ASSOMBRAÇÃO NA GAMELEIRA NUMA AVENTURA NOTURNA

Juca desde criança não temia a Deus embora seus pais tentassem educá-lo da mesma forma que foram educados não conseguiram. A mãe coitada arrumava uma merenda de farinha com rapadura colocava numa latinha. Pegava a capanga com caderno e lápis entregava em suas mãos e o mandava para escola. Acham que ele ia? Ficava escondido no mato correndo atrás dos passarinhos o dia inteiro, às vezes armando arapuca pescando nadando La na cachoeira do barrinho, passado o horário da aula ele voltava pra casa, e dizia: - mãe amanhã num tem escola, a professora ta doente falou que não precisa de ninguém ir, quando ela melhorar ela vai lá ao serviço do pai avisar pra eu ir de novo. Assim o Juca cresceu num aprendeu a ler nem escrever. Rezar nunca quis aprender, bem que a coitada da mãe pelejou; sabe como ele fazia? - A mãe dizia-, reza Juca o sinal da cruz! –Ele: pelo sinal da santa lambança, escorrega da testa e para na pança! Num é assim Juca Deus te castiga menino! - Ah mãe castiga nada, Deus num vai vim cá nessa beirada de corgo donde nois mora não, ele tem muita coisa pra fazer vai importa cunois nada não.

Quando Juca cresceu e começou a trabalhar vivia fingindo que ia suicidar, bastava ver um cipó numa arvore ele fazia uma laçada pendurava pelo pescoço quando soltava o corpo passava o facão no cipó, ai ele batia no chão, seus companheiros viviam dizendo:- um dia ocê vai dá com os burros nágua, o capeta vai segurar o cipó e ocê morre! Por isso botaram nele o apelido de Juca cipó. Certo dia capinando roça La na barra ele pegou um cipó que nasceu enraizado na beira da roça passou no pescoço. E disse:- dexe ieu vê sa raiz desse cipó agüenta ieu inforcá nela, e esticou pra traz, quando ele tava pondo a língua pra fora seu companheiro cortou o pé do cipó ele caiu de costa. – Por que ocê num andou pra gente Juca – Uai como que eu ia pra frente tinha um pretão chifrudo cum zôio e língua de fogo de fogo, apontano duas facas no rumo dos meus zôío -, como que ia Pra frente? – sabe de uma coisa isso é o capeta ocê inda vai morrê cum essa bobagem de se enforcar em cipó!

Num deu outra, na semana seguinte ele foi La no córrego buscar um pote de água pra mãe dele, viu um cipó naquela gameleira velha e subiu nela, ele esqueceu que era sexta feira dia que os capetas gostam de jogarem em gameleira! Ai quando ele pendurou pelo pescoço já com o facão na mão para cortar o cipó um capeta gritou com o outro: - toma o facão dele! Ele assustou deixou o facão cair; ai foi babau o cipó o resistiu, num teve jeito morreu mesmo. Na hora deu uma ventania danada a mãe dele saiu no terreiro ainda viu um redemoinho de fogo por cima da gameleira levano o espírito dele! Quem passar a noite pela gameleira vai ver o espantalho dele pendurado nela pelo pescço, balançando e pedindo socorro!

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Este texto foi escrito a pedido do chefe do grupo Escoteiro 82º Chefe Domingos Sávio, do Engenho do Ribeiro, sendo ensenado na noite do dia 02/06/12 à margem do córrego do rasgão onde um espantalho pendurado a uma velha gameleira simbolizou Juca cipó dramatizando a sena, na primeira aventura sênior noturna do grupo Escoteiro. Um teste de coragem teatralizado com muito sucesso e comoção pelo grupo 82º." - Parabéns aos chefes pelo belo trabalho de formação cidadã, e parabéns às crianças e jovens adolescentes que trocam as baladas e outras diversões pelas aventuras ecológicas buscando uma formação social, sábia e sadia, pelos patióticos caminhos de

cidadania."

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Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 04/06/2012
Reeditado em 28/08/2012
Código do texto: T3704912
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