211 – A PROMESSA...

Fim de ano, tudo é festa, lá vamos nós em direção à cidade de Aparecida do Norte, romeiros, devotos, crentes, todos de uma forma ou de outra estavam naquele ônibus com o intuito especial de pagar promessas e graças alcançadas tudo em nome da Santa Padroeira!

Entre estes romeiros havia um rapaz muito assanhado que se destacava por ser muito falador e se trajar elegantemente, estava acompanhado de sua noiva, sogro, sogra e outros familiares.

Recordava que era apaixonado pela moça, mas que ela não dava bola pra ele, passava em cima dele e fingia não ver o seu olhar apaixonado implorando pelo seu amor, foi aí que ele se lembrou da Santa Padroeira e fez a promessa, se a moça aceitasse o seu pedido de namoro, após o noivado eles iriam até a cidade de Aparecida do Norte pagar a promessa.

E a promessa era bem simples, subir as escadarias de joelhos e depositar no pé da Santa uma determinada quantia de dinheiro, flores, fotografias e outras lembrancinhas!

O motorista do ônibus era uma pessoa muito prestativa e atencioso dirigia com muita responsabilidade e cuidado, avisava antecipadamente das paradas que faria, mas vejam só o que o destino reservou para o nosso fogoso noivo, era só o motorista parar para reabastecer o ônibus que o noivo descia apressado e já ia direto para o bar, devorava pasteis, quibes, coxinhas e tomava refrigerantes, na parada seguinte lá ia o noivo na frente de todos e comendo todo tipo de salgado que estavam em exposição, e muitos daqueles salgados com toda certeza já estariam com o seu prazo de validade vencido, mas o noivo traçava tudo com um apetite que dava inveja, depois da terceira ou quarta parada o motorista avisou que não pararia mais, guiaria direto até a cidade santa.

Quando o motorista avisou que não haveria mais paradas o noivo começou a ficar incomodado, a sua barriga sorrateiramente começou a roncar, uma dor fina percorria seus baixios, suava frio, teve ânsia de vômito, um gás estrondava no seu intestino pra baixo e pra cima, estrondava mais pra cima do que pra baixo, porque em baixo tudo estava trancado, lacrado!

Ah esqueci de dizer que o noivo estava usando uma camisa que foi moda em tempos passados, aquilo nem era camisa era um camisolão, a barra, a parte mais baixa da camisa avançava até aos joelhos, o noivo gastou todo seu pagamento para se vestir na elegância que o momento exigia, tudo para agradar a noiva arisca!

Mas não vamos perder o foco da nossa narrativa, o noivo contorcia no banco do ônibus, deitava pra cima da noiva, deitava pro lado do corredor, suado, a noiva perguntava o que estava acontecendo, pois ele não parava um só minuto quieto, respondia que era uma indisposição passageira, coisica de nada, mas chegando na cidade de Aparecida do Norte ele foi o primeiro a descer, afobadíssimo, foi logo perguntando aos passantes aonde que se localizava os banheiros, prontamente lhe mostraram o trajeto, andando no passo curto e apressado, fazia figas com os dedos para que não afrouxasse nem pouquinho a sua mais baixa abertura , o tempo que gastou para chegar até aos banheiros pareceu-lhe uma eternidade, pedia pra santa proteção e que houvesse um banheiro desocupado, pois ele não estava mais aguentando segurar toda aquela pressão para evacuar, queria mesmo era soltar o barro!

Vocês estão lembrados do camisolão que o noivo estava usando, parece que a sorte estava do seu lado, ele encontrou um banheiro desocupado e com aquela pressa ligeira, incontinente ele abaixou a sua calça, a cueca e apressadamente se sentou no vaso sanitário, para seu alívio todo aquele barro que estava represado nas suas entranhas escorreu rapidinho, se sentiu aliviado, no paraíso, no céu, foi então ele começou a desconfiar que alguma coisa não estava certa, se o seu pressentimento fosse real ele não estava mais no céu, mas no inferno, no purgatório!

Sentiu que o calor do inferno estava escorrendo nas suas partes baixas, nas nádegas, algo inusitado estava acontecendo, alguma coisa que ele até aquele momento não estava entendendo, um cheiro forte de merda empesteou o ar e isto foi desanuviando a sua mente, ele se lembrou que tinha abaixado a calça, a cueca, mas não lembrava se tinha levantado o camisolão, naquela afobação ele se esqueceu de levantar o camisolão, e este serviu de anteparo para tudo que saiu do seu intestino, as suas nádegas estavam lambrecadas de merda!

O tempo parou e fez um silêncio profundo e atemorizador, rezava para a Santa e implorava para que tudo aquilo não fosse verdade, que fosse apenas um sonho, que estivesse delirando, mas a realidade era bem mais cruel que ele imaginava, tinha borrado em si e suas nas roupas e para complicar estava bem longe de sua casa, grossas lágrimas escorreram pelo seu rosto!

Pobre noivo já imaginava seu noivado indo pro brejo, o tempo foi passando e como passou depressa, quando cansaram de esperar por ele vieram até o banheiro e chamaram em altos brados pelo seu nome, amuado reconheceu a voz do seu futuro sogro, respondeu que tinha acontecido uma tragédia com ele, tinha borrado nas calças, encarecidamente implorava que comprassem roupas novas, com todo o cuidado se livrou do camisolão com ele se limpou da melhor maneira possível, gastou todos os rolos de papeis higiênicos que estavam disponíveis, e saiu todo peladão para o banho, as pessoas que estavam por perto tampavam o nariz quando ele passava, pois a catinga era insuportável, depois de um longo banho, roupa nova no corpo, pode enfim pagar sua promessa!

Na viagem de volta teve que aturar toda aquela gozação dos amigos, gargalhadas estrondavam, diziam que alguns urubus estavam perseguindo o ônibus procurando pela carniça!

Agora vem a parte mais dolorida da estória, a moça se descrentou do noivo e do noivado e disse adeus, dizia que não conseguia olhar nos seus olhos e não se lembrar do acontecido...

Bem, eu contei o causo, só não posso contar o nome do noivo...

Magnu Max Bomfim
Enviado por Magnu Max Bomfim em 15/12/2016
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