O amor tem lógica?-Caixa de Gepeto 1

Caixa de Gepeto

APRESENTA:

Tema do mês: O AMOR TEM LÓGICA?

Olhe, Considere, Contemple. (Santa Clara)

Palavra do Editor do mês

Confesso que estou completamente alegre com as escritas dos meus amigos escritores. Cada um de uma realidade diferente, eis o que o milagre acontece. As diferenças se completam.

Apresento então nessa primeira edição quatros autores, que me faz lembrar os quatro evangelistas. Cada um escrevendo para uma comunidade, onde existem dificuldades próprias de entenderem o seguimento de Jesus Cristo. Em todos os evangelistas está presente o dom da escrita.

São Mateus aqui representado pelo escritor Ramires, já que nosso escritor sabe muito bem fazer citações, assim como o evangelista. Podem pegar o seu Evangelho e perceber, em cada ato e gesto de Jesus tem uma citação, algo para se cumprir. São Mateus é simbolizado pelo anjo com rosto de homem, porque seu Evangelho se preocupa em comprovar a natureza humana de Cristo.

Ramires aqui, como um bom acadêmico, inverte a nossa pergunta. Um bom aluno das artes da filosofia que sabe caminhar por outros caminhos. Vale conferir e viajar no texto desse novo autor.

O segundo evangelista é São Marcos. Marcos é o primeiro escritor a relatar sobre o evento Jesus de Nazaré, um Evangelho curto – hoje poderíamos dizer um Evangelho de bolso ou para viagem – e que está representado pelo escritor João (não teria graça o João representar João). São Marcos é representado pelo leão, porque ele começa seu Evangelho falando da pregação de São João Batista no deserto da Judéia. Ora, o leão vivia no deserto, e a pregação de João foi como um rugido de leão. Ele quer mostrar Cristo como soberano, como rei. E o leão é o rei dos animais, enquanto

O fato de ser o primeiro a enviar seu texto lhe dá o crédito de ser o nosso Marcos. Em seu texto, muito bem formulado e com uma certa apresentação de uma parte da lógica (a tradicional) ele fala do amor que vai desde São Paulo ao querido Nietzsche.

O terceiro Evangelista é Lucas. São Lucas tem em vista demonstrar o caráter sacerdotal de Cristo. Daí ter como símbolo o boi, animal sacrificado no Templo. Mas ele também é conhecido como o Evangelista das mulheres e do Espírito Santo. Sim, também do Espírito Santo (que em hebraico é feminino) e por isso, esse Evangelista é caracterizado pela nossa presença feminina da escritora Amabili.

Não desvalorize seu texto. Com muita sutileza e com certa ira, ela tenta responder ao nosso questionamento que segue desde o grande filósofo Platão até o atual filósofo Luan Santana.

O último Evangelista é São João. A águia é o símbolo de São João, porque ele começa seu Evangelho falando da geração do Verbo em Deus, alçando-se desde o começo a alturas divinas, como a águia que se eleva em seu vôo. São João o último a escrever o Evangelho, que faz uma elaboração bem mística e a partir do amor sobre a vida de Jesus. Aqui o nosso João é o escritor Flávio.

Em sua narração sobre a temática ele narra o amor a partir da expressão da cruz de Cristo, que para muito é sinal de sofrimento. E esse mesmo autor faz uma relação entre a morte e o amor. Muito interessante a reflexão.

Então queridos leitores, do que adianta escrever aqui sobre esse tema? Agora basta a cada um degustar esses belos textos, e que com essas reflexões possamos entender (ou não) o nosso cotidiano. Inúmeras perguntas irão surgir, e são essas perguntas que nos fazem caminhar.

Boa leitura e degustação

Flávio Martins Venâncio

As razões do amor

Ramires Karamázov[1]

Quando me falaram para escrever sobre o "amor tem lógica?" fiquei pensando se realmente ele teria. A pergunta está equivocada, pois se coloca o assento sobre a lógica e não no amor. Por lógica entende-se o caminho percorrido até se chegar ao resultado, podendo ser repetido pelos outros que obterão os mesmos resultados. Mas quando mudamos a pergunta e dizemos "quais as razões do amor?" chegamos ao tema proposto pelo frei Flávio.

