Farta Colheita

Já era quase noite, a lua tava pronta para mostrar seu brio naquele céu de meu Deus! as galinha se agrupava no puleiro e Marquinhos na sua imensa agilidade ainda não tinha chegado.

Sempre gostei de fazê meu serviço, mas cês sabe como as coisa são, a idade vem se achegando, as perna fica mais parada, sem contar que os ânimo diminui por dimais.

As criança tava de espreito na janela, espiando com atenção a porteira, tava todos a espera do irmão. A muié que tamém esperava pelo minino, tava na cozinha com seu radim de pia ligado, ouvindo um som meio confuso que parecia mais um monte de abéia.

As hora foram se passando, e o lampião já alumiava os cômodo da casa quando iscutei o baruio da carroça aproximando, as criança mais que depressa foram ao encontro do irmão, a muié que cuchilava com o radim na mão despertou com o grito dos minino. A festança tava armada, marquinhos havia chegado com os ovo que foi buscá na casa de cumpade Zé Ferino. Ele morava lá pelas bandas do Arraia do Boi Manso, pertim da ponte veia. O caminho era longo e a estrada estava cheia de buraco e barro por curpa da chuva que dispencou a uns dias atrais, mas mermo assim eu havia de honrar meu cumpromisso com meu cumpade.

Mas chega de prosa e vamo ao que interessa di verdade. A caxa foi colocado em cima da mesa, mariazinha veio com as vasia pra mode a gente fazê a separação, já estavam todos preparados.

Luiza (a muié que falei agurinha), foi pro fogão que já tava aceso e ponhano mais lenha deu inicio a janta, e dessa vez o radim tava sem pia, isso porque ela gostava de ouvi e ver as risada dos neto. Fiquei sentado numa cadera bem espaçosa, com meu pito na boca, de modo que via cada movimento das criança; até o piriquito ficô pertim da mesa com as oreia de pé tentando participar da farra. Esse cachorro era muito bão pra nós, ajudava a cuidá dos animar da fazenda.

Depois de muita bagunça e agitação, as criança começaram a colheita dos ovo, era clara pra cá, gema pra lá e a bagunça tava armada. Esse era o dia mais isperado pela mulecada, afinar de contas os ovo era farto, a bagunça era liberada e sem contar que os meninu adorava esse veio avô.

Após a seleção dos ovo, a sujeira era garantida, as mão melecada com a mistura da clara com a gema, as ropa tudo manchada, a mesa tava que era uma belezura, mas tava tudo separado, os inteiro em uma vazia e os quebrado em outra.

Eu fiquei ali de espreita, fazendo minhas conta, pensei no valor dos ovo no mercado da cidade, comparei com o preço do meu cumpade, contando com o transporte e com a quebra di mais da metade da mercaduria. Luzia com sua língua teimosa feito um burro chucro, dizia que não valia a pena, sendo mais vantagem comprar na cidade. Eu parei, pensei e repondi a ela que se eu fizesse assim, os menino não ia ter o dia da colheita dos ovo, meu cumpade não ia ter cliente bão e eu não seria o amigo que sempre fui ao véio Zé Ferino.

Poliana Cristina
Enviado por Poliana Cristina em 26/05/2017
Código do texto: T6010008
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