QUERÊNCIA MINEIRA

Um dia igual aos outros nas alterosas mineiras.

O sol fazia-se presente com seus raios incandescentes aquelas encostas azuladas e empoeiradas das Minas Gerais.

Na curva da estrada de chão, uma ponte bem acanhada, feita de tábuas estreitas sobre um riacho, onde se ouvia o alarido das águas chorosas e cristalinas atravessando as maria jacintas e os inhames de folhas bem grandes.

Logo à frente, uma porteia feita com varas de bambu, aberta até ao meio mais ou menos, pois não abria totalmente devido o seu batente arrastar ao chão.

Uma subida extremamente curta após a porteira de bambu e já era terreiro de terra batida da casa onde moravam seu Inocêncio e dona Angelina de Lima.

Um casal de idosos que durante uma vida, viveram anos e anos bem vividos naquele lugar. Logo à direita de quem chegava havia um paiol pequeno, suspenso sobre seis tocos de jacarandá e as paredes feitas de lascas de caixeta. Madeira comum na região.

O terreiro varrido, com suas laterais enfeitadas de flores, de erva cidreiras, pés de laranjas e em um dos cantos, uma moita de cana caiana.

No barranco da lateral de cima do terreiro, havia muitos buracos no nível do chão batido, construídos para as galinhas agasalharem seus pintainhos recém-chocados.

Ao lado do paiol ficava o chiqueiro de porcos, com abertura para que os leitões e os capados pudesse tomar sol.

Entre o terreiro e a residência de dona Angelina existia uma pedra baixa que servia para a moçada passar longas horas conversando ao cair da tarde.

Mimos vermelhos, rosas brancas e amarelas decoravam a porta da sala da cabana de seu Inocêncio.

Nas janelas pequenas e de uma folha só, dona Angelina costumava deixar os travesseiros para tomarem sol. O mesmo fazia com os colchoados estampados com pano de chitão.

Na sombra da casa, do lado que ficava próximo ao riacho, Gigante e Tolinho dormiam estupendamente, dois cachorros vira-latas que há muitos anos eram os vigias incondicionais daquela querência rural.

Na direção Norte da casa, desde à beira do barranco do terreiro, começava um pasto de capim chorão, onde viviam Roxinha e Trochada, duas vacas melindrosas e boas de leite. E Bastião, o burro que auxiliava nos trabalhos da família Lima.

Uma residência simples e humilde.

Um jeito todo próprio das residências nas alterosas mineiras.

Um dia comento sobre Angelina e Inocêncio, enquanto esse dia não chega, a memoria dessa querência permanece em nosso pensar.

É isso aí!

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 07/04/2017
Reeditado em 07/04/2017
Código do texto: T5964220
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.