O HOMEM LUA

Reza a lenda que a muito tempo em uma noite de inverno, apareceu em uma vila um homem com uma luz branca tão intensa que a todos encantava. Seu brilho abraçava o mar, iluminava o céu e alegrava os corações das donzelas inocentes.

O Homem Lua , diziam as anciãs, vagava em noites quentes de lua cheia, buscando carinho e alimentando-se dos afetos humanos, que com o seu luar brilhante atraia e enfeitiçava os corações carentes por amor. Ninguém sabe como ele surgiu, diziam que a lenda falava de um homem abandonado pela mãe, que não suportou a falta do carinho materno e roubou da lua seu brilho eterno. Com uma magia ele copiou dos pássaros a doce melodia e saiu a conquistar o máximo de amor das mulheres para alimentar a sua luz e assim preencher sua felicidade, mas não encontrando o amor desejado, ele as abandonavam sem vida, após sugar toda sua energia. Ele realmente sabia como conquistar os sentimentos de uma mulher, entoava o som dos pássaros livres, era bom de conversa, inteligente e manipulava a todos com sua aparência de menino sofredor. Possuía na voz um canto melodioso e triste, onde era quase impossível não se encantar e se deixar envolver, mas seus mistérios eram impenetráveis.

Certa noite, o Homem Lua conheceu uma garota muito sensível, que tinha belos e grandes olhos espirituais e se apaixonou por ela, envolvendo-a com seus encantos. Mas a menina com seu olhar profundo, sentiu que aquele brilho era falso e conseguiu observar através daquela alma, onde viu uma enorme tristeza e a terrível escuridão que reinava dentro daquele ser. Desesperado por ser descoberto, o Homem Lua adentrou a mata escura, apagando uma parte do seu brilho para se esconder da verdade e ocultar sua infinita carência. Em dias de lua minguante podemos ouvir seu lamento, que sopra através do vento sobre as ondas do mar, subindo as serras e indo até as cidades, uivando através das estradas solitárias, deixando aparecer apenas um luar pálido a sondar o caminho, na esperança de continuar suas conquistas e saciar sua dor.

A moça desiludida saiu pelo mundo a procura do Homem Sol, pois sabia que sua luz e seu calor seriam verdadeiros. Até os dias de hoje, podemos ouvir seus suspiros embalados pelo vento, que soam como poesias, vibrando nas cores da natureza durante cada amanhecer, aquecidos pelo desejo da verdadeira felicidade .