A noite de veludo

O sol estava desaparecendo lentamente por trás do horizonte, terminando um dia quente de julho. A tarde trouxe uma brisa, dando uma sensação de frescura. Bandos de borboletas brancas circulavam sobre os arbustos de jasmim desvanecidos. Em algum lugar ouriços farfalhavam na grama. Folhas de bétula sussurravam com ternura. Através delas, a lua cheia virou o rosto brilhante, movendo-se lentamente através do céu.

Aves gorjevavam em sua música de dança inquieto. Sombras escuras lentamente encheiam o espaço circundante. Expandindo e ampliando-se, elas se tornaram a tarde em noite. A lua começou gradualmente a desaparecer, dando lugar às luzes das estrelas. Em algum lugar uma lâmpada foi acesa, iluminando um pouco o caminho de minha casa que então brilhava como prata.

A noite chegou, e com ela o silêncio. No entanto, se você ouvisse atentamente, você poderia sentir que a vida continuava, lenta e inexoravelmente. Na grama, grilos cantavam baixinho, quase em silêncio balançavam ramos de árvores de cerejeira, fazendo sombras sobre um pequeno jardim.

No meio da semana, todos os meus vizinhos da casa de campo estavam ausentes. Eu estava totalmente sozinho. Desci de alpendre, e o caminho parecia lunar da meia-noite. Eu senti o aroma melado embriagador das flores. Na luz fraca elas pareciam ainda mais belas e misteriosas. Queria despir-me. Tirei todas as minhas roupas e sapatos. Eu sinti o calor dos azulejos de cerâmica, que ainda não haviam esfriodos após um dia escaldante. Na parte de trás de meu corpo correram arrepios, sangue das veias e artérias transformaram-se em leite, relaxando os músculos cansados durante o dia.

Eu pisei na grama, sentindo o suave veludo. Olhei para cima e vi o céu cheio de estrelas. A crima resplandecente de Via Láctea se estendia de horizonte a horizonte. Eu joguei as mãos para cima e de repente percebi que as estrelas eram familiares para mim que eu estiva lá antes que agora eu sabia mais do que eu pensava.

A felicidade envolveu todo o meu corpo. Naquele momento, parecia-me que, mesmo a energia sagrada do sexo não podia ser comparada com aquele sentimento. Eu era como um animal da floresta, fundindo-se com a natureza. Afinal de contas, ela também estáva nua. Não houve medo da insegurança, mas sim, pelo contrário, eu estava protegido como nunca antes. Eu queria que este momento da minha vida nunca terminasse.

Igor Mit
Enviado por Igor Mit em 10/03/2017
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