Ao longo da história da humanidade os místicos e os apaixonados concordam em que o amor não tem razões. Creio que o amor e a amizade caminham juntos e torna-se impossível de separá-las e às vezes confundimos uma com a outra. Talvez, possamos esclarecer o que é amizade se antes chegarmos a conhecer o objeto do amor.

A experiência do amor parece ter suas raízes fora do tempo, na eternidade. Nada mais falso do que o adágio popular que afirma que "amor com amor se paga". Ele não é regido pela lógica das trocas comerciais. Nada te devo. Nada me deves. Ele é como a rosa que floresce porque floresce, eu te amo porque te amo. E isso basta!

Só os apaixonados acreditam que o amor seja assim, tão sem razões. Mas eu, talvez por não estar apaixonado (o que é uma pena), suspeito que o coração tenha razão, e Pascal me apoiaria, pois foi ele quem disse que "o coração tem razões que a própria razão desconhece". Não é que faltem razões ao coração, mas que suas razões estão escritas numa língua que desconhecemos.

Ao apaixonado a decifração desta língua está proibido, pois se ele entender, o amor se irá. "O amor não sabia que sua felicidade só pode existir na ignorância das suas razões. Kieerkergaad comentava o absurdo de se pedir dos amantes uma reposta para o seu amor. A esta pergunta eles só possuem uma resposta: o silêncio. Mas que se lhes peça simplesmente falar sobre o seu amor - sem explicações. E eles falaram por dias, sem parar" (Rubem Alves).

Santo Agostinho nas Confissões se defronta com uma pergunta que nenhum apaixonado jamais poderia fazer: "O que amo quando amo o meu Deus?". Fico imaginando o amante dizendo para a amada: "O que amo quando amo você?". Creio que seria o fim da história de amor. Essa pergunta revela um segredo que nenhum amante pode suportar: que ao amar a amada o amante está amando uma outra coisa que não é ela. Ama uma outra coisa misteriosa, que não conhece, mas que vê refletida no rosto da pessoa amada.

"Esta é a dor que nenhum apaixonado suporta. A paixão se recusa a saber que o rosto da pessoa amada (presente) apenas sugere o obscuro objeto do desejo (ausente). A pessoa amada é metáfora de uma outra coisa: 'O amor começa por uma metáfora', diz Milan Kundera. 'Ou melhor: o amor começa no momento em que a uma mulher se inscreve com uma palavra em nossa memória poética".

Assim, agora temos chave para compreender as razões do amor: o amor nasce, cresce, vive e morre pelo poder da linguagem poética que o amante pensou ver no rosto da amada.

O AMOR TEM LÓGICA?

João Michels[2]

Fui desafiado por uma queridíssima amiga minha a responder a seguinte questão: O AMOR TEM LÓGICA? Como bom filósofo que sou, aceitei o desafio e logo em seguida pus-me a pensar neste assunto tão vasto e tão polêmico, que divide tantas opiniões como é o amor.

Bem, primeiramente, temos que definir o que é o amor e o que é a lógica, para depois podermos concluirmos se o amor é de fato lógico ou não.

Iniciemos pela Lógica. O que é a Lógica? A Lógica é a ciência que dedica-se ao estudo rigoroso, sistemático do raciocínio para poder validá-lo como verdadeiro ou não. Ou seja, a Lógica racionaliza tudo. É verdadeiro tudo aquilo que é racional, tudo aquilo que pode ser entendido pela razão e provado pela ciência, sendo assim, aquilo é lógico. O raciocínio lógico passa por três etapas: A primeira premissa, a segunda premissa e a conclusão. Por exemplo:

As aves e peixes são seres vivos. – 1ª premissa.

Os seres vivos tendem a morrer – 2ª premissa

Logo, as aves e os peixes tendem a morrer - Conclusão

Esta é a definição de Lógica. Admito que uma pequena definição, afinal a Lógica tem uma vasta quantidade de ramos que se estendem por toda a ciência, porém nesta pequena explicação temos o conceito necessário para entende-la.

