QUEM NÃO SABE SONHAR, DEIXOU DE VIVER

Era em uma noite como a de uma simples quarta-feira, outro dia qualquer, ou mais um na rotina, na qual estava debruçado sobre um velho panfleto de jornal, marcando uma cruzadinha, e lendo o fatídico e popular horóscopo, assim trancafiado dentro de meu quarto, e como de nota ouvindo uma música dos Beatles, que apesar de antiga, se mantém viva. Após tentar dormir, o sono negava-se a ocorrer, assim estava sobre a escrivaninha com um lápis entre os dedos, e o velho jornal o qual era apoiado em um livro filosofia. Junto de pensamentos que durante a noite, ou melhor, o avançar da madrugada adentro, costumam me voltar como em um lapso de recordação noveleira, com curtos momentos que um dia fizeram mais sentido.

Após uma pausa na música o silêncio rompe meu momento hipnose/cruzadinha, e ao clicar no mouse de meu notebook a tela a qual estava apagada, liga se, e percebo que a internet caiu, Ó, exclamo! Bela hora para cair, em um instante de fúria, penso, que saco, sem sono, sem internet, e sem muita vontade para ler, o que farei? Via na tela do notebook o pequeno relógio no canto esquerdo o qual marcava três e quatorze da madrugada. Levanto da escrivaninha, mas antes desligo o notebook, vou até a minha cama, cobertas entrelaçadas, lençol solto, travesseiro ao chão, os organizo, e sento sobre a cama. E como de hábito olho para meu pequeno quadro na parede aolado, o qual figura Santos Dumont em seu belo 14 bis.

Ali fixo meu olhar, quando ouço um pequeno barulho que quebra o silêncio tumular de minha madrugada, o som se parece como que alguém jogando pequenas pedras em um vidro, não dou muita importância, pode ser o gato enxerido do vizinho se acomodando na sacada da janela, mevolto a observar o pequeno quadro, e a imaginar-me dentro daquele avião, mas antes que consiga me concentrar o barulho volta a acontecer, penso, mas que gato enxerido, e assim levanto da cama.

Abro a janela com ferocidade e me deparo, com grande espanto, o ouriço Coragem, reconheci tão rápido quanto meu olhar o observou, estava ele encima/montado no meu cachorro, (Toper), o qual feito um cão adestrado obedecia aos comandos do pequeno extraterrestre, que segurava em uma de suas “mãos” alguns pedregulhos, e a outra segurava a orelha do cão. Oouriço, então fala: “Esse animal peludo sabe receber as visitas melhor do que você, humano‘racional’”. Penso comigo mesmo (quase três da madrugada e eu estou discutindo com um ser extraterrestre, na janela do meu quarto, montado em um cachorro, me chamando de mal educado), só posso estar sonhando, não pode.

Em um ato despretensioso fecho a janela, e recolho a cortina, e fico olhando para a o quadro novamente, mas com uma angustia no peito, segundos depois, rapidamente repuxo a cortina eabro a janela novamente, o ouriço estava ali passando a sua “mão” no fuço do cachorro, o qual parecia ser seu cavalo, virou se na minha direção e pulou sobre a base da janela, e agora passava a mão sobre um de seus pelos/bigode e como um detetive de filme, me analisa por um instante, e repentinamente exclama: “você não mudou muito fisicamente, desde a última conversa, parece até com mais cabelo, e menos barriga, mas continua rabugento em receber seus amigos”.

Meus ouvidos não acreditavam, mas meu olhar dizia que era verdade, então o disse: “Já que está pendurado em minha janela, queira entrar, o que acha de um café, ou chá? Têm ovos, aceitaum para o desjejum da madrugada, ou quino-a, painço ou cenoura” Ofereci o que me veio à mente.

Ele pulou para dentro do quarto, e com as suas “mãos” voltadas para trás, cabeça para baixo, começou a andar em círculos próximo de mim, e sem muita cortesia, fez a seguinte pergunta: “Jhony, imaginação ou fantasia, delírio ou motivação, o que escolhe para tua vida?” Sem perder tempo, faço outra pergunta: “Você veio do ‘espaço’ me falar de autoajuda?” O ouriço sacode o que chamaria de rabo, movimenta a cabeça para os lados, e por um breve instante olha fixamente em meus olhos, achei que o ouriço iria falar algo, mas ficou em silêncio.

