063 - LUDMILLA... UM SONHO QUE EU TIVE...

Dia cansativo, coração abafado, noite sem atrativos, cedo fui deitar, ao fechar os olhos me senti escorrendo para fora do meu corpo, na leveza flutuando, quando recobrei a consciência me vi diante de um imenso hospital, que ao chegar à portaria uma senhora balzaquiana se aproximou e disse:

- Por favor entre! Ela esta esperando por você!

– Deve estar havendo algum engano ninguém espera por mim, nem sei por que cheguei até aqui!

– Por favor siga por este corredor em um dos quartos você a encontrará!

Devo estar enlouquecendo, ou aquela atendente é mais maluca que eu! Como pode uma pessoa desconhecida estar esperando por mim neste hospital que me é também completamente desconhecido?

De cada lado do corredor centenas de quartos, caminhando como se fosse guiado pelo imponderável, olhando para todas as portas, sem nada perguntar, quase no final do corredor em um quarto cuja porta estava aberta me deparei com uma moça que sentada estava em uma poltrona, toda vestida de branco que a me ver disse:

- Tudo tem seu dia, há quanto tempo que estou aqui esperando por você!

– Como pode estar esperando por mim se nem a conheço?

– Todos os dias eu me preparo, me enfeito, me perfumo, estampo no rosto o mais belo dos meus sorrisos esperançosa que você entre por esta porta, que tenha se lembrado de mim, mas tudo em vão, você não aparece! Mas eu nunca desisti de esperar! Sempre sonhei com você entrando por esta porta, toda esta espera agora me é compensada em ouro, dê-me a sua mão, vamos passear pelo nosso jardim!

Cada vez mais confuso, um hospital, uma moça desconhecida com desejos de visitar o nosso jardim, nem sei onde fica este jardim, devo estar enlouquecendo!

Saindo do hospital, em uma cidade completamente desconhecida fomos caminhando, calados, mas ela sempre sorridente, deparamos com uma imensa casa, toda varandada, não me lembro de termos entrado na casa, lembro do imenso jardim que a circundava, ao adentrarmos nele senti que as flores exalavam suaves perfumes, e belíssimos bancos sobressaiam na paisagem, ela se aproximando de uma roseira:

- Eu gosto de todas as flores, mas as rosas são as minhas preferidas, das rosas a que mais gosto é da rosa cor de rosa.

Espantado olhava para aquela casa imensa tão bem construída, em frente uma bela praça, do outro lado furtivamente vi uma igreja, e ela continuava a falar das flores. O surrealismo das imagens era tão contagiante, aquilo não era um sonho, mas uma realidade.

Falamos de tantos assuntos, sentamos em um dos bancos e inexplicavelmente ela se entristeceu, grossas lágrimas sem disfarce algum livremente escorriam pela sua face, então pude observá-la melhor, e ela era tão linda, longos cabelos negros lisos, a cor da rosa cor de rosa era a cor da sua pele, olhos claros, e uma voz inesquecível, marcante, melodiosa, a sua roupa branquíssima, longa, o vestido tinha mangas cumpridas até os punhos, quando quis perguntar quem era ela, adivinhando minhas intenções, gentilmente colocou o dedo sobre os meus lábios impedindo-me de falar, se levantou do banco e por mim foi acompanhada, caminhamos, de mãos dadas caminhamos pelo jardim e os mínimos detalhes ela examinava e comentava, aproximando ternamente seu corpo do meu, abraçando-me como se abraça uma imensa saudade encontrada, nossos braços eram poucos para tantos abraços, beijamos como se já tivéssemos beijado outras tantas vezes, então ela me disse adeus!

– Obrigado, mas muito obrigado por ter vindo, por ter-me ajudado a sair do hospital, precisava tanto da sua ajuda, do seu olhar, da sua compreensão, somente assim eu conseguiria sair, já estava curada, mas me recusava partir sem antes ver você!

– Qual é o seu nome?

Com a ponta do seu dedo indicador, com letras brilhantes ela escreveu na palma da minha mão esquerda:

- Ludmilla!

- Nós nos conhecemos, de onde?

Tentei abraçá-la ao sentir que ela estava se transfigurando, mesmo assim eu ouvi ela dizer:

- Meu amor eu sempre estarei esperando por ti!

Para o meu desespero ela se fez em nada nos meus braços, mas não nas minhas recordações, e entre soluços e lágrimas, acordei ensandecido chamando por ela.

Ainda hoje eu a vejo, ainda hoje eu a sinto, ainda hoje ouço a sua voz, sinto o seu beijo e o seu perfume, ainda hoje eu me pergunto:

- Quem foi Ludmilla na minha vida!!

O sonho foi tão real que das vezes confundo o sonho com a realidade, e a realidade com o sonho, esta vida poderia ser um sonho de uma outra vida! O que surpreende é que nunca conheci uma moça que tenha este nome, Ludmilla, quantos mistérios encerram em nossos sonhos, neles visitei uma cidade completamente desconhecida e conheci uma moça tão linda, tão meiga e tão misteriosa...

Magnu Max Bomfim
Enviado por Magnu Max Bomfim em 30/05/2011
Reeditado em 28/11/2016
Código do texto: T3003190
Classificação de conteúdo: seguro