UMA VERDADEIRA HISTÓRIA
DE AMOR
 
No verão do ano de l979, eu estava com meus 36 anos, um dia convidativo para desfrutar as delicias do verão na praia de Tramandaí/RS Ao chegar à praia, fui me hospedar na casa do meu cunhado, Círio Faller e da minha irmã Nara Faller, (Ambos em memoriam) onde eu sempre fora bem recebido. Meu cunhado tirava sarro comigo, pois quando ele falava em casamento eu sempre dizia que o fato de me falar de casamento eu me arrepiava todo, e se me cassasse, só iria ser quando eu completasse 40 anos.

Era uma idade que parecia muito avançada para aquela época. Nos meus passeios habituais, por tramandaí encontrei uma ex. namorada, a qual não a via por muitos anos. Então nós marcamos um encontro para o dia seguinte na beira da praia. Ao acordar-me, lembrei do encontro, e como eu não tinha achado o meu chinelo, apanhei o do meu sobrinho, que era muito maior do que os meus pés suportavam. Lá fui eu com aqueles chinelos grandes, sobrando espaços para todos os lados, com o intuito de encontrar a minha ex. namorada, na beira da praia. Depois de procurá-la sem êxito fiquei andando sem rumo pela beira mar, com aquela multidão, e com calor bem atraente, eu continuava a procurar pelo meu encontro, olhando para todos os lados e nada. Apesar de toda aquela gente se movimentando, e eu com os olhos dirigidos as mulheres, vi por trás, uma garota, com um maio branco, que me chamou atenção. É claro que na praia todas as garotas bonitas atraem nossa atenção, para uma paquera, um flerte, mas isto foi diferente, aquela garota gravou muito bem na minha mente e no meu pensamento, e até me esqueci do meu objetivo, que era reencontrar a minha ex. namorada.

Aquela garota estava sozinha e ia à minha frente, e continuava a me chamar a atenção existia algo que fazia segui-la. Então eu resolvi ultrapassá-la pra vê-la melhor. Apurei os passos, passei a sua frente e olhei discretamente, procurando não dar lhe entender que eu a estava paquerando. Mas estava. Feito isso passei por ela por uma boa distância, e depois, dei um retorno e quis vê-la de frente, e a vi. Então não tive mais dúvidas do que eu estava procurando em termos da pessoa que eu realmente sonhara. E a outra garota que eu tinha marcado um encontro, até então eu estava entusiasmado, mas esqueci totalmente, pois eu tinha mudado de foco e objetivo. A minha parte foi feita, e aí venho à dúvida, será que vou ser correspondido, e eu não tinha muito jeito para falar com guria completamente estranha, sem ser apresentado, ou em festas, caso similar eu jamais iria conversar com ela, mas era tanta a vontade de falar de lhe falar, de dizer-lhe algo, de pelo menos conhecê-la, cumprimentá-la. Esta vontade foi mais forte do que a minha timidez. Eu me lembro como se fosse hoje. Passei caminhando de frente para ela e a ultrapassei um bom pedaço, sem aquela demonstração de que eu a estava interessado. Mas estava muito interessado.

Então voltei, ate chegar bem mais perto, e cada vez mais perto e até chegar ao seu lado, enquanto vinha pensando como iria me dirigir a ela, o que lhe iria dizer primeiro, não teria uma técnica, própria, apenas gostaria de conversar. Busquei uma coragem emanada dentro de mim, e cheguei ao seu lado, e isso era um grande feito, só isso já compensara.

Mas teria que lhe falar algo. Como eu era atleta, e achei que deveria perguntar algo em relação a isso, pois como ela tinha também um corpo que parecia atlético, saí com essa. “Você pratica algum esporte”. Depois fiquei sabendo que ela achou que eu era algum atleta de futebol que estavam jogando uma pelada na areia, nem quis me olhar, e demorou muito, mas muito tempo para dar a resposta, o que me deixou sem jeito, pela grande demora em responder, mas ela acabou falando: não eu não pratico esportes. Hurra ela me respondeu. Depois tentei ir fazendo outras perguntas, para tentar estabelecer um diálogo, mas estava difícil. 