Virei-me para fechar a janela, pois entrava um vento calmo, mas gelado, bem como esticar a cortina, e quando virei-me na direção da cama, lá estava um extraterrestre/ouriço, deitado em minha cama, parece até gente, ironizei: Ele abriu um de seus olhos e falou: “A palavra que falta em sua cruzadinha para completar o item 10 com seis letras da pergunta ‘qual o grupo de elemento predominante na tabela periódica, são: os metais’, quanto ao seu livro de filosofia, percebo que está se instruindo, humano ‘racional’, agora apague a luz”. Ah não acredito, um extraterrestre invade minha madrugada, furta minha cama, e me dá ordens! Abro meu guarda roupas pego um travesseiro, e um velho cobertor e vou dormir na sala, resmungando claro.

O sono foi tão bom no restante da madrugada, que ao despertar vagarosamente no dia seguinte, e pensando que foi mais um sonho de minha madrugada, entretanto logo meu olfato percebe um belo cheiro de ovos mexidos com queijo, tão rápido quanto um raio abro os olhos elevanto do sofá, pensei quem está fazendo o café. E o pequeno ouriço estava encima do fogão, fazendo o café da manhã, ele olha para mim com firmeza e exclama “Você ronca”. Depois desse bom dia ouriçado, ajudo-o a finalizar o café. Falei para o ouriço: “Achei que comia vegetais” Ele semmuita demora respondeu: “Você acha muito e raciocina pouco”. Com a minha xícara entre as mãos e um tanto encabulado, tomo o café como quem aprecia um bom vinho, devagar e suavemente, os momentosali a mesa, naquela manhã, exultavam o que a muito não sentia, uma paz, ao fazer a refeição matinal com alguém tão desconhecido como conhecido.

O ouriço que tem aproximadamente uns trinta centímetros de altura por uns oito de largura, recoberto por pelos que se assemelham a espinhos, um nariz fino e pontiagudo, um olhar escuro, sem falar nos pequenos pelos que se conformam como um bigode acima de sua boca, somado a cor marrom com toque escuro ao final dos pelos, demonstram parecer muito com um ouriço, senão fosse sua forma ereta de andar com, suas patas pequenas e arredondadas nas pontas, e um pequeno rabo que como se tivesse personalidade própria mexe-se com muita energia, dependendodas reações do ouriço, ele até o bate ao chão. Possui uma fala suave e firme como a de um coach, suas “mãos” assim como as patas, são pequenas, e com “dedinhos” finos e longos.

Ao finalizar o café, o ouriço, em um ato icônico faz algo estranho até para mim, ele solta um leve sorriso, com a seguinte expressão: “Finalize seu café, hoje vamos conhecer um velho amigo”. Ao ouvir essa mensagem, em um único gole, finalizo o café, corro ao quarto, tiro o pijama, e tão rapidamente pego a minha calça jeans, minha camisa de poliamida, e minha mochila, e sem muito pensar, junto coloco dentro o livro de filosofia que sobre a escrivaninha se encontrava entreaberto. Voltei a cozinha e o ouriço que estava de pé sobre um velho armarinho que fica ao lado do fogão,simplesmente estalou o que seria seus dedos, e meus olhos escureceram rapidamente e como se houvesse mergulhado em um abismo, meu espirito se libertará, uma sensação tão estranha, que minha vontade era de rir, gritar, sentia como se o tempo parasse, meu mundo era sem luz, nada sentia, a minha fala não saía.

E quando até a minha “consciência parecia haver apagado”, senti como que alguém gritando, e batendo em meu rosto, e neste instante comecei a sentir a dor, lembro-me da dor como um sentimento de que a vida voltará, e com a visão ofuscada, e um gosto amargo em minha boca, percebo aquela emblemática figura do ouriço em meu peito, batendo e chamando por meu nome. Quando meus sentidos recobraram-se, o ouriço falou-me: “Você precisa aprender a dominar sua mente, ou não será capaz de ir além do cravo que há em seu nariz”. Um tanto tonto ainda e com as pernas bambas me levanto, e começo a observar que o lugar que estou não é mais minha casa, e simum lugar quente, muito quente, com uma vegetação de grandes árvores, e com sons das mais diferentes formas de bichos, pássaros, macacos, cachorro do mato, lebres, grilos, e logo senti que estava com a camiseta molhada de suor.

