Essa Não Colou! - I

Essa, Não Colou! - I

Uma das especialidades de José era contar pequenas histórias impossíveis de acontecer e que fugiam à realidade, chegando às vezes, ao fantástico, ao surreal. Era viajante. Passava, às vezes, meses fora de casa, deixando a mulher e filhos à sua espera.

Ao voltar de suas viagens, contava histórias mirabolantes. Se fosse uma aventura, contava e ficava sério; se hilariante, ele mesmo ria. A mulher não movia um músculo! Sabia que fazia isso para distraí-la, a-fim-de que não sentisse ciúme de suas viagens. Era um tremendo dissimulado!

Um dia, ao ver umas laranjas que estavam na fruteira sobre a mesa de jantar, aproveitou para contar uma de suas historinhas:

“ Sabe, Tônia, sempre quando volto de viagem, paro em frente a uma quitanda à beira da estrada para fazer um lanche. Ontem, havia um cesto de laranjas, o que me deu água na boca. A dona da quitanda, ao me ver, foi logo apontando para o cesto e me entregando a faca:

- Seu Zé, hoje tem laranja boa! Doce como o mel!!!...

Sentei-me perto do cesto e comecei a descascar e a comer com bagaço e tudo. Eram um mel!... Um verdadeiro colosso! Fiquei um bom tempo conversando e chupando laranjas. Quando cuidei, tinha comido quase todas as frutas do cesto e o gume da faca tinha se acabado!”

Contou isso e ficou bem sério. Nisso, uma vizinha que escutara a narração, pergunta baixinho:

_ Ô Tônha, tu acredita no que acabou de ouvir?

_ Eu? Mais nem morta!!!... Isto entra por um ouvido e sai pelo outro!... _ Responde, fazendo gestos.

_

***

Maria de Jesus Fortaleza, 28/10/2012

Maria de Jesus
Enviado por Maria de Jesus em 28/10/2012
Reeditado em 30/10/2012
Código do texto: T3956550
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