Uma história de amor - sem fim.

Certa noite – ou manhã – descia a rua da minha casa... Visivelmente bêbada, sandálias na mão... Tinha dançado a noite toda... Ouvi um “Bom dia” de um estranho... Bastou... Nada em minha vida seria igual... Nunca mais...

Comecei a prestar atenção naquele estranho, era engraçado como ele estava sempre na hora certa, no lugar certo, parecia meu Anjo – e é até hoje.

Meu mundo caiu literalmente quando descobri que ele era casado... Mesmo assim insisti em um caso que nunca aconteceu.

O tempo foi passando, fomos ficando cada vez mais próximos... Conversávamos por horas ao telefone... Ele me acordava todos os dias às 5h da manhã com um “Bom dia dengosa, são 5 horas!” E tudo o que eu queria era aquele anjo pra mim... Comigo pra sempre... Mas não era possível apesar de eu insistir.

Sofri muito, chorei me descabelei,quis sumir da face da terra... E por força do destino ou das circunstâncias eu sumi mesmo... Meu Anjo não soube de mim por um longo tempo... Não dei mais sinal de vida.

Me mudei de cidade, me casei, estava bem até que um dia o telefone tocou...

_alô?

_ oi dengosa!

Era ele!...Não podia ser!...Meu Anjo, meu amor de volta à minha vida e eu casada e grávida!

Perdi o chão... Não sabia o que fazer... Nunca o tinha esquecido e agora a situação estava inversa... A impossibilidade de ficarmos juntos partia de mim.

Conversamos por um longo tempo naquele dia... Me sentir próxima a ele novamente me fez muito feliz por alguns instantes...até que ele começou a me contar o que se passava com ele, na sua vida naquele momento...

Meu Anjo estava caído, e eu prostrada diante da incapacidade de poder ajudá-lo, a única coisa que eu podia fazer era ouvi-lo e me sentir cada vez mais culpada por não poder fazer nada por ele...

Ele disse que sempre me amou como eu o amei e amo ainda e que sempre me amará, estando juntos ou não, somos um do outro e sempre seremos assim... Coisas que só nos dois podemos entender... Um amor que dura até hoje e que perdurará por muito tempo ainda... Para essa e para a outra vida.

Temos um elo invisível, não é físico, não tem explicação... Quando eu preciso dele ele está sempre ao meu lado e quando ele precisa de mim sempre sabe onde me encontrar... Alguns dizem que é química, outros que é loucura, mas eu e meu Anjo sabemos que é amor.

Um amor puro verdadeiro, não o amor comercializado no dia dos namorados, ou o amor carnal que se acaba depois de uma transa... É um amor incondicional e mútuo... É simplesmente amor.

O passado guarda as marcas das nossas pegadas lentas.

Lentas porque não queremos nos separar.

Lentas porque tememos o caminho que desconhecemos.

Mas no fundo ambos sabemos que as historias que essas historias contam, nós poderemos reescrevê-las, olhos nos olhos, mãos nas mãos.

E depois... Ah, depois só nos resta guardar esta paixão e aguardar o desconhecido, este futuro incerto que podemos pintar de amarelo e jogar um tapete branco de pelos altos... E rolar nele se quisermos...

Eu sou as reticências da sua vida...

E você meu Anjo, meu amor, é a incógnita da minha...

Ainda não consegui te decifrar completamente, ainda existem lacunas a serem preenchidas, algumas coisas que faltam estão prestes a aparecer, mas outras talvez nunca apareçam...

Eu terei de conviver com todos estes segredos que você mantém aprender a ver suas cores dentro dos teus olhos, desvendar o seu “Eu” para que o meu “Eu” atinja a plenitude e se satisfaça com o que você pode me dar.

Não descobri ainda teus segredos nem desvendei o seu “Eu”, mas quando isso acontecer, pode ter certeza de que o universo será pequeno diante da imensidão do amor contido em mim.

Sonho?Não... É química, meu amor e seus segredos mais íntimos são os componentes que farão o vulcão entrar em erupção, a única coisa que falta é estarmos na hora certa e no lugar certo...

Algumas vezes me pego imaginando como seria a minha vida se o destino não tivesse conspirado contra nós dois. Por outro lado passo horas pensando no pronome “se”. Se eu não tivesse sumido da sua vida... Se você não fosse casado... Se tivéssemos ficado juntos na época... Se tivéssemos um tapete branco onde rolar... Se...

Tudo é relativo, poderíamos ter sido muito felizes, poderíamos ter realizado os nossos sonhos, os nossos desejos, as nossas loucuras... Ou não...

Talvez estivéssemos (mais) frustrados hoje, talvez fossemos apenas bons amigos, talvez não olhássemos um na cara do outro, talvez estivéssemos sozinhos... Talvez não nos amássemos tanto...

O que teria acontecido afinal?

Mas pensar em “se” não é a melhor opção, não é a mais saudável, causa sofrimento, angústia e dúvidas extremadas. Prefiro pensar em ... “Quando”...

Quando nos encontrarmos... Quando pudermos realizar as nossas loucuras e os nossos desejos... Quando rolarmos num tapete branco... Quando pintarmos a parede de amarelo... Quando nossas vidas finalmente se cruzarem... O que acontecerá afinal?

Seremos felizes e completos? Ou não?

E novamente a relatividade se apodera dos meus pensamentos...

O mais interessante nessa história toda é a probabilidade.

Essa mistura que eu estou fazendo de teorias da física, gramática e agora matemática, eu posso explicar perfeitamente.