Eu não sabia, mas era próprio dela não falar muito, e isso estava dificultando nosso diálogo. Pensei em desistir, mas só pensei, mas não desisti, e continuei enfrentando as dificuldades de levar em frente o nosso difícil bate papo. Então eu fiz uma pergunta que poderia colocar em risco o nosso fim da conversa e o meu sonho poderia ser desfeito: Desculpe-me, mas eu gostaria de falar mais um pouco contigo, mas se eu estou sendo um incômodo quando a nossa conversa, eu posso me retirar se assim tu preferir. Mas ela respondeu assim: não é incômodo, podemos continuar falando. Oba! Foi um gol a meu favor. Alguma coisa deve também ter chamado chamou a sua atenção, bem eu estava bem sarado, mas o meu papo não era dos melhores, mas como ela falava pouco, até que deu certo. Eu sentia que foi a melhor conquista daquele dia. Eu finalmente iria conhecer a menina dos meus sonhos e para mim já era um grande avanço. Mas eu deveria ter a certeza de que ela também pudesse gostar da minha pessoa como gente. Se eu não fosse correspondido eu teria de desistir das minhas reais intenções. Bem daí para frente, continuei com os meus chinelos maiores do que os meus pés poderiam precisar e que visivelmente, ela também já tinha notado. Então eu lhe expliquei do porque sobre os meus chinelos avantajados, emanados dos pés grandes do meu também grande sobrinho. Caminhamos até o final da praia e depois voltamos, e repetimos mais outra vez. Isso deu alguns quilômetros de caminhadas, ai eu libertei um pouco os meus pés e caminhei descalço. Aí descobri que o seu nome é Iara, sua idade 18 anos, recém completados, me poupando por pouco por não ter assediado uma menor. Eu guardando a minha idade com 36 aninhos, para deixar numa oportunidade própria, onde ela se manifestasse em perguntar. Apesar de eu estar devidamente sarado e aparentado menos, eu iria falar a verdade, pois quando a gente gosta de uma pessoa, a mentira não tem vez. Descobri o local onde ela morava, São Leopoldo. Ficamos alguns dias nos encontrando e conversando, e nos conhecendo mutuamente, mas nem pensava em agarrar a sua mão. Mas teve um dia em que teríamos que atravessar Avenida Emancipação. Bem, pensei eu agora vou pegar na sua mão para atravessarmos a rua e depois eu pretendo continuar segurando-a.

Ela segurou a minha mão, Oba, senti que estava ganhando a minha gata. Atravessamos a Avenida cuidando dos carros, como se fossemos namorados e eu super feliz, e ao chegarmos ao outro lado, é claro que eu apertei mais a sua mão, pois eu tinha a intenção de continuarmos de mão dadas, e ai a conquista estava dando certo. Mas olha o que ela fez, deu um puxão e libertou a sua mão.

Puxa, senti que ainda eu não tinha conquistado a minha amada, pelo menos por enquanto. Mesmo assim pensei comigo mesmo, essa é a mulher que vou levar ao altar.

Os dias foram passando e com os vários encontros, já tínhamos dado um início de namoro, e agora andávamos de mãos dadas, passeávamos de moto, tocava flauta para ela. Como eu tinha um compromisso de ir até a praia de Santa Catarina, fizemos uma despedida, onde deixei um amor plantado. E a outra, qual outra? Já tinha esquecido. Ainda teria muita história para contar... mas vou resumir:  Estamos casados há quarenta anos e com duas lindas filhas, também casadas e eu continuo aos 78 anos ainda apaixonado. 
Scaramouche
Enviado por Scaramouche em 18/09/2021
Reeditado em 04/10/2021
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