O homem que foi arrancar o dinheiro e foi encontrado enforcado

Conheci o Seu Esperdiao que era um benzedor, fazedor de sabão, e alambrador. Ele era muito conhecido por todos nas redondezas e também gostava de contar façanhas, tinha um petiço doradilho. Nos tinhamos um armazém e ele fazia as compras lá , De 10 a 15 dias ele lá no armazém comprava um saco de pão torrado, porque isto eram lá pelos anos 60, ele morava muito longe deveria ser 1 legua e meia ou talvez 2 leguas e não existia padaria nem mercado por perto na época e a salvação era pão torrado. Seu Esperidião tinha uma família grande e eram muito pobre, então às fazendas pediam para ele ir na fazenda fazer sabão e doavam em troca alguns mantimentos, assim funcionava antigamente e assim era a vida do Esperdiao. Quando uma pessoa adoecia chamavam ele para benzer lá ia o Esperdiao no seu petiço doradilho, estragava as cercas lá chamavam o Esperdiao e pior que não existia telefone.

Um certo dia ele estava numa fazenda fazendo um alambrado e conheceu um peão que trabalhava na fazenda e ficaram amigos e os tempos passavam, em um certo dia este amigo que se chamava Zezinho , foi na casa do Esperdiao fazer uma visita e lá na casa ele disse que tinha um assunto muito importante para falar com o Esperdiao, mas era muito segredo, saíram para fora da casa e foram conversar de baixo de um arvoredo e lá conversaram por muito tempo depois o Zezinho despediu- se e foi embora, mas os familiares com o tempo foram estranhando que o Esperdiao andava muito estranho e perguntaram o que estáva acontecendo e ele respondeu nada não , passado algum dias ou um ou dois meses ele foi visitar o Zezinho e lá passou o dia pois era bastante longe, chegando em casa bastante tarde a família estava preocupada, então a esposa dele que chamava Ponsiana “ o que aconteceu quê tu chegou tao tarde Esperdiao, alguma coisa está a acontecendo”. E o Esperdiao falou “foi nada não Ponsiana é o petiço que está meio estropiado”. Ele morava na beira de um arroio quê se chamava arroio da Divisa , este arroio tinha uma ponte e nesta ponte contavam quê aparecia uma assombrações que era a tal negra Antônia, nos eramos pequenos e morria de medo ,na beira deste arroio tinha muita mato Criolo e também eucaliptos quê o Esperdiao plantou , os familiares contava que as vezes ele entrava mato a dentro e sumia levava horas para voltar era muito estranho, passado algum tempo ele avisou a Ponsiana: “hoje a noite eu vou fazer uma caçada, aí ela pergunta quem mais vai contigo, e ele disse: ninguém não vou só. Quando começa anoitecer ele pegou uma pá uma picareta , quando ele foi saíndo a Ponsiana perguntou não vai levar a espingarda? Não vou levar não, vou caçar tatu e vou levar o piloto que era o nome do cachorro e se mandou e em seguida entrou no mato e não foi mais visto. A noite chegou a Ponsiana que tinha um filho especial, tomaram um café e ficaram a espera do Esperdiao e as horas foram passados e nada do caçador chegar e veio a madrugada e nada e veio o outro dia e nada, ela apavorada com a situação foi na casa do outro filho que morava alí por perto e disse: O teu pai saiu ontem a noite para caçar e não apareceu até agora , aí o filho que chamava Abraão saltou em um cavalo e saiu a procura do caçador, o mato era muito grande e tinha pouca visibilidade porque tinha muita mata nativa e só a pe para andar dentro do mato e o Abraão não conseguia achar o Esperdiao , Abraão teve que sair e pedir ajuda e comunicar os vizinhos e parentes o desaparecimento do Esperdiao aí veio um mutirão de gente entraram mato dentro a procura, a noite veio novamente e nada . Nessa época não existia corpo de bombeiros nem patrulha para ajudar na procura, o pessoal continuava procurando até que a tardinha ouviram o latido de cachorro , O Abraão lembrou: E o cachorro do papai e gritou pelo nome: Piloto, e o cachorro em seguida apareceu meio assustado com aquela quantidade de gente e festejando. O Abraão faceiro retornou ao mato e o pessoal seguiu atrás caminharam bastante até a beira de um córrego e lá encontram o Esperdiao enforcado num pé de taruma, árvore nativa de lei , e deu-se a aquele alvoroço: “ta morto, tá morto, mas ele estava com o corpo no chão e a cabeça encostada sobre uma árvore e a corda no pescoço. Ele estava desacordado, mas ainda com vida improvisaram ama maca com tiras de imbira e colocaram ele encima e foram providenciar uma carroça para levar ele para casa. Chegando em casa deram uns chá até ele acordar nessas alturas ninguém sabia o que tinha acontecido com ele, médicos ninguém chamou pois era muito difícil médicos nessa região o tratamento era na base do chá o maior problema era acordar ele é saber o que tinha de fato acontecido com ele e como ele enforcou-se se ele nem corda levou, até aí ainda era um mistério. Passado uns dias ele acordou mas custou muito a falar , ele a mulher e o filho moravam numa casa tipo um galpão grande sem forro então amarraram uma corda na linha do galpão que servia para ele agarrar e sentar na cama, lá pelo uns dias mais ele tentou falar pois estava muito debilitado devido os dias que ficou na mata não sei como não morreu e o que todos admiram e ninguém fez denuncia, não houve investigaçao nada. Corria tudo pôr conta do beleléu , as pessoas sobreviviam porque eram muito fortes porque não tinha recursos, a população pobre sofria muito e sofre até o dia de hoje com a saúde e a segurança dá maneira que está , por exemplo o Esperdiao doente sem poder trabalhar sem INPS era difícil de sobreviver, então se tivesse de tomar remédio nem se fala, passado mais uns dias ele começou a dizer algumas palavras, por sinal porque por escrito não podiam se comunicar porque eram todos analfabeto na casa, então os familiares e amigos comentavam será que ele tentou enforcar-se? Ninguém queria acreditar em suicidio.

