Eu sou coveiro, coveiro, tá entendeno?

Vai cagar e me deixa em paz, Zé ovo goro com batata doce! Tá penando que meu nariz é esgoto e meus ouvidos é penico, é?! Pois num é não, se avexe, esfri o canto, passe reto pra num enganchar que cê já demorou tempo demais! Vou Cuspir aqui no chão, misera, se tu não me ouvi, vai ter fato no almoço lá de casa! E eu nem amanheci de mal humor hoje, tá me entendeno? Amanheci foi virado pelo avesso, morreno de vontade de fumar, o fumo tinha acabado, saí pra mijar no poste de frente de casa porque ainda estava escuro e eu queria era ver o movimento. Pois num é que quando passei a derramar o líquido, mesmo no escuro, acertei mesmo em cima de uma coisa brilhoso! Foi sim, encerrei a mijada e ganhei a noite, achei uma prata de cinquenta centavo! Enxuguei assim na camisa e fui direitinho pro boteco da esquina comprar dois cigarro. Antes de chegar lá, no caminho, topei com cumpade Zé do bicho que me disse que tava com palpite que era um tiro e uma queda! Foi na lábia dele e sapequei todinho a moeda no macaco, voltei pra casa, sem fumar, mais que de meidia tava era sorrindo de besta! Pois num é que ganhei no macaco! Com zói cheim de ganânca, escutei de novo o cumpade e nem deixei o dinheirinho esquentar no bolso e arrisquei tudim na cobra! Pois a danada me deu foi um bote e eu fiquei foi liso mais uma vez.

Debaixo da chuva de palavra mal cheirosa sapecadas pela Titica nem quis mais almoçar, butei uma roupa, um palito de dente na boca, meu chapéu é fui for aí! Num cheguei na esquina e um cabra besta, chei de falha na cabeça foi logo perguntano pronde eu ia coaquela calça pegando siri. Eu logo disse que estava indo visitar a senhora sua mãe! O beiçola não se contentor e perguntou como se a mãe dele já estava morta! Pra num ficar por baixo eu disse: e tu num sabe não que qu agora sou coveiro? Pois então? Tou indo agora no Cemitério e lá vou prosear um pouco com ela! O cu de cana teve o descavimento de dizer: Pois então dê a ela um recado meu, diga que até hoje estou na peleja de descobrir a senha do cofre dela! Eu olhei assim por debaixo do meu chapéu é por cima do nariz e atirei: meu amigo, além de corno, cê é moco é? Eu sou coveiro, né carteiro não! Se quiser vá no correio, escreva uma carta e mande o carteiro entregar! Eu sou coveiro, posso dizer o número da cova dela e o endereço do cemitério! Ele tomou um copo de cana de quatro dele de uma vez e trancou o cu com a galhofa dos outros, aí vem você pra qui, no terreiro de minha casa, infernizar o meu juízo e ainda se acha no direito de escancarar esse rabo e liberar essas flatulência que entram ardendo nariz a dentro? Vai no posto de saúde fazer uma lavagem, miserave, que eu sou coveiro, coveiro, entendo de enterrar os mortos, num sou machante pra matar o porco e tratar os fatos não! A não ser, a não ser se você é chegado a uma brincadeira de ser cova e queira que eu enterre o meu defunto nela! Mas pra isso, pra isso vai ter primeiro de rebolar fora os restos mortais do último defunto que morou aí dento, porque quando bate o vento, quando bate o vento, não tem cristão que aguente! Ai, ai, o cabra amanhecer pelo avesso e ainda se deparar com cada situação... Acho que vou ali, mijar, pra ver se descolo uma moeda.

DISSE, TÁ DITO, NÃO DE VOLTAR ATRÁS ENTREI PELA PORTA DA FRENTE, SAÍ PELA PORTA DE TRÁS, SEU REI MANDOU DIZER QUE AINDA QUERIA OUVIR MAIS...