O RIGOROSO INVERNO AQUI NO RIO GRANDE DO SUL

Sou do RG do Sul, estou com 72 anos e vou falar do sofrimento que este pessoal que trabalhava nas lavouras passava aqui, eu resolvi escrever sobre estes acontecimentos, que é interessante, ainda tem gente que pode contar coisas que nunca foram contadas, a maioria da população não sabe que isso existia isso é um causo veridico

Nós estamos no mês de setembro e ainda sofremos muito com o frio e chuva, porque aqui o inverno é rigoroso, vai frio até a entrada da primavera. Hoje a população, principalmente os trabalhadores rurais e da campanha que mais sofre,mais nessa época de frio aqui no Sul, esse pessoal que lida com gado e outros com plantações, porque o inverno é longo e muito frio mês de junho, julho, agosto e um pedaço de setembro é de renguear cusco, cai gelo, geada e muita chuva, a gente sofre muito com este rigoroso inverno no campo e nas grandes lavouras de arroz e grandes plantações de verduras e outras plantações. Antigamente os peões sofriam mais, nos anos de 1950 a coisa era muito feia, nas lavouras de plantação de arroz e colheitas eram tudo plantado manualmente, não existiam maquinários eram lavradas grandes lavouras a boi e colhidas com carretas de boi e trilhados com trihadeiras trabalhavam muitos peões na épocas de plantações e mais ainda na colheita de arroz, porque o Rio Grande do Sul é um dos maiores produtores de arroz do Brasil. Então na época das colheitas que eram muito grande vinham muitos peões de outras comunidades e ficavam nos galpões por três, quatro meses acampados dormindo em cima de umas tábuas como se fossem camas e cozinhando em fogo de chão, trinta, quarenta homens em cada galpão e passavam frio que nem ratos de igrejas , fogo era feito no chão, cozinhavam com vários fogos de chão , as panelas ficavam pendurada nas árvores, não tinha prateleira, mesmo porque só tinha uma panela e uma caneca cada um, o café era feito numa cambona ,encheia a cambona de água e encostava na lavareda e colocava pó de café, fervia, metia um tição de fogo aceso dentro da cambona para a borra ir para o fundo, tipo café de tropeiro, a mistura do café era um tal de orelha de negro, que era feita de farinha de trigo com água e sal, colocava um pouco de graxa de gado no fundo da panela e quando estava bem quente derramava aquela farinha com água na panela e só virava, que nem vira massa da panqueca, sapecava e estava pronto para comer, leite nem pensar ,comida era arroz feito com graxa de gado e mistura não tinha, era só arroz puro ou com uns goles de café , feijão não conseguia cozinhar porque demorava muito cozinhar em fogo de chão , carne dificilmente comiam porque não tinham geladeira e nem açougue para comprar carne era um deus me acuda, eu convivi com esta gente, todo este tempo que estive no campo e nas lavouras eu pude presenciar tudo isso que estou escrevendo, a miséria era muito grande , agúa só na cacimba ou na sanga, quando anoitecia eles iam para os galpões esquentar fogo e contar causo até a madrugada, pois era muito frio para deitar e quase não tinha coberta para se cobrir. Esse pessoal não passeava, porque não tinha dinheiro nem roupa e nem calçado, hoje quando conto esses causos para os filhos e netos eles dão pouca importância, acham que era tudo como hoje , antes não tinha rádio, telefone, televisão, geladeira, micro ondas, não tinha luz elétrica, nem água encanada e nem banheiro, era muita dificuldade, mas hoje, com tudo isso, eles ainda reclamam que a coisa está ruim, mas hoje esta bom demais a única coisa que ainda é bem ruim é esse frio aqui no Sul.

Agradeço ao recanto das letras por me dar a oportunidade de escrever meus contos.

Pedro Adiles
Enviado por Pedro Adiles em 23/09/2019
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