CONQUISTADOR PELADO NA MATA CHEIA DE PERNILONGO

Carlitos era um grande empresário do ramo têxtil. Cuja matéria prima utilizada em sua indústria, o algodão era produção própria. Ele possuía inúmeras fazendas nos arredores de sua cidade natal aonde o produto era cultivado em longa escala, gerando milhares de empregos. Este fator lhe rendeu um grande prestigio tornando-o não só respeitado com também admirado, pelos seus conterrâneos.

A cidade era pequena, proporcionando aos habitantes a oportunidade de todos se conhecem mutuamente formando um sólido circulo de amizade de amizade, num convívio social de paz e harmonia.

Carlitos era apaixonado por equitação motivo que o levou a construir um haras com os mais sofisticados equipamentos, coisa de última geração. Responsável por seus animais,seu empregado Vinício, era competente e atuante. Casado com uma bela jovem, daquelas de tirar o fôlego. Logo que carlitos a conheceu, se encantou e não conseguia pensar noutra coisa senão naquela encantadora criatura, não tirava sua imagem do pensamento. A coisa complicou mais ainda, quando sua esposa a contratou para trabalhar como domestica em sua residência. De inicio ele tentou resistir, tratando-a com a mesma discrição que dispensava a todos os seus empregados. Mas no decorrer do tempo sendo ela muito gentil e comunicativa, ele acabou cedendo ao capricho e começou a tratá-la melosamente, logo surgiram suas propostas um tanto inadequadas se dizendo apaixonado pela guria. Muito correta ela comunicou ao esposo o que estava ocorrendo. Ele cogitou a se demitir e exigiu que ela fizesse o mesmo. Ao receber o aviso, como responsável pelo setor empregatício da empresa, a patroa se assustou e quis saber o motivo que levou o casal a pedir demissão; inconformada, ela questionou a empregada.

-Olha Dona Gabriela eu sinto muito não é nada com a senhora, mas o patrão se declarou apaixonado por mim, e será melhor a gente procurar outro trabalho e até mudar, talvez para outra cidade. - Nada disso chame seu marido e vamos conversar você, ele, eu temos que nos unir e passar uma boa lição no Carlitos, para que ele se dê ao respeito e pense na posição que ocupa nesta cidade, tenho certeza que se agirmos unidos ele jamais irá se atrever a faltar com o respeito a quem quer que seja. Nunca mais ele vai esquecer a lição.

Reunidos, Gabriela pediu um voto de confiança aos empregados e os orientou como proceder. Colocaram o plano em prática. Vinício anunciou ao patão que, formosa, sua égua puro sangue fugira da baía. Sendo ao mesmo tempo encarregado por ele, de resgatá-la. Com isto se ausentou empenhado na busca. Aproveitando a ausência do marido, a bela Marilda aceitou o convite do patrão. Iria encontrá-lo no remanso dos botos, local turístico, com seu volumoso caudal de uma beleza rara, bem na curva aonde havia o famoso pau d’óleo, uma espécie da densa mata ciliar, que compunha a reserva ambiental à margem do magnífico rio, situado na área periférica da cidade. Ansioso o patrão seguiu a risca a recomendação da bela jovem. Despiu-se aguardando a chegada de sua musa. Nu, como viera ao mundo, aguardava o tão sonhado momento de realizar seu desejo. Ao chegar à deusa exclamou: - Vigi que maravilha... Eu hem-, vejo o mundo inteiro à minha frente!

Encarapitado na grimpa do pau d’óleo Vinício disse alto e em bom tom: - oh amor! Então já que viste o mundo inteiro-, deve ter visto formosa à égua do patrão diga-me onde está! Já subi em tudo que árvore e não consigo vê-la!

Nesta altura Carlitos perdeu o chão sob os pés e em pânico imaginou - Ufa ainda bem que Vinício não me viu! Mergulhou no rio se escondendo sob a vegetação que pendia do barranco. - O casal de jovens apanhou sua roupa levando-a a patroa Gabriela. Carlitos não sabia o que fazer aguardou de molho na água até a chegada da noite. Ameaçava sair, mas naquele horário inúmeros pescadores passavam seguidamente pelo local aumentando cada vez mais sua angustia. Quando se livrou da presença dos transeuntes arriscou a sair da água, já era noite e o zumbido de insetos famintos era ensurdecedor, ficou arrasado por não encontrar suas vestes. Para seu desespero a multidão de pernilongos e muriçocas famintos baixou sobre ele, e fez a festa tirando a barriga da miséria, sugando seu precioso sangue. Sem opção ele mergulhava no rio tentando se livrar dos insetos, mas a essa altura bastante resfriado não conseguia permanecer tempo nenhum na água. Este dilema durou até que a cidade dormiu. Sua mansão junta ao haras situava num bairro nobre do outro lado da cidade. Quando tudo se aquietou ele tomou o rumo de casa envolto num pedaço plástico retirado de uma faixa usada em uma propaganda política.

Três horas da manhã sua esposa o recebeu, assustada ao deparar com o quadro que via a sua frente. -Que isso amor? O que te aconteceu meu querido? -Assalto meu bem! Pegaram-me levando-me pra o mato me humilharam me espancaram roubaram minha roupa com todos os meus cartões me obrigaram a revelar minha senha, veja como estou todo encalombado parece até que fui picado por todos os insetos do mundo. – Vem amor vou lhe preparar um banho e uma bebida quente-