Um certo dia de manhã cedo a Ponsiana foi dar o café a ele e ele olhou para a ela e disse meio embaralhado: “ Zeeeziiinho” e não falou mais nada, a mulher ainda tentou sem sucesso ajudar ele falar mais alguma coisa, mas ele se calou por algum tempo, daí a Ponsiana foi na casa do filho que morava próximo a casa deles e comentar sobre a palavra quê ele tinha dito ficaram muito coriosos com o nome do Zezinho que ele pronuncio , uma porque eles não conheciam muito o Zezinho porquê o Zezinho trabalhava na fazenda do Mario Lessa bem distante da casa que eles moravam e outra só esteve uma vez na casa deles, mas o Esperdiao foi melhorado e dizendo mais algumas coisas mas ele mesmo não entendia o que teria de fato acontecido com ele. Eu que estou contando este causo tinha um tio que se chamava João Corrêa que morava adiante de onde o o Esperdiao morava e por quase todos os dias ele passava na frente da casa dele para abrir uma porteira e chegava na casa para fazer uma visita ao Esperdiao porque ele gostava muito dele e ele também benzia as lavouras do meu tio o meu tio era muito calmo e ajudava ele no que podia ajudar e tentava arrancar dele o que tinha acontecido. Um certo dia ele começou a contar para o meu tio que disse em casa que na noite que ele saiu para caçar na verdade ele não foi caçar e começou a chorar emocionou-se e não falou mais nada sobretudo o que havia acontecido. Joao Corrêa despediu-se e foi embora, saiu pensando o que poderia ter acontecido com o Esperdiao, chegando na casa do meu pai ele comentou com o meu pai o que ele tinha dito ,

O pai na época era espetor de polícia mas não quis ouvir ele porque ele estava muito debilitado e iria prejudicar mais a saúde dele .Um certo dia o meu pai convidou o meu tio para fazer uma visita ao Esperdiao para ouvir o que ele contava sobre o que tinha acontecido na quela noite que ele tinha dito que ia caçar e de fato não foi caçar não, o pessoal da redondezas que o conheciam achavam muito a falta dela pelo serviço que prestava e sua honestidade, além de benzedor e fazedor de sabão.

