O CASO DO ROMEIRO PELADO

Lá pelos anos de 1992, todos os anos, Aristeu vinha á pé de Ribeirão Preto-SP até a pequena Jardinópolis, em um percurso de cerca de 25 km, por uma estrada empoeirada, á noite, da mesma forma que tantos outros romeiros, para cumprir uma promessa anual para o Bom Jesus da Lapa. A festa religiosa ocorre todos os anos na pequena cidade, com um grande movimento de romeiros, que fervorosamente vem até a basílica para cumprir promessas e agradecer graças alcançadas, e este trajeto de Ribeirão Preto á Jardinópolis, é feito na última noite da festa, que ocorre de 28 de Julho á 06 de Agosto, coincidindo com a mesma festa que ocorre na Bahia. Pois bem, Aristeu preparou-se em Ribeirão Preto, colocou duas camisetas, camisa, blusa, cachecol, duas calças compridas, botas e um lindo boné de veludo e partiu rumo á sua caminhada. O frio era intenso, mas a marcha esquentava. Chegando à via Anhanguera, bem no meio do trajeto antes de chegar á estrada poeirenta, todos os romeiros tinham o hábito de parar em um velho posto de gasolina, que tinha uma cozinha muito modesta, e oferecia aos fregueses, alguns salgados e lanches. Aristeu com uma fome de dar dó tomou um copo duplo de leite gelado, e continuou sua jornada. Lá pelas tantas, o leite azedou, ele sentiu uma forte dor de barriga, o que o fez correr para o mato e lá resolveu o problema, porém, acabou usando a própria cueca como instrumento de higiene, bem como as meias. Lá foi ele novamente seguir o seu caminho, quando de repente, lá vai ele para o mato. Desta vez, foi a camisa. Voltou e seguiu o seu caminho, quando de novo, lá foi uma camiseta, depois outra, depois uma das calças. Por fim e quase clareando o dia, ele estava com o seu lindo boné de veludo, cachecol, uma camiseta, uma blusa e uma calça, quando de repente, correu de novo para o mato, talvez já fosse a oitava vez, e o pior, o ardor era intenso, pois oito vezes não tem quem suporte, mas lá foi Aristeu, quando de repente, novamente, aí não teve jeito, lá se foi o cachecol comprado em Buenos Aires, não teve como preservar o dito. Lá foi ele novamente, e mais uma vez correu para o mato e desta vez, lá se foi o boné, lindo, marrom de veludo. Depois disto ele pensou ter sido a ''limpada mais suave de sua vida''. E la foi ele, quando de repente, foi assaltado, o ladrão não tinha mais o que levar e para não perder a viagem, levou as botas e a blusa. Agora ele estava descalço, sem camisa, camiseta ou blusa. O cachecol e o boné, já estavam longe e ainda faltava um quilometro para chegar. Quando de repente, correu para o mato e lá usou uma perna da calça, porém a outra já não servia para nada e ali Aristeu abandonou tudo. Pelado e sem saber o que fazer, começa a procurar uma bananeira, achou, e tentou fazer uma veste, mas neste momento, o dono das terras apareceu com uma espingarda e quase mandou chumbo, foi aí que veio a salvação, Aristeu pegou uma carona com o dono das terras e foi na caçamba da caminhonete até sua casa, onde exausto, entrou, sentou-se no vaso sanitário e desmaiou! Acordou duas horas depois, com o seu pai o chamando, que desesperado, ofereceu ao filho um copo de leite gelado!

(Dedicado ao meu querido Aristeu, que já não está mais entre nós).

Geraldo Cossalter
Enviado por Geraldo Cossalter em 18/09/2012
Reeditado em 18/09/2012
Código do texto: T3888783
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