Quando meu pai tinha doze anos ele não quis mais estudar e foi ajudar meu avô a cuidar da fazenda. Um dia estava roçando o mato, numa plantação de café e no meio dos ramos encontrou um filhote de onça pintada. Era um animalzinho muito bonito e brincalhão. Então resolveu leva-lo para casa escondido numa saca de milho.

Quando anoiteceu, meu pai foi para casa levando a oncinha e quase que o cavalo pisa nela, pois, ela furou a saca com as unhas e caiu duas vezes no chão.

Meu pai escondeu o filhote no seu quarto e no outro dia, Vô Vandinho e Vó Leda descobriram. Não queriam deixa-lo ficar. Explicaram ao filho que filhote de onça deveria voltar para o mato. Meu pai chorou, implorou e acabou convencendo os pais.


 O filhote crescia cada dia mais. Foi quando notaram que ele estava pegando as galinhas. Ele não comia, pois era bem tratado, não passava fome. A oncinha apenas corria e quando alcançava tirava as penas das coitadas.

Meu pai tentou prender numa gaiolinha, mas não adiantou. Já bem maior, ela conseguia fugir, além das galinhas, perseguia os porquinhos. 
Porém, o que preocupava meus avós era a onça mãe rondando a casa toda noite. Miava muito brava, querendo o filhote de volta.

Não houve choro que adiantasse. Vô Vandinho pegou a oncinha, colocou num saco e levou para soltar bem longe, lá no meio da mata, para que ela vivesse com sua mãe. Afinal onça não é bicho de estimação. Precisa de liberdade para ser feliz.

O que meus avós não souberam foi que depois de grande e livre, ela voltou muitas vezes lá na fazenda para visitar meu pai... E comer umas galinhas, uns porquinhos...
                                             
                                                       Leandro 10  anos.


 

Nota: O fato é real. O autor é meu aluno nas aulas de conto. Pedi que perguntassem aos pais um fato interessante acontecido na infância. Vou tentar publicar os textos deles pelo menos uma vez por semana.
 
Maria Mineira
Enviado por Maria Mineira em 11/04/2013
Reeditado em 11/04/2013
Código do texto: T4235946
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