Pedro Malaquias e o padre Simão

Pedro Malaquias como o próprio nome já dizia foi um grande mala nas quebradas do sertão. Era um homem trabalhador grande produtor de milho e feijão. Mas quando ia a feira aprontava tanta besteira que chamava atenção. Começava logo cedo a tomar umas bicadas na banca de sua cunhada Maria da Consolação. Aí juntava gente pra ouvir o Malaquias discursar de cima do balcão. Parecia um deputado no dia da eleição. Dizia que o Nordeste é muito rico, que o problema é que os políticos queriam era ter o povo na mão. Que não faziam estrada era para o desenvolvimento não vir para a região. Principalmente escola que era a única forma do povo aprender ler e lendo ia estudar para poder se libertar daquela submissão. E o povo escutando admirado de onde um roceiro apocado tirava tanta explicação. Só podia ser o efeito do conhaque de alcatrão. E cada vez mais chegando gente e de repente Malaquias começara aboiar. Era uns aboios tristes e logo a plateia desiste de lhe escutar. Vai saindo um a um para ele não desconfiar. Quando ele vê que está sozinho, pega o caminho e muda de lugar. Agora vai a praça e começa a declamar, diz ele que poesia, só que mais parecia que ele estava era a chorar. Como ninguém lhe da atenção ele logo ver passando uma procissão. E grita... Esperem por mim que eu também vou ajudar. Foi logo pegando o andor para a carregar São Benedito o padroeiro do lugar. Ele nem viu quem era o santo. Saiu tropeçando, pisa aqui pisa acolá. E quando de repente ele não viu o batente que acabara de pisar. Deu que passou... No chão se estatelou, caiu de papo pro ar. Nisso São Benedito também caiu de cima do andor e o braço de Malaquias foi que lhe amparou. Malaquias sem entender aquela confusão olhou para o santo e disse: tu em negrão, se não fosse Malaquias, tu tinha lascado a cara no chão. Quando estavam tirando o santo de cima do bebam, alguém gritou, lá vem o padre Simão. O padre vinha espumando de raiva, vendo aquela situação. Disse a Malaquias que ainda estava no chão. Vá pra casa se curar, e aprenda respeitar uma procissão. Procure trabalhar para não deixar faltar na sua casa o pão. Não dê mal exemplo aos seus filhos lhe vendo nessa situação. Malaquias foi levando sacudindo a poeira do chão, disse seu vigário estou vendo que o senhor é novato na região, portanto não me conhece não venha me dar sermão. Na minha casa não falta nada, têm é de sobra lhe provo em outra ocasião. No terreiro tenho muitas galinhas, no curral umas vinte vaquinhas para escaldar com leite o pirão, tenho bode, carneiro e ainda sobra dinheiro para dar para esse Negrão. O padre virou uma fera, acabou com a procissão, foi se queixar ao delegado daquela confusão. O delegado não disse nada. Era sobrinho do bebam. O padre foi ao prefeito também para reclamar que aquilo era um absurdo não podia continuar, faltar com o respeito com o padroeiro do lugar. O prefeito como todo político prometeu solucionar, só que não podia fazer nada. Foi Malaquias quem ajudou a ele chegar lá. Assim o padre Simão ainda teve que aguentar em ver na sua igreja bem pertinho do altar. Malaquias assistindo a missa, bêbado quem nem um gambá. Até o dia que não aguentou mais e pediu transferência para outro lugar.

José Paraguassú
Enviado por José Paraguassú em 09/05/2016
Reeditado em 28/07/2021
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