Se é complicado definir Lógica, é ainda pior de definir o Amor. O Amor que tem mais definições que as Mil e Uma Utilidades do BomBril. Esta é a definição do verbete para a expressão no dicionário prático da Língua Portuguesa Michaelis:

1.grande afeição de uma pessoa por outra. 2, afeição, grande amizade, ligação espiritual 3. Objeto desta afeição 4.carinho, simpatia.

Essa é a definição do dicionário Michaelis. Entretanto existem milhares de outras definições. Para muitos o amor é apenas uma reação fisiológica do cérebro humano. Por exemplo, para Friedrich Nietzsche, filósofo alemão, o amor é considerado como uma fraqueza, e o homem precisa livrar-se dele para superar-se e tornar-se um ümbremetch, o Super-Homem.

Apesar de tantas definições, não há dicionário no mundo que consiga melhor definir o amor que a definição Cristã, encontrada na doutrina e na Bíblia Sagrada. Diz São Paulo, maior pregador dos Cristãos, em sua carta a comunidade de Corintos, capítulo treze:

“O amor é paciente, é bondoso. Não é invejoso nem orgulhoso. Não é arrogante nem escandaloso. Não busca seus próprios interesses, não se irrita nem guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. TUDO DESCULPA, TUDO CRÊ, TUDO SUPORTA. O AMOR, JAMAIS ACABARÁ!”

O amor, segundo a doutrina cristã. Pode ser definido como Eros e Ágape. Eros é o amor sensual e ágape seria o amor fraterno, entretanto, um depende do outro. O eros depende do ágape para subsistir.

Com estas definições de amor e lógica, creio que já podemos analisar a questão: O AMOR É LÓGICO?

Depois de pensar um pouco, cheguei a minha conclusão, à minha opinião:

NÃO. O AMOR NÃO É LÓGICO. Por que não? Porque a lógica passa pela certeza, passa pela racionalização.

E o amor não é racional. Ninguém fica matutando e analisando sobre o que sente. O amor não pode ser entendido pela razão. O amor vem do coração, o amor é inexplicável. As pessoas amam simplesmente por amar, muitas vezes não sabendo explicar por que amam. Muitas vezes não sabem o porque amam quem não gostariam de amar. Por muitas vezes, as pessoas gostariam de esquecer ou de não amar quem na verdade amam, e isso é algo o qual não podem controlar.

A lógica e a racionalidade são coisas as quais podemos considerar “sãs”. Mas não o amor. Ouso afirmar que o amor é insano, o amor é louco. Um exemplo deste amor insano foi o próprio amor de Cristo, que sacrificou a vida por aqueles que amava, ou seja todos nós e nos instruiu a fazer exatamente o mesmo quando nos deixou a seguinte ordem:

“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!”

Ouso afirmar ainda que se o amor fosse lógico não sofreríamos as dores do amor, porque afinal de contas qual a razão de se sofrer? Nenhuma! Por essas mesmas razões eu afirmo e reafirmo que o amor não é lógico.

Pense bem. Quais é a razão destes seres como os abaixo terem distribuído tanto amor para a humanidade: Papa João Paulo II, Madre Teresa de Calcutá, Jesus, Maria, Gandhi. A explicação: Eles tinham Deus no coração, e segundo São João: Deus é Amor! E Deus é algo incompreensível, algo que não podemos entender com nossa razão não é?

amor tem lógica?

Mah Sanders[3]

Fui provocada a escrever sobre este tema, confesso que estou com medo, e um tanto quanto apreensiva.

"Aquilo não é aquilo, mas é como se fosse aquilo entendeu? Assim é a lógica do amor...

Acredito que não há nenhum sentimento lógico, quem dirá o amor...

Para Platão, que usa Sócrates como personagem O AMOR É insuficiência de algo e o desejo de conquistar aquilo que sentimos falta.

