RAÍZES ENTRELAÇADAS - 2

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O que fazer com as crianças?

Essa pergunta atormentava a cabeça de José. D.Gema não podia cuidar das crianças, pois já morava e cuidava de seus netos Sula e Saulo, a nora trabalhava.Berenice ainda era solteira, estava na cidade de São Paulo, em Campos do Jordão, devido a uma tuberculose perdeu um pulmão,fazia tratamento na cidade do clima frio.

Natalice já tinha uma pancada de filhos.

Enquanto os dias iam passando a rotina naquela casa corria como um conto perdido...

CHICO não ficava em casa, brincava na rua o dia inteiro, pouco ficava com as meninas, ele se via menino, incompetente em uma mistura de carência e responsabilidade em sua cabeça.Seus sentimentos embora não desse na cara, era uma criança sem chão.Chegava em casa só para dormir.A figura da mãe fez-lhe muita falta, o pai - Senhor José, trabalhava durante o dia, distraia um pouco dos problemas e as soluções que pareciam não chegar.

As meninas em casa, brincavam na areia, no quintal entre elas;Não saiam pra fora do portão e não atendiam ninguém, ordem expressa e absoluta de seu pai.Tinham medo, muito medo do que poderia acontecer.

José de repente era pai e mãe, a cozinha era uma verdadeira armadilha, não sabia fazer nada e tinha que dar o que comer aos seus filhos; se virava como podia, não se preocupava com mais nada, sequer hora de dormir das crianças, hora do banho, isso ficou a revelia.

Uma tarde D.Josefa uma vizinha do lado, a pedido de suas filhas convidou as meninas para brincar em sua casa.D.Josefa estava fazendo um bolo e no final fez uma cobertura batendo clara de ovo até virar neve.

As meninas sentiam o cheiro, já fazia muito tempo que haviam comido bolo, o último sua mãe era viva.

Hora do lanche , D. Josefa pediu para as meninas irem para casa, já estava tarde!

Quando Jose chegou, as meninas comentaram do bolo, que sentiram o gosto somente pelo cheiro.Fantasiando a mordida deliciosa de uma fatia.

José, entristecido, resolveu fazer um bolo.

Misturou tudo que viu na frente, ovos, farinha, leite. E agora? como fazer a cobertura? Helenice lembrou que viu D.Josefa colocar clara de ovo, mas perdeu a hora de fazer neve, parecia fácil - Depois que o bolo ficou pronto,tirou as gemas do ovo e a clara despejou no bolo, colocando-o na janela para secar.

As crianças comeram, saborearam, mesmo meio duro, deu para saciar a vontade.

Um dia Jose parou no bar para tomar uma branquinha no bar d o Senhor Geraldo, como fazia todo final de tarde, antes de ir para casa.

Ao lado estava uma mulher, grávida, pediu uma pinga, e perguntou se sabia de uma casa que ela pudesse ficar, poderia cuidar da casa, das crianças ...Uma troca.Garibalda, mulher de vida fácil já sabia da história de José....Muito bom, pegue suas trouxas e vamos para minha casa.

No dia seguinte José foi trabalhar, e Garibalda lavou algumas roupas, as dela, depois pediu para Helenice ariar as panelas, e Neusa, a peralta, sempre fazendo arte, Garibalda percebeu que a menina ia dar trabalho, deu-lhe uma surra, proibindo qualquer uma delas contar para seu pai.

José chegou em casa, a louça estava lavada, a comida feita, mas notou que havia algo estranho no comportamento das meninas, estavam caladas demais, encostadas na parede.Parecia castigo.Jose peguntou para Garibalda como foi o dia...Ela respondeu que correu tudo bem.Neusa que estava queita resolveu falar: Ela me bateu.Jose sabendo que a filha ás vezes inventava, perguntou para Helenice - Com olhos cabisbaixo respondeu que não, mas Jose conhecia suas filhas - Fale a verdade - Olhando nos olhos do pai ela disse - Bateu, nos deixou de castigo e nos proibiu de lhe falar.

Sentiu sua face corar...A ira, a raiva, tomou conta de José:

-Arrume suas trouxas, quero vê-la bem longe daqui,

Garibalda disse que não tinha pra onde ir. Jose perguntou onde morava sua família - Na amazônia - respondeu ela.

Vamos, compro a passagem e você vai embora.

Na estação José colocou a mulher dentro do trem, certificou que estava mesmo indo;Sequer olhou para trás.Seu olhar parecia perdido.Mas resolveu, naquele momento que nunca mais arrumaria ninguém para por e sua casa.

Alguns meses se passaram...

Seu irmão João, conhecido por Divino, católico, fervoroso, lia bíblia todos os dias, Aos domingo não perdia uma missa.Naquela tarde foi fazer uma visita ao irmão viúvo.

Vendo aquela situação precária, principalmente das meninas, surgiu a ideia do convento de freiras.

Ele se propôs a correr atras dos procedimentos....

Continua

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isis inanna
Enviado por isis inanna em 22/05/2016
Reeditado em 22/05/2016
Código do texto: T5643388
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