Carta muito especial

Na minha meninice tive oportunidade de conviver com livros os mais diversos. Lembro-me bem daquela pilha de livros próxima à minha cama. Eram gibis e romances que faziam as minhas tardes serem mais interessantes. Minha mãe teve grande relevância na minha formação leitora, pois lembro-me de quando eu e meus irmãos ficávamos todos juntos em uma cama ouvindo a Dona Alíria contar histórias, foram momentos mágicos.

A história dessa cartinha que eu vou lhes apresentar é muito interessante. Nos idos de 1985 eu resolvi escrever para o autor de um livro que eu havia acabado de ler. Escrevi uma cartinha inocente cheia de perguntas sobre como era ser escritor. Os livros me encantavam e mexiam com meu imaginário e eu queria saber um pouco além das linhas e entrelinhas. Naquela época eu não acreditava que o autor me responderia. Duas semanas depois recebi a minha primeira correspondência, a carta do escritor Luís Carlos Puntel. Naquele dia quase desmaiei de tanta emoção. Senti orgulho de mim mesma. Há um ano, navegando pela net descobri um site do Sr. Puntel. Não poderia perder a oportunidade de novamente mandar-lhe uma mensagem, agora via e-mail. Contei a história da minha famosa cartinha. No dia seguinte ele respondeu com a maior educação e atenção. Acredito que o fascínio pelo mundo das Letras me acompanha desde a mais tenra idade.

Logo abaixo o referido e-mail e a resposta:

E-mail que eu enviei:

Olá,

Caro Sr. Puntel É com imensa alegria que escrevo estas poucas linhas, pois o conheço desde a infância quando lia seus livros, que fazia parte da coleção vagalume. Ao ler um dos seus livros em 1985(faz tempo heim?),lhe enviei uma carta. Naquela época eu tinha 14 anos,e estava interessada em saber como é ser escritor. Fiquei muito feliz porque não imaginava que pudesse responder, pois acreditava que era uma pessoa muito ocupada e nem ia ligar para a minha simples cartinha. Foi grande a minha alegria quando recebi a sua carta falando sobre o lance de ser escritor. A carta foi escrita à máquina, eu a guardo até hoje. Está um pouco amarelada pelo tempo, mas está bem guardada. Hoje eu mostrei a carta para o meu filho, ele gostou muito. Agradeço de coração e pode ter certeza que muito do que sou hoje devo a escritores maravilhosos que me influenciaram na infância e adolescência e você é um deles. Leila Bonfim

Resposta:

"Oi, Leila, tudo bem?

É o Puntel! Sabe, menina, eu tenho saudades dos tempos da máquina de datilografia e das cartas. Outro dia li um artigo que falava disso. O articulista dizia que, infelizmente, com o avanço da tecnologia, muito ia se perder. As cartas, por exemplo! Até hoje se tem as cartas que autores como Mário de Andrade trocou com Drummond, Bandeira, e tantos outros. Mas com o e-mail, não guardamos mais, já que tudo é volátil. Veja o seu caso: te escrevi em 1985, no século passado! Nossa Senhora da Bicicletinha, há quanto tempo, hein? Agora volto a te escrever. Mas com o e-mail, um dia dá pau no computador, e lá se vão os escritos. Mas, Leila, que emoção receber teu e-mail, viu? Se por um lado a internet é volátil, por outro fez com que você me encontrasse na rede, não? Que bom! Tome lá um abraço, querida! Um beijão doce. Depois nos falamos mais. Tá tarde e amanhã acordo cedo. Xau!"

Luiz Puntel

Leila Bomfim
Enviado por Leila Bomfim em 05/06/2013
Reeditado em 06/06/2013
Código do texto: T4327311
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