O amor dirige-se para o bem, cuja aparência externa é a beleza. Existiram muitas formas de beleza, mas a sabedoria seria a maior de todas, a filosofia defende Platão, que o único caminho para contemplar esta suprema verdade, para realizar-se o filosofo é capaz de desligar-se da paixão por outro individuo e dedicar-se a pura contemplação da beleza.

E agora e pergunto isto é amor?

Seria obvio e lógico, um pai, uma mãe amar um filho, e nem sempre é isso que vemos...

Seria obvio e lógico, os casais se amarem, e nem sempre é isso que vemos...

Então me aprofundo meus pensamentos no fato que a *pessoa* que mais nos amou, e dedicou toda sua vida, por mim, por você, é por você, pelo seu vizinho, enfim por todos nós, e em troca desse amor a única coisa que nos pediu foi * amai-vos uns aos outros como eu vos amei* *** não sei se a frase certa é assim RSS***

Porque será que é tão difícil???

É de difícil discernimento compreender que a pessoa que mais me amou, foi também a pessoa que mais sofreu...

Será q isso tem lógica?

Será que então eu tenho que sofrer porque eu amo?

Vejo que as pessoas hoje em dia não gostam de falar, de declarar seu amor, mas acredito que é porque a população na sua maioria banalizou a palavra * amor* amor) igual bom dia.

É triste ver isso...

Eu disse uma vez, que já aprendi muitas coisas nesta vida, a maioria eu esqueci, obvio RSS, mas uma coisa jamais esquecerei: AMAR, amar a vida, amar as pessoas que me cercam, mesmo que eu não demonstre a maioria das vezes, não tem lógica isso também né?

Amar e não demonstrar...

Amar, só por amar, amar sem querer e nem esperar nada em troca.

*O CORACAO TEM RAZOES, QUE A PRÓPRIA RAZAO DESCONHECE* **BLAiSE PASCAL**

No cotidiano diário, conhecemos pessoas, pessoas entram em nossas vidas, sempre deixam um pouco e levam um tanto, pessoas que compartilhamos todo nosso dia, com o passar do tempo acabamos conhecendo todos os avessos todos os inversos e chegamos a conclusão que, não tem como mais falar da gente sem lembrar dessa pessoa, isso é amor??Acho que Sim NÉ??? Mas não tem lógica tem?

Vez ou outra me pego cabisbaixa, triste, me perguntando porque falta tanto amor no mundo de hoje, e sempre acabo entrando em um conflito interno, fico me questionando nos porquês dessa grande falta de amor.

E qdo nos deparamos com amor verdadeiro acabamos fingindo q não é real, abafamos, Fuji mos. Pq achamos errado. Errado? Amar é pecado?

Como disse o poeta Luan Santana kkkkkkk

AMAR NÃO É PECADO, E SE EU TiVER ERRADO, QUE SE DANE O MUNDO EU QUERO SÓ VOCÊ!!! KKKK

Não tem lógica dizer que amar é pecado...

Tenho medo das perdas da vida, por isto tento não amar, mas quanto mais tento não amar, mais eu amo, mais eu me doou pelo próximo, e sempre perco, não sei se posso dizer que perdi, pois sei que ainda tenho só que de outra forma...

Uma grande pessoa que amo muito, me disse que só tem saudade quem amou !!!

Amar então traz saudades, perdas, e muita dor???

Não tem lógica isso, tem?

Amar requer paciência, assim como mudar o mundo, não amamos alguém do dia para noite.

Amar dói, amar tira nosso ar, amor nos sufoca as vezes, isto tem lógica?

Quem nunca dormiu soluçando que atire a primeira pedra....rss

O amor nos deixa com sorrisos bobos, nos deixa feliz, feliz a tal ponto de ver uma criança ranheta e achar lindo RSS.... isto tem lógica?

To atravessando as ideias neste texto RSS, já perdi o foco.

Amar talvez seja isto, perder o foco...

Cheguei a conclusão que talvez seja mais fácil falar sobre a **molécula do amor***

Do que sobre a lógica... A lógica é que não tem lógica/ Permaneço por aqui/ Do outro lado do céu.

O AMOR TEM LÓGICA?