Pergunto ao ouriço: “Como viemos parar aqui? que lugar é este?” E ele responde: “Não reconhece, é a ilha de Madagascar, como chegamos aqui será um mistério” E colocou se a caminhar rapidamente com as “mãos” para trás, com seu olhar altivo, e dizendo: “Vamos Jhony, vamos que meu velho amigo me aguarda”. Ponho-me a caminhar ao lado do ouriço, em um gramado denso, e aos poucos vamos adentrando em uma mata mais fechada, e sem nenhuma habilidade de animal selvagem, ops, de ouriço/extraterrestre. O mato vem como batendo no meu rosto, e assim um arranhão no braço, ou um mosquito contornando minha cabeça, ou um pernilongo me picando na nuca, sem falar no calor que fazia tudo ficar mais tenso, e quando não eram os bichos, era um escorregão, um tropicão. O ouriço que ia a frente, via com graça e seguia sem sequer dizer algo. Após uma caminhada de uma hora aproximadamente, chegamos a um grande lago, rodeado por árvores frondosas, e com diversas espécies de flores em seu contorno até quanto à vista alcançava.

Corri a margem do lago, e me atirei dentro dele, não era fundo. Enchendo a palma da mão com aquela água transparente, fresca, bebia como um camelo que atravessou o deserto, o ouriçoque estava próximo da margem, resmungava algo como: “A felicidade não consiste em adquirirem em gozar, mas sim em nada desejar, consiste em ser livre”. Ao procurar ouvi-lo sai do lago, caminhamos sem nada dizer um ao outro mais alguns minutos, eu já me encontrava mais tranquilo, com o corpo refrescado/molhado e sem os benditos pernilongos ao redor, um terreno plano e com gramíneas de um verde claro eram nosso trajeto.

Aproximamos-nos de uma árvore, maior que qualquer outra que recordo ter visto, era um grande Baobá, símbolo da ilha, e mal conseguia ver a copa, da imponente árvore que ficava escondida entre as nuvens do céu, o ouriço bateu duas vezes com certa suavidade no tronco, bem junto da raiz que se estendia ao redor da árvore, e uma porta pouco maior que o ouriço se abriu no meio do tronco, era uma porta muito bem camuflada, não imaginaria algo ali, nem que estivesse com uma lupa em mãos. O ouriço entrou e fez sinal com sua “mão” para acompanhá-lo, para ele que é pouco maior que um rato é fácil, me exprimindo naquilo que para mim era a porta da casinha do meu cão, com tantos arranhões quanto possível e um contorcionismo circense consegui entrar dentro da árvore.

Quando me virei para trás, ao entrar na árvore, contemplei o brilho que fazia dentro da árvore, era extraordinário, meus olhos doeram com a luz, luz que para mim era o sol, tão próximo de mim estava, a luz irradiava do cume, como se o sol estivesse estacionado na copa da árvore. Dada a surpresa, e a vastidão que era dentro da árvore, e com um silêncio que era rompido apenas pelas passadas das patas do ouriço, que seguia tranquilo em direção a uma rosa que estava a alguns metros a sua frente, o chão era recoberto com uma grama esbranquiçada, algumas borboletas azuis, ornavam o lugar, indo ao “topo” e retornando próximo do solo. Em um susto percebi que perdi minha mochila no caminho, e certamente tenha sido no resvalar, que tive na mata, agora como farei para capturar uma daquelas belas borboletas, ao menos para saber que isso era verdade e não um sonho.

Após, ver que não teria como pegar as borboletas corri até o ouriço, o qual tocou em uma das pétalas de rosa e eis que um estalo pequeno, mas profundo rompeu novamente o silêncio, e uma voz fina surgiu atrás de nós, eis que era um velho ganso, com um chapéu de veludo e um óculos quadrado, com uma sutil maneira de caminhar. O ganso disse “Distante amigo, Coragem, viajante do Universo, pontual como o movimento heliocêntrico”, o Ouriço prontamente o respondeu: “A vida é muito curta para que pequena a seja, o tempo é fundamental, bom amigo Luciano”. Neste momento o ganso virou-se para mim e perguntou: “Quem é o humano desajeitado?”. Senti-me provocado e respondi antes do ouriço. Ironizando o ganso, claro. “Sou conde, Jhony o grande”. O velho ganso, sem pestanejar, “Nunca ouvi falar de você, me responda o que é conde?”, um pequeno gaguejo saiu, com a seguinte resposta: “É um homem rico”. O ganso ficou com uma expressão de pensativo e falou olhando em direção ao ouriço: “Coragem, o que busca na ilha dos Baobás?”.

