Uma Vida de Amor


Ernst não disfarçava a sua tristeza pela vida. Homem humilde trabalhador, mas triste. No seu estado de espírito havia um vazio. Sempre faltava alguma coisa em sua mente. Era a falta de alguém. Alguém que o entendesse. Quiçá uma alma gêmea.
A procura, a falta de uma companheira fez com que Ernst casasse cedo. Um casamento fruto de uma certa euforia, por, talvez, ter encontrado a pessoa certa.
Os filhos vieram cedo. Filhos são sempre sinônimos de alegria, mas no íntimo, apesar do casamento, ainda havia um vácuo no coração de Ernst que respeitava muito a esposa e os filhos. Amava-os até. Mas continuava aquele vazio. A falta de alguém que ficou num passado longínquo. Quem sabe estaria no mundo Espiritual?
Num determinado período da sua vida, Ernst conheceu Lis, uma jovem de vinte e sete anos, com dezoito anos de diferença na idade. Ernst, ansioso, achou que havia reencontrado o ser da sua vida.
O mundo reserva desilusões. Ernst se enganara, pela segunda vez. Liz foi-se e não deixou notícias e nem saudades.
O tempo estava passando e Ernst envelhecendo. Sofrendo ao lado da esposa alcoólatra.
Ernst, nas horas vazias e tristes rabiscava versos. Não sabia se havia nele mesmo potencial de poeta. Portanto não se considerava poeta. Mas teimava. Ernst, certa vez foi convidado, a participar de um ´´site´´ na Internet. Começou a publicar tudo o que escrevia, nos mais variados temas. Ernst considerava aquele ´´site´´ como um livro virtual, pois nunca pensara em escrever livros nos moldes tradicionais. Ali estava a Internet ao alcance de todos.
Num determinado momento, eis que surge na sua caixa postal dezenas de ´´ e-mail´´. Lupe uma leitora, dizia-se profunda conhecedora de literatura. Todo o dia lá estava ela! Ernst ficou assustado com tanta mensagem. O medo fez com que Ernst se retraísse, e, resistiu por muito tempo às confissões de amor de alguém que ele não conhecia e não se fazia por conhecer. Certo dia resolveu telefonar. Aí desencadeou uma série de longos telefonemas, que se transformaram em mensagens e juras de amor. Era o amor que Ernst, enfim, encontrara! Era a sua alma gêmea! Com isso se desenrolou mais uma etapa na poesia de Ernst. Ela estava ali. A Musa! Só havia versos para a musa!
A musa de Ernst era uma pessoa sofrida, porém forte. Infeliz no seu segundo casamento, não conseguia livrar-se dele por causa do filho que amava tanto! Mas amava Ernst também.
Dessa forma o romance estava impossível. Lupe estava entre a cruz e a espada. De um lado não podia se separar do filho. Do outro lado não havia como controlar a situação com Ernst.
Havia um sofrimento de ambas as partes.
Ernst e Lupe viviam em mundos completamente opostos. Lupe era nobre. Linda! Quase nada de material lhe faltava. Faltavam sim, muitas coisas de ordem espiritual. Coisas que o vil metal jamais compra. Já Ernst, levava a sua vida simples de poeta e trabalhador assalariado.
Ficava no ar a indagação:
- Como conciliar Lupe e sua família? Ah! Deus como existe linhas tortas no destino!
Certa vez Lupe chegou à casa de Ernst, toda desgrenhada pelo sofrimento. Ernst deu-lhe abrigo. A família de Ernst adotou Lupe. Integrou-a em sua vida simples.
Hoje o romance continua às escondidas pelos cantos da casa de Ernst...

Ribeirão Preto, 07 de janeiro de 2004.
23h38 min.