Causos de Boteco
Aos domingos pela manhã o encontro no boteco, depois do dever religioso cumprido é inevitável.
O Ernesto Chega e fala do sermão do padre, o Nicanor chega de mansinho e senta num cantinho e fala do cardápio do dia e a prosa se estende para deixar o domingo mais feliz.
De repente chega o Galego cabisbaixo e triste e nem dá prosa para os que se encontravam no boteco. Com uma cara de ressaca!
O Ernesto que ainda estava no assunto do sermão, pára com o assunto e:
- Ô Galego!Pro mode que ocê ta estrupiado feito uma mula véia? Parece inté que drumiu cum home uai!
E ele sem graça:
- Ô Arnesto! Né isso não home! É queu fui no dentista nun sabe! E ele rancô o dente errado.Na hora da nestresia eu nem pricibi! E quando cheguei em casa, o dente cumeçô a doê, qeu vi inté istrêla!
A gargalhada foi geral!
Um pouco sem graça, o Galego pede uma dose de vinho, bebe e diz:
- É pra mode nestresiá o bicho!
E dá aquela talagada!
O Nicanor que estava no cantinho calado se aproxima e:
- Moço! Bebe mais joga um tiquim pro santo uai! Que ele pode inté ajudá!
A dor de dente do Galego era tanta que ele foi logo dizendo:
- Pro santo?Que nada moço!O santo num ta cum dôre de dente não!Eu que tô!
E prosseguiu:
- O Coroinha da igreja tava lá rancano um dente e iscuitei o dentista falá prêle, pra tumá o vinho do pade que corta a dôre!
O Ernesto logo interrompeu:
- Uaí sô!Que cuicidença! Num é que o pade falô cumigo onte, que o vinho dele tinha acabado e ele ia tomá era suco de uva no lugá do vinho!
O Galego se levantou de mansinho e saiu.
O Seu Zezé o dono do boteco entra no assunto e:
- O Coroinha é fio do Galego! E acho que ele ta de ressaca é de vinho!
E todos deram gargalhadas...
Causos de boteco nas Minas Gerais!
Inté!