Essa não Colou! - III

Dessa vez, José chegou de uma de suas viagens, apoiado a uma bengala e mancando de uma perna. Havia demorado mais tempo do que das outras vezes. Sua mulher quis saber o porquê da demora:

_ Mas o que foi isso? _ Pergunta, ajudando a sentar-se.

_ Foi uma queda, Tonha! Escorreguei no banheiro do hotel em que estava hospedado e quebrei a perna. Ai!... Ainda dói... Passei um mês num hospital, com a perna pra cima, sustentando um peso de 20 kilos!

_ E por que não deste notícia? Aqui ninguém soube de nada.

_ Não quis preocupar vocês. Agora, estou melhor, embora ainda sinta um pouco de dor. Pretendo ficar aqui por uns dias até me recuperar. Estava sentindo falta de casa, da minha cama, da minha família... Que bom, estar aqui com vocês, minha mulherzinha, meus filhos... (Disse, abraçando as crianças).

Daniel, seu filho de 12 anos, era o mais velho. Já entendia que havia algo errado no comportamento do seu pai, mas não sabia o que fazer para mudar o rumo das coisas. Tinha

receio de que sua mãe se revoltasse e pedisse a separação. Ia fazer tudo para evitar o pior.

Passados 15 dias da chegada de José, uma sua cunhada que morava na capital veio visitá-lo. Daniel foi logo contando como estava o pai e falou na queda do banheiro.

_ Banheiro? Que é isso Dani? Que história de banheiro é essa?

_ Sim, tia. Meu pai caiu porque escorregou no banheiro do hotel.

_ Hum! Foi?... No banheiro?... AH! Zé safado!... Quer dizer que teu pai contou isso?

Nisso, chega Tônia e ouve a pergunta da cunhada. Convida-a para um lugar reservado:

_ O que sabe sobre o acidente do Zé? Ele contou que escorregou no banheiro do hotel e quebrou uma perna. Não é isso o que você sabe?

_ Veja, cunhada, não quero que se machuque, mas o que ele contou lá em casa foi que passou uma noite num hotelzinho de beira de estrada. O quarto, em que estava, era separado por uma meia-parede de um quarto onde estava uma mulher. Resolveu passar e pular para o outro quarto. Subiu por umas latas de querozene vazias, empilhadas junto à parede. Foi então que as latas viraram, fazendo muito barulho e ele caiu, machucando a perna. Coitado!

_ Ah! Cabra safado! Cuidado o quê? Dessa vez o cafajeste me paga! Ah! Se paga!!!!...

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Maria de Jesus Fortaleza, 31/10/2012.

Maria de Jesus
Enviado por Maria de Jesus em 31/10/2012
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