A HISTORIA DE ADORFO E BERTA

Lá no bairro donde eu morei,

Adolfo moro também.

Com Berta criados juntos,

Desde o tempos de neném.

A Berta era de família rica,

Adolfo era um pobre coitado,

E ninguém pôde explica,

Como este causo foi se dado.

Começaram namoro as escondida,

pois eram como irmã e irmão,

mas quendera tivesse medida,

o querer de nosso coração.

Certo dia Adolfo deu de presente,

Um anel no dedo de sua mão.

A Berta de tão contente,

Chegou até chorar de emoção.

Já não era segredo pra ninguém,

Aquele namorico entre os dois.

Jamais imaginavam porem,

O poderia acontecer depois.

A Berta moça de grande esplendor,

Acabou por fazer besteira.

Ele pediu uma prova de amor,

O grande trunfo de moça solteira.

A Berta sem nenhum receio,

Confiou por inteiro no seu bem amado.

Se entregou sem nenhum rodeio,

na certeza de ser um homem honrado.

Na sua inocência de moça menina,

A Berta engravidou na relação,

Porem, não desconfiava da triste sina,

que aguardava tal revelação.

O que era para ser pura alegria,

tornou-se em um mar de amargura,

Pois na região ninguém dizia,

Que o rapaz tivesse tal postura.

Adolfo no mundo desapareceu,

Não mais soubera de seu paradeiro.

Sozinha a Berta então padeceu,

a dor do amor mentiroso e traiçoeiro.

Ficou muito triste a menina,

Com tudo o que lhe sucedeu,

Mas vejam só que triste sina,

Dele nunca mais se esqueceu.

Envergonhada mudou do lugarejo,

Foi pra cidade, lugar distante,

Criar o filho sozinha era o desejo,

que o fez de maneira brilhante.

O tempo passou, o filho nasceu.

Berta desiludida, nunca mais casou.

O menino forte e viçoso, cresceu,

e num belo rapaz se transformou.

A Berta foi mãe e pai pro menino,

não deixando a ele nada faltar.

Enquanto de Adolfo e seu destino,

Nunca mais sequer ouviu falar.

O tempo parecia ter apagado,

aquela tragédia de sua lembrança,

Daquele amor ingrato e malfadado,

que trazia no peito desde criança.

No mundo não há nada encoberto,

Um dia a verdade a tona vem.

E as vezes por caminho incerto,

nas falhas que o homem tem.

Jovem ainda, hormônios em profusão,

Uma bela mulher o rapaz conheceu.

Levado pela volúpia da paixão,

foi ai que o inevitável aconteceu.

Era uma senhora mas jovem ainda,

Que sofria do marido toda forma de violência.

carente, procurava no jovem uma saída,

para este erro cometido na adolescência

Aquele namorico por pura compaixão,

de encontro fortuitos e as escondidas,

tornou-se em um caso de grande proporção,

se entregaram de maneiras desmedidas.

Por ser um amor forte porem proibido,

Tudo faziam com a máxima segurança.

Mas mesmo com encontro feito escondido,

marido começou ter desconfiança.

Certo dia ela foi seguida pelo marido,

fragou em libidinoso ato a mulher e o amante.

Entendendo ser o direito de esposo traído,

Matou os dois naquele mesmo instante.

Em letras enormes a noticia foi dada,

“Em defesa da honra o homem matou”.

Assim a tragédia parecia justificada,

Se não fosse a foto que o jornal publicou.

Berta ainda chorava o corpo do filho,

quando tal jornal veio em sua mão,

de vez, seus olhos perderam o brilho,

jamais esperava por tal revelação.

Se bem que na vida, quem com ódio constrói,

é sempre vitima do destino sagaz.

Aquele assassino com pose de herói,

era ninguém mais que Adorfo, o pai do rapaz.

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 07/03/2013
Reeditado em 07/03/2013
Código do texto: T4176848
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