“Luciano, bom amigo, quero que abra seu velho baú, e nos leve para o passado, até o filósofo Epicteto”. Eu sem saber o que estava se passando perguntei ao ouriço, que estava ao meu lado, eao ganso que se encontrava alguns centímetros distante: “Isso é um sonho?” Ambos ignoraram a pergunta, o ganso Luciano então: “Farei o que pede caro amigo”, repentinamente o ganso cospe ao chão, e a grama seca instantaneamente em um pequeno quadrante, e emerge do solo árido um caixote, muito velho, com correntes em seu entorno, não era grande, mas parecia ser muito pesado. O ganso se aproxima do caixote e passa uma de suas asas por cima do mesmo, que começa a abrir lentamente, tanto eu como o ouriço apenas observávamos, eu mais curioso, o ouriço calmo,sereno sem demonstrar nenhum tipo de emoção.

De dentro do caixote uma luz tão intensa e poderosa emana, parecia que o próprio sol morava dentro do caixote, os meus olhos arderam, e em um breve instante fiquei “cego”, quando retomei a visão estávamos em outro lugar, quando dei por mim, percebo que não era mais oco espaço dentro da frondosa árvore e sim, Roma, (pelo olhar Roma Antiga), bem em meio à uma rua movimentada, cheia de mercadores, vendendo os mais diferentes produtos de sementes a vasos de barro, de tapetes a passarinhos, entre um tumulto de pessoas, e guardas romanos, estávamos cercados. Luciano ganso e o ouriço Coragem parecem muito familiar com o lugar que estávamos ambos tomam a frente e vão caminhando eu ali ainda sentado, me recomponho e vou atrás deles, em passos largos, quando percebo o intenso movimento da rua cessa, e adentramos a uma casa rústica, de gravuras entre as paredes, escura e silenciosa, o sol que fazia até adentrarmos o local, perde seu vigor, tendo-nos apenas uma claridade pequena que entra pelas frestas das madeiras do telhado.

O lugar, que até nossa entrada estava em um profundo silêncio perde-se, com a voz de um homem falando em tom moderado, o qual avistamos ao entrar em um dos cómodos da casa, era um anfiteatro, no qual muitos homens se amontoavam para ouvir outro homem, com aproximadamente a estatura de um metro e setenta, uma barba enrolada, um perna manca, apoiado em uma rústica muleta, cabelos lisos, com um semblante sereno, porém sério. Logo nos avistou e convidou para entrar e tomarmos um lugar junto aos demais. O ganso e o ouriço ficaram mais a frente eu fui bem atrás nas últimas fileiras.

Então reconheci era Epicteto, filósofo de magistral envergadura, o qual a muito ouvi falar em tempos de escola. Sua fala sobre o que está sobre o domínio do homem e o que não está era deuma nítida argumentação, profundo e sensibilizador, que mesmo meus ouvidos atentos, não conseguiam captar o que o teor de suas palavras teciam, assim fiquei admirado. Após meia hora de filosofia, ele finalizou, e pouco a pouco a sala vai ficando vazia, restando eu, o ganso e o ouriço. Epicteto parecia conhecer tanto Luciano quanto o Coragem, e indagou ao Ganso:

- Quem é o jovem que vos acompanha?

- Ah, este é amigo do Coragem. - Disse o ganso.

- O que desejam comigo para com o jovem?

Coragem toma a palavra e expõem, Epicteto dá uma volta no jardim com ele, e fala sobre a brevidade da vida e a coragem de viver. Epicteto, apenas acena com a cabeça, e diz ao ganso e ao ouriço:“Na sala ao lado há um prato de mingau e cevada, sirvam-se enquanto falarei com o jovem”, Luciano e Coragem, como em um sorriso, breve vão em direcção a porta, e como dois amigos de longa data, conversam entre olhares, e em um piscar de olhos, estão fora do alcance de minha visão, deixando me aços com Epicteto. Epicteto pega a sua muleta que estava encostada ao lado, em uma parede, e com um caminhar vigoroso apesar da (deficiência), toma a frente, e com ele, sigo ao seu lado, vamos em direção aos fundos da casa, e chegamos a um jardim, com diversas árvores e um trajeto em pedregulho para caminhar.

