro passo para construir uma vida? Essa foi a grande questão que Lucio se perturbava. O silencio insondável tocava uma valsa no seu espírito ao passar dos dias e depois de algum tempo conseguiu um emprego. Não era o emprego dos sonhos deles mais dava para sustentá-lo. Os dias de Leo não pareciam tão sombrios. Seus únicos pânicos eram quando os seus sonhos transformavam em pesadelos que se lembrava de época onde serviu os corredores perversos da rua. Os anos se passaram e Lucio já não tinha a aparência de um homem sofrido e mal humorado como antes. Um dia viu a foto de seu antigo amigo de prisão Leo deitado sobre a calçada no jornal com a seguinte frase: ¨ Rapaz tenta ser esperto e acaba sendo esfaqueado pelos seus cúmplices em um assalto ao banco.¨Lucio se transformara em Gerente do Restaurante. Sua posição clara de homem honesto permitiu tal promoção, suas fotos espalhada pelas paredes de arte opaca do restaurante era reconhecido por todos por ser destaque entre os funcionários. Lucio conheceu Renata que se apaixonou perdidamente. Renata era uma mulher esbelta de olhos verdes e pele macia e branca com busto bem aparentado seus cabelos negros e longos sempre perfumados era uma armadilha para qualquer homem com consciência masculina. Renata era uma garçonete que agradava a todos. Renata era uma mulher experiente que sempre colocava as palavras certas nos traçados carentes. Lucio com toda sua educação conseguiu a admiração de Renata e logo se ajuntaram e casaram. Uma paixão louca mais de paciência divina. Apaixonaram-se perdidamente que nem mesmo o amor de conto de fadas eram mais lindo do que os dos dois. Lucio teve seu primeiro filho Douglas e se tornou pai de Bia filha de Renata do seu antigo relacionamento. Lucio amava Bia assim como amava Douglas. A felicidade era inevitável uma vida não planejada na adolescência mais construída na juventude era o reflexo que as mudanças são para quem sonha, a desistência é atitude de fracos e por isso os fortes se aproveitam dessa covardia. Ao passar dos anos Lucio e Renata construíram uma vida exemplar. Bia ainda garotinha costumava sempre pedi a seu Pai que recitasse um velho texto poético de Florbela Espanca:

Eu trago-te nas mãos o esquecimento

Das horas más que tens vivido, Amor!

E para as tuas chagas o ungüento

Com que sarei a minha própria dor.

Os meus gestos são ondas de Sorrento...

Trago no nome as letras duma flor...

Foi dos meus olhos garços que um pintor

Tirou a luz para pintar o vento...

Dou-te o que tenho: o astro que dormita,

O manto dos crepúsculos da tarde,

O sol que é de oiro, a onda que palpita.

Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez!

Eu sou Aquela de quem tens saudade,

A princesa de conto: "Era uma vez..."

Os anos se passaram e Bia e Douglas se tornaram Jovens de beleza desejada. Douglas entrou na Universidade no curso de mecatrônica alem de ter passado em um concurso publico o que deixou orgulhoso Lucio e Renata. Orgulho esse que seus pais faziam questão de dizer a todos seus amigos e familiares. A vida de Bia causava muita dor de cabeça a Lucio que por varias vezes buscou-a nos bares. Renata gastou todo seu dinheiro em terapeutas para tentar controla os impulsos insanos da sua filha o que não adiantou. Passaram-se algum tempo e Lucio descobriu que Renata estava com Câncer o que feriu muito sua fé e alma. Douglas obteve através de seus amigos políticos um bom Hospital para sua Mãe e conseguia compra os remédios necessários. Bia não demonstrava muito sentimento, mas constantemente ia ao hospital visitar sua mãe e recita aquele velho poema de Florbela Espanca que sua mãe adorava ouvir dela. Lucio tomava remédio controlado para aquentar toda aquela enfermidade. O cenário era uma valsa melancólica na vida de Lucio a sua esperança era pouca. O câncer era incurável e os tratamentos não iam muito bem. Douglas tentava animar seu pai o que não tinha sucesso com sua proposta. Depois de seis meses Renata morreu. O funeral foi grandioso digno de uma grande mulher. Lucio não era o mesmo homem os cravos da dor pela perda de sua mulher eram visíveis a todos. Uma frase sempre vinha a sua mente: ¨ Se tu morte vem e é inevitável te vencer por que não levaste minha dor também para que eu não me sinta culpado. ¨ Os anos se passaram e Lucio já tinha uma aparência mais animadora. Bia não mudou em nada era uma ateia e desbocada mulher mediana. Suas atitudes eram sempre impulsivas. Uma das suas loucuras foi ter sido encontrada com ejaculada e drogada com um rapaz na igreja. Depois disso Lucio não aquentou mais. Não queria a expulsar de casa, então resolveu interná-la em uma clinica de reabilitação. Douglas foi trabalhar no exterior abandonou a vida publica para seguir carreira nas empresas privadas o que rendeu grande sucesso. Lucio dava duro trabalhava no restaurante e fazia bico sempre quando tinha tempo. Ocupava seu tempo para que a sua mente se ocupasse de ocupar sua mente. Em uma tarde ele recebeu uma noticia que sua filha tinha fugido. Logo acionou a policia que não teve sucesso na busca. Encontrar ela era como achar uma formiga no oceano. Dois anos se passaram e Douglas voltou ao Brasil. Lucio não trabalhava mais se aposentou seu filho era seu único companheiro. Os dois ainda tinham esperança de encontrar Bia. Aos poucos Lucio foi perdendo a memória devido uma doença. Douglas tinha que segurar a barra sozinho. Lucio se lembrava de algumas coisas outras não o que ele nunca esqueceu foi de suas duas grandes mulheres Renata e Bia. Douglas levou seu pai para passear numa tarde de outono. Renato não tinha muita força para falar estava com dificuldade por uma enfermidade em sua boca, contudo ainda tinha força para desejar ver o sol e a natureza o qual foi o motivo de Douglas levar ele para um passeio. O local foi no bosque que ficava no centro da cidade. Douglas deixou seu pai no banco enquanto comprava alguns grãos de milho para jogar aos pássaros. Era uma manha de sábado com o sol esplendoroso e os cantarolar dos pássaros vivo como nunca antes. Parecia que nada estragaria aquele momento. De repente.

