O seu Pedrinho

Este seu Pedrinho era uma pessoa muito engraçado pequeno e era um pau para todas obras, trabalhava com corda de couro trançado, fazia laço trançado, sovéu torçido, busal, redias de domar para potros chucros e gostava de fumar cigarros de fumo em rama e Tomar chimarrão de madrugada também era alambrador e consertava cerca na fazenda e nos dias de chuvas aproveitava para fazer cordas como diz a música de Valter Morais: ” Dia de chuva” e ainda sobrava tempo para correr carreiras pois tinha cavalos muito bons que na época vinha da Argentina. As fazendas desta região usavam muito trazer reprodutor da Argentina e acasalar com as éguas da nossa regiao.

Ese seu Pedrinho era compadre do meu pai, quase todas noites de lua cheia ele aproveitava a lua clara que clareava os campos a noite para ele ir lá em casa contar causos e cortava os campos a pé, ele era muito engraçado, era capataz da fazenda e domava todos os cavalos da fazenda. Era redia do seu Pedrinho quase tudo que ele fazia dependia da lua, o cavalo não podia enfrenar na lua nova porque ficavam babão, madeiras para cortar tinha que ser na minguante pois se fosse em outra lua carunchava. Este seu Pedrinho tinha 16 filhos 6 eram homens e o restante era mulher cada filho homem tinha um cavalo na estrebaria. Quase todos eram ginete e domador de cavalos, um dos filhos que chamava Fernando era muito ruim nos arreios e o cavalo largava velhaqueando, ele agarrava na cabeça do areio e o seu Pedrinho gritava: “larga a cabeça do arreios” e chamava ele no reio. Ginete não pega a cabeça dos arreios.

Este Fernando filho do seu Pedrinho tinha uma égua mestiça a crioula que era muito tropicadeira e peidorreira e todas as vezes que a égua tropicava e dava um salto e um peido porque sabia que o laçasso vinha, era muito gozado. O seu Pedrinho era amigo e contador de causos, quando ele saia tarde da noite lá da nossa casa ele gostava de olhar para a Lua e dar a previsão do tempo entao ele quase sempre comentava: “Minha mãe morreu numa Lua cheia”. Ele criou os 16 filhos, depois de velho já com 80 e poucos anos enforcou-se com um cabresto que ele mesmo fez numa linha do galpão. Na época ele morava com um filho mais velho porque os outros tinham ido embora para a cidade e calcula- se que se sentiu muito sozinho e cometeu o suicidio.

Pedro Adiles
Enviado por Pedro Adiles em 21/11/2017
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