Flis[4]

Uma simples pergunta que ao mesmo tempo me deixa inquieto. Penso em várias situações da minha vida em que disse que iria amar, mas não consegui; e também penso também no amor que Deus tem por nós. E quero fazer uma relação dessa lógica de um para com o outro.

Os filósofos medievais colocavam as perguntas e respondiam a partir dessa experiência. Eu tento pensar no amor, mas eu nem sei o que é amor. Eu posso dizer que DEUS É AMOR, mas na verdade posso cair no erro da interpretação horizontal, sendo que existe a relação com os demais seres da Terra.

O amor, uma palavra tão simples e que nos remete a tantas coisas da nossa vida. Quem nunca disse para outra pessoa a célebre frase “EU TE AMO”, ou até mesmo quem nunca ouviu da boca de outro essa frase? O amor é uma das coisas que já sabemos o que é. O amor que as pessoas nos passam, e também pelo fato de que somos criados pelo amor.

E com o tempo vamos crescendo, e percebemos que não somos as únicas pessoas que são amadas, existem outros que são mais amados do que nós. E mais, descobrimos que também somos capazes de amar outras pessoas. Até aqui a presente reflexão não tem qualquer novidade, mas mudo aqui o sentido da crônica, quando quero falar sobre a lógica do amor.

Quantas vezes nos declaramos para outra pessoa, mostramos o nosso sentimento de amor, mas por mil motivos o nosso amor é negado. E quando se está na época da juventude, parece que o céu vai cair. Tudo por causa de um sentimento, que na verdade é mais que sentimento: é uma opção de vida!

E onde entra a lógica nesse texto? Aqui está o problema: que lógica seguir? Por exemplo, a pessoa A ama a pessoa B que também ama a pessoa A. Uma lógica perfeita. Então sim, existe uma lógica nesse campo do amor. Você ama outra pessoa que também te corresponde. Simples, prático e extremamente gratificante.

Mas o que posso fazer? A minha resposta seria SIM, existe uma lógica do amor, no mínimo uma abertura de duas pessoas para uma mesma realização pessoal. Entretanto fui tomado por outros pensamentos, me senti navegando para outra terra. Eu caminhando por lugares ainda nunca pisado por homens. Confesso que no inicio fiquei com medo, mas eu rezei e fiz da oração do salmista a minha oração “mesmo que eu ande pelo vale tenebroso nenhum mal eu temerei”.

E durante dias meus pensamentos foram tomando meu corpo – sim no meu corpo! As minhas idéias interferem no meu corpo, já que eu escrevo com o meu corpo – e eu sem saber o que fazer, aos poucos fui deixando que esse pensamento mudasse a minha visão. Muitas vezes eu escrevo, mas não consigo ver a coisa que quero descrever.

Dessas idas e vinda do meu pensamento, logo percebi que precisava mudar a lógica dos tempos modernos. Eu pensava em vários amigos, vários parentes, mas tinha que mudar essa bendita lógica. E consegui enfim vislumbrar aquilo que poderia ser a mudança da lógica... ou não.

Se para o leitor a lógica do amor é ser correspondido, então esquece. Não existe lógica no amor. Agora se o amor é você amar a outra pessoa, sem esperar nada – ou seja, na gratuidade – então existe uma lógica, mas que te leva para a morte.

Ohhhhhh...que me leva para a morte. SIM! E aqui eu penso na cruz de Cristo, a expressão máxima do amor de Deus. Rezamos como bons cristãos, sexta feira da PAIXÃO (que deriva do grego: sofrer). Isso é uma verdade, quando você está apaixonado – amando – uma pessoa, você sofre. Cada minuto longe dessa pessoa parece uma eternidade. Sempre quando vou viajar minha mãe diz: “liga quando chegar” e quando eu chego e não ligo, levo a maior bronca. Ela sofre por não saber do seu filho (o mais lindo por sinal).

Ora se dizemos que a morte de Jesus é pelo amor, logo eis uma lógica do amor que nos conduz para a morte. Jesus é a expressão do amor de Deus. Já não é uma morte por causa de nossos erros (pecados), mas de tanto amar ele se doa, entrega sua vida para todos aqueles que ama, como para aqueles que o mandam matar.