Neste dia que meu pai foi visitar ele, a Ponsiana comentou com o meu pai que ele falou o nome Zezinho o meu pai conhecido do Zezinho porquê nós tinhamos armazém e ele fazia compras lá no nosso armazém, mas o meu pai nem cogitava que o Esperdiao conhecesse o Zezinho pois era muito longe e tinha que atalhar por dentro das fazendas para ir lá no Esperdiao, mas naquela região só existia este Zezinho. O Esperdiao falava pouco e a voz saia muito fraca e ele não conseguia nem levantar da cama só ficava deitado e as necessidades fazia toda na cama ,bom nesta conversa que meu pai e meu tio tiveram com ele o meu pai perguntou sobre o tal de Zezinho ele olhou para o meu pai e correu lágrimas dos olhos e respondeu baixo é o Zeeeziiinho, que de ele não vi mais ele , ele estava muito confuso acho eu e outras pessoas que de fato nunca tinham contado para ele o que tinha acontecido que ele estava enforcado e desacordado , os familiares dele contavam que ele não queria falar nem comentar sobre o assunto quando falava no assunto ele ficará quieto,o meu pai se dava muito com ele e ele estava seguindo lá no nosso armazém e também fazendo sabão porque meu pai carneava gado gordo e tirava muito sebo, meu pai tinha um apego grande por ele e por ele ser mais velho, meu pai voltou a falar novamente no Zezinho, e perguntou más o senhor conhece o Zezinho , ele respondeu conheci ele na fazenda do Mario Lessa, e ele já esteve uma vez aqui em casa meu pai ficou cabreiro e disse: Tem algo nesse meio. Meu pai fez a pergunta a ele mas o que tem o Zezinho nesta estória? O Esperdiao ficou em silêncio por alguns segundos e , respondeu: “seu Divino, este era o nome do pai , e então ele disse: Eu saí aquela noite para caçar mas não fui caçar não, na verdade eu e o Zezinho tinha sonhado com um dinheiro enterrado e combinamos de arrancar este dinheiro ,por isto o Zezinho esteve lá em casa uns dias antes,naquela noite nos nos encontramos lá na beira do arroio para arrancar o dinheiro e andamos mato a dentro para achar o lugar certo onde estava o dinheiro enterrado que era aonde tinha três pés de amarilho , então começamos a cavar ,o Zezinho tinha uma lanterna ele alumiava e eu cavava ou vice e versa até que encontramos a dica que era um crucifixo mais adiante, batemos na panela que era de barro , começamos a cavar dos lados até que arrancamos a panela tiramos para fora do buraco mas era muito pesada então abrimos e era muito ouro disse eu e o Zezinho: “Meu Deus o que vamos fazer com todo este ouro” , nisto o Zezinho sai e vai pegar uma bolça que ele tinha trazido e eu fiquei olhando o ouro e o resto eu não sei mais o que aconteceu Seu Divino. Meu pai despidiu-se dele e foi até a casa do filho o Abraão e delatou o que ele contou, o Abraão contou para os outros familiares, meu pai foi até a fazenda aonde o Zezinho trabalhava e o Zezinho já Não estava mais na fazenda , então o meu pai foi falar com o Mário Lessa que era patrão dele e disse que ele tinha sumido da fazenda sem comunicar ninguem, até hoje ninguém soube do Zezinho. E o Esperdiao morreu paralitico em cima de uma cama em sua casa.

Pedro Adiles
Enviado por Pedro Adiles em 04/01/2018
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