- Vamos passe tudo que tem. - Disse a assaltante.

O velho Lucio estava sendo vitima de um assalto. Estava indefeso quando virou a cabeça para ver o assaltante Lucio logo reconheceu quem estava praticando aquela ação era sua filha. Ele não podia fala. Ela não o reconheceu era seu próprio pai e insistia, insistia no assalto. Que loucura tudo isso.

-Vamos passe tudo. Vamos logo.

Lucio apenas sussurrava não podia falar sua enfermidade não permitia. Bia se aproximou mais e sacudiu invadindo o bolso de Lucio. Lucio estava Feliz e não se importou com as ações do assalto e a abraçou segurando ela fortemente. Ela tentava fugir, mas a força do abraço de Lucio não a permitia escapar. Então se vendo ameaçada sem entender tudo aquilo em um impulso pegou seu canivete e lançou no corpo de seu pai o qual ela não reconhecia. Mesmo com o furo em seu corpo Lucio continuava sorrido para ela. Era uma reação totalmente diferente que Bia via. Ela de algum modo se perturbou lembrara-se daquele sorriso maroto. Aos poucos os olhos de Lucio foram se fechando, contudo o sorriso continuava. A força dos braços de Lucio foi diminuindo e ela conseguiu se saltar. Olhou para trás e viu Douglas. Ela reconheceu seu irmão. E seu irmão também a reconheceu. Foi quando percebeu o que tinha feito. Douglas sempre foi um irmão que a amou e protegeu-a na escola e nos passeios escolares, mas naquele momento ele não a via como irmã. Ela levemente se levanta. Enquanto ver as lagrimas de Douglas escorrer. Douglas ficou sem ação. O filme da própria filha matando o pai o cegou, era como ver o sol se transformar em água. Uma melancolia da frase que se passava em sua cabeça:¨ A morte de sua própria alma é a mais dura dor mais quem mata a pessoa que a ama é merecedora da própria morte. ¨ Isso era que os olhos de Douglas desejavam. Desejavam a morte de sua irmã, assim como Caim matou Abel ele sentia o mesmo desejo de destruir Bia somente os motivos eram diferente. Enquanto ele a via fugir desesperada sem poder fazer nada devido à paralisia que sofreu com aquela cena sentia preso como uma armadilha do céu. Minutos depois um casal chegou ao local e os ajudou, levou os dois ao hospital. Lucio ficou em coma. Enquanto que Douglas orava ao Deus todo poderoso esperando a sua misericórdia ao seu pai. Depois de um mês seu pai saiu do estado de coma.

- Que bom meu Pai não saberia o que seria de mim sem você.

- Meu filho alegre-se que seu Pai estar melhor.

Por algum milagre sua falta de memória não era mais um problema e suas doenças de velhice já estava controlada. Um verdadeiro milagre algo extraordinário.

- Pai você sabe o que aconteceu? O que Bia fez com você? O que devemos fazer? Estou odiando ela cada dia. Meu Pai o que fazer?-Perguntou Douglas.

- Filho Meu. Se alegre, pois seu pai viu quem ele ama, e a dor maior é perder alguém sem ter tido a oportunidade de demonstrar seu amor pelo outro. Agora sabemos onde ela estar vamos a sua busca. Lembre-se ¨Enquanto tiveres um desejo, terás uma razão para viver. ¨

Davi Alves
Enviado por Davi Alves em 26/09/2011
Código do texto: T3241896
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