NA FAZENDA DO AQUILES

Num sei se algum do cêis ai conheceu um fazendeiro de nome Aquiles que tinha uma posse ali pras bandas do patrimônio do João Pinto, perto da fazenda do Mangelin...em COnselheiro Pena!

Gente muito boa, muito amigo do meu pai; combinou ele com meu Pai de tá plantando um pomar lá na fazenda dele, pois era o oficio do meu velho. As mudas foram feitas, tudo de primeira e assim foi feito. Foi separado um quadro de terra do lado da sede e meu pai mandou brasa no negócio, quando ali pranto 50 pé de laranja Bahia, 30 de serra d’água, 20 de pera, 1 pé de cidra, 2 de limãozinho amarelo. abacateiro e alguns pés de manga e côco...

Aquilo foi crescendo com adubo e um tal de salitre do chile e veio a florada total. No combinado do meu pai com Aquiles, quando tivesse produzindo o pomar ele podia ir lá e pegar fruta à vontade pra levar pra casa...

Um dia vi meu pai preparando um canivetaço corneta e três sacos de Mauá, uma cordinha, e quando o dia tava rompendo, lá pras 4 horas nós saímos e na estrada, indo de a pé encontramos a minha tia Lode e o meu primo Jurandir, os dois já prevenidos pra carregar laranja.

Eu meio mole pra caminhar a perna era curta pra distancia, lá fui olhando o céu ainda estrelado, meu pai me mostrando o cruzeiro do Sul, contou umas prozas de uma casa abandonada na beira da estrada (que oportunamente vou contar pro ceis), e passamos a ponte feita pelo Doutor Sebastião Anastácio de Paula e logo chegamos na fazenda...

O Aquiles já tava lá, saiu com meu pai circulando pela fazenda, enquanto dado o sinal verde... fomos pro pomar chupar laranja a rôdo e encher o saco de Mauá que minha tia tinha levado e um emborná do meu primo...

Nós não tinha nem andado metade do Pomar que dava fundos lá pro córrego do João Pinto.

Daí a pouco chega o Aquiles e meu pai, rindo e falando da produção do pomar, quando de repente o Aquiles parou de falar e perguntou: Veio só vocês ou mais alguém?

Meu pai disse: - Não? Só nós mesmo! Porquê?

Uai? – Tem alguém por ali e tá com radinho ou vitrola tocando uma musica... Escuta só?

Meu pai voltou a dizer... Num tá com nois não! – Puxou um Vospic do bolsinho riscou e acendeu um cigarro e falou: e agora o Aquiles?

- Vamos lá ver quem é, pois não gosto de gente estranha na fazenda... e foram pra´ lá...

Eu muito curioso acompanhei e vi que os dois pararam quando a musica tocava mais alto um tiquinho, assim: Maria Rosa, Rosa Maria.... Maria Rosa Rosa Maria.... e ia só nessa tuada e sem parar....

Os dois vai pé por pé... devagarinho e sorrateiramente.... Olha aqui e olha ali e não vê ninguém... Pararam e depois pé ante pé e ai olharam um pro outro e riram.... O Aquiles descobriu que alguém tinha quebrado um disco de vinil ao meio e jogou fora. Este caiu bem debaixo do pé de laranja e o galho cresceu, indo um dos espinhos encostar numa trilha e com o balançar do vento a música tocava quando o espinho ia: Maria Rosa.... (quando o espinho voltava tocava: Rosa Maria)...

O Aquiles pegou o disco e jogou pra um lado e fomos lotar os sacos de laranja e fomos embora! Isso aconteceu em 1970...êita tempo bão sô!!!

André Almeida
Enviado por André Almeida em 04/03/2017
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