Epicteto, pergunta meu nome, e olhando firmemente em meus olhos, indaga-me: - O que sei sobre chaves? - Achei estranha a pergunta, e ele continuou, - As chaves de ferro são melhor que as de madeira, ou não?

- Sim concordo. - Ele prontamente, - as chaves grandes e outras pequenas, ou são todas iguais? - Achei chato falar de chaves, mas deixei continuar, - Sim as chaves são diferentes.

- Toda porta tem uma abertura com chave, ou não?

- Sim respondo. -E ele para de caminhar olha para mim novamente e fala.

- Que chave abre a mente para vermos o universoque está escondido, pela nossa cegueira? -Pergunta estranha pensei e disse:

- Qual cegueira, / ele: a cegueira de não vermos a vida como vida, e não como imortais que acham que irão superar avida, / suas palavra me deixaram sem resposta/ então ele complementou, um chaveiro pode fazeruma cópia muito boa, mas jamais vai ter a cópia da chave que abre a felicidade particular a cada ser humano.

Olhei para o chão, para os lados, para o chacoalhar das árvores com o vento, e nada de uma resposta me vir à mente. Epicteto:

- A chave que fará você abrir a porta do seu pensamento está dentro do estudo continuo e intenso de perceber que a coragem de nossas vidas é uma chave, de que a covardia denuncia a falta de virtude, que o semblante desgostoso demonstra a ausência de amor próprio, e que a lamuria é um choro sem lágrimas que em nada ajuda, mas sim atrapalha, de que ou vive se a vida com coragem, ou more se a margem da praia com medo de a água salgada do mar ser um veneno para o corpo.

Meu ouvido sentia as palavras de Epicteto entrar, meu coração não, meu cérebro voava em pensamentos, meus dedos úmidos de suor, tornavam-se trémulos, e sem nada dizer, sentei no chão, Epicteto olhou-me, e sem muita reação, disse-me: “O chão é um conforto aos medrosos, já as nuvens um louvor aos que ousam continuar caminhando mesmo em tempos escuro”. Levantei e seguimos até novamente revermos a casa, Coragem e Luciano, estavam a nossa espera. Epicteto, apenas disse a ambos:

- Belo dia é o dia de caminhar. - O ganso e o ouriço, se despedem de Epicteto com um breve olhar, Epicteto vai caminhando para dentro da casa.

Luciano olha para o Coragem e pergunta:

- Vamos embora?

- Sim – Responde o Coragem. Olham para mim, e perguntam:

- Onde está o sol, em qual ponto do céu? - Ao olhar para o céu observo o sol ao sul, e quando volto o meu olhar para os mesmo, sinto um embaraço na vista e tudo escurece.

Quando começou voltar minha visão, percebo que estou debruçado sobre a minha escrivaninha, com o relógio marcando três e catorze da madrugada, me assusto, pois estou no mesmo local que estava quando me recordo da aparição do ouriço Coragem, (estou tendo alucinações, me questiono?). Levanto me dá escrivaninha abro a janela e apenas meu cão deitado abaixo da janela, em um sono profundo, o céu estrelado, e um agradável silencio da madrugada.

Meu Deus o que houve que nada parece ser verdade, sem nada entender vou à cozinha, ascendo à luz, e sobre a mesa está um bilhete, com a seguinte frase, “No mundo da vida fazer acontecer é o doce da vida, no mundo do sonho o dissabor do não sonhar é a amargura do não acontecer”, de seus amigos Coragem/Luciano/Epicteto. Ao ler o bilhete recordo de cada momento que sonhei/realizei com eles, e ali então ali, sinto que a minha vida começou a mudar. Como será aqui para frente, é um desenho que mais uma vez meu velho amigo Coragem, teceu em meu monótono mundo. Até breve Coragem, estarei a te aguardar/ sempre deixo na geladeira um pires com biscoitos de manteiga aguardando a visita de um amigo tão perspicaz quanto o brilho de um argumento que nos faz mudar de mundo.

E a sua vida? Já começou a mudar, ou tudo ainda é um sonho de não acontecer?

asterix
Enviado por asterix em 16/10/2020
Código do texto: T7088885
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