Não é fácil dizer isso. Se a lógica do amor é conduzir para a morte, então: para que amar? Para que ficar sofrendo por outro, sendo que esse pode fechar seu coração para essa recepção da minha parte? Um exemplo que talvez ajude é de uma mãe. Quando seu filho(eu) estava doente, ela acordava altas horas da madrugada, ficava na fila esperando o atendimento do seu filho, e fazia tudo isso com muito amor. Quem não está na dimensão da lógica do amor-morte diz que é besteira.

Recordo quando minha mãe, todo dia de manhã, me levava para a escola. Eu com aquela lancheira, roupinha passada e limpa (e recebia bronca quando chegava em casa com ela suja), de manhã, num frio tremendo – depois descobri que em Cascavel era um frio tremendo – com luvas, toca e de mãos dada. Ela poderia muito bem ficar lá dormindo, mas não o amor é mais forte.

Para aqueles que acham que a palavra morte é muito pesada – coisa que não é, pois todos os dias caminhamos em sua direção – pode-se trocar essa palavra por gratuidade. Mas em ambas palavras a lógica final desemboca num entregar-se para o outro até se necessário a morte.

Que o amor tem uma lógica interna, isso sim. Não duvido do amor e da suas conseqüências. O amor não pode ser considerado como algo que nos é dado e nos deixa fora da realidade. O amor é a possibilidade que temos de abertura de relacionamento com o outro, aquilo que nos faz sair do nosso mundo e entrar num mundo totalmente diferente. Somos capazes de chorar, alegrar, mover montanhas.

Recordo o que uma professora disse, para a conclusão desse texto. “Existem duas formas de viver nesse mundo. Ambas estão relacionadas ao amor. A primeira você vive fechada no seu mundo, acreditando que o seu amor por você mesmo é suficiente. Mas existe uma outra relação, daquela pessoa que se abre na dimensão do amor ao outro. Nessa abertura o seu amado entra no seu coração, mas esse amado pisa em seu coração, pois ele deseja conhecer bem no fundo da sua alma. Isso faz com que a amante sinta dor no seu coração, mas não tem problema, pois ela sabe que seu amado está no seu coração.Portanto se você não quiser sofrer de amor, viva como a primeira pessoa, fechada em si mesmo. Mas se você quiser o amor de relação, viva da abertura ao seu amado, mesmo sabendo que isso possa trazer dor.”

A lógica do amor é nos levar para a morte, mas sabemos que temos a pessoa amada ao nosso lado. Essa lógica muitas vezes nos machuca nos faz ficar inseguros, entretanto nos faz estar no céu. Agora se você não quer sofrer não tem problema, mas também sabe para onde irá no dia do julgamento. Pois no fim de tudo seremos julgados pelo amor. Existe lógica para um amor tão louco igual ao de Jesus na cruz? Só o amor é digno de fé.

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[1] É poeta, bufão, palhaço, encantador de palavras e pregador de pensamentos vagabundos. Mora na caixa de brinquedos da Oficina de Gepeto, onde ele consegue fazer sua experiência mais fundamental: ver e aprender a realidade que a razão séria não atinge. Além disso, o riso e cômico tornam-se os meios em que ele pode fazer brilhar o infinito da existência, que foi banido pela ratio como marginal e ridículo.

[2] Professor, Filósofo, escritor e leitor. Amante da vida e das artes, creio que sou aquela pessoa curiosa que busca sempre a razão das coisas e a compreensão do mundo que mistura. Uma fusão meio maluca, uma coisa inexistente, um meio cético meio religioso!

[3] Uma menina de BREVE explicação. Sabe conquistar as pessoas com sua vida. Viaja em suas próprias idéias e não recusa um bom vinho para filosofar sobre o mundo. O anjo loiro de Florianópolis.

[4] Andarilho do mundo. Nasceu no Pará, sangue de mineiro, coração paulista e amor de cearense. Uma mistura das regiões do Brasil que o leva a acreditar que é um irmão universal.