A teoria da relatividade foi meu Anjo quem me fez entender... Um dia ele me falou que era fácil demais e eu nunca tinha entendido a tal teoria do Einstein. Ele me falou: “Se eu segurar uma panela quente na mão por um segundo, vai doer tanto que vai parecer que segurei por horas, mas se tiver você nos meus braços por horas, vai ser tão sublime que vai parecer que foi só por um segundo”.

É a relatividade.

Os “se” e “quando” da gramática, acho que todos entendem , dão um sentido de dúvida, de indefinição ao que é dito.

Agora a probabilidade...

Quem saberia dizer ao certo qual a probabilidade de eu e meu Anjo estarmos juntos algum dia? Creio que nem mesmo a matemática.

Informalmente, “provável” é uma das muitas palavras utilizadas para eventos incertos ou desconhecidos, sendo também substituída por algumas palavras como “sorte”, “risco”, “azar”, “incerteza”, “duvidoso”, dependendo do contexto.

A teoria da probabilidade permite que se calcule a chance de ocorrência de um número (ou fato) em um experimento aleatório. É aquele experimento que quando repetido em iguais condições, pode fornecer resultados diferentes, ou seja, são resultados explicados ao acaso.

Como o acaso é relativo, voltamos ao mesmo ponto...

O ponto em que não sei nem saberei nunca “se” ou “quando” estaremos juntos. O ponto em que o incerto, o acaso, o destino, seja lá qual for o nome que queiram (vocês leitores) dar ao fato em si acontecerá.

O ponto em que me perco sonhando com o dia que isso aconteça, e eu possa ser do meu Anjo e ele possa ser só meu.

O mesmo ponto de partida há mais de dez anos...

É triste pensar que talvez a gente nunca saia do ponto de partida e que a história não acabe – ou comece realmente – nunca, que tudo isso não deixe de ser um sonho e nunca se torne a mais linda das realidades.

Hoje eu e meu Anjo nos falamos quase todos os dias. Às vezes falamos muito sério, outras brincamos o tempo todo com conversas banais e absurdas, mas imaginar que estas conversas não aconteçam me aterroriza...

Preciso dele, e sei que ele precisa de mim, cada qual no seu canto, eu vivendo minha vida e ele vivendo a dele separadamente, mas eternamente juntos.

Ele nunca me ofende ou magoa, mesmo quando discutimos por alguma coisa, seja referente a ele ou a mim, sempre tento trazê-lo para a vida real, onde se sofre se ganha e se perde, onde nada sai exatamente como o planejado onde a única certeza que podemos ter é o momento que vivemos agora, o futuro ainda não chegou, e o passado não se pode mudar. E ele faz o mesmo por mim.

Algumas vezes brigamos feio, mas logo passa, porque um sempre sabe compreender o outro, ele sente o que eu sinto e eu sinto a dor dele.

Pode parecer estranho imaginar duas pessoas tão próximas e tão distantes ao mesmo tempo, somos os opostos, os tais que se atraem sabe, ele é todo razão e eu sou pura emoção.

É até engraçado, mas posso dizer que nunca dormimos brigados. Parecemos um só ser, uma única pessoa, mas “somos” um ser bipolar, com dois extremos, totalmente diferente e totalmente unido, num só coração.

Eu odeio quando ele some... Sinto um vazio, uma saudade...

Se ele imaginasse a falta que me faz conversar com ele antes de dormir, ele não faria isso.

É como se eu estivesse totalmente no escuro perdida, sem rumo certo, ele é minha direção, meu refúgio.

A ausência dele me destroi, às vezes choro, às vezes xingo, mas sempre amo... Amo cada vez mais... Sempre e pra sempre.

Não consigo fazer esse amor parar de crescer, algum dia vou explodir...

Vou escrever “saudade” em um tijolo e atirar na cabeça dele pra ele sentir que dói.

Meu Anjo tem o dom de desaparecer. Ele diz que os momentos que eu desaparecia na janela são impagáveis, mas quem desaparece é ele.

Até certo ponto eu compreendo alguém tem que fazer o trabalho sujo, e é difícil ser anjo da guarda, mas não precisa judiar tanto assim.

O curioso é que sei que ele não tem culpa de sumir assim, talvez ele até queira de vez em quando, mas não para mim. Sumir da minha vida não é o perfil dele.

Deve ser porque estou bem. Geralmente quando não estou vivendo nenhum problema ele “dá um tempo”, descansa de mim. Afinal não sou a única que preciso dele, infelizmente eu tenho que dividir meu Anjo com os outros...

Eu amo meu Anjo Mau, meu Mau Anjo...não existem palavras que expressem o que eu sinto porque os sentimentos vão além delas.

Estou melancólica, triste, mas me lembrar dele me deixa melhor, pensar em nossos momentos me faz um bem enorme.

Parece que ele está ao meu lado, consigo sentir o perfume, o toque suave, o beijo...

Sinto a presença dele aqui comigo e assim, mesmo triste, um sentimento de felicidade me invade.

Gostaria que essa “presença” fosse física, mas na impossibilidade de isso acontecer, suporto a ausência.

A dualidade dos sentimentos pode parecer estranha, até bizarra, mas ele entende.

Queria que pudesse ao menos me ouvir dizer te amo... Apesar de saber que meu pensamento leva estas palavras até ele. Espero apenas que acredite em mim.

E sei, ou melhor, tenho certeza que acredita. O que nós dois temos é único, transcende as leis da física... Extrapola qualquer paradigma. É lindo, sublime...

Isabel Cristina Oller
Enviado por Isabel Cristina Oller em 23/12/2010
Reeditado em 20/09/2016
Código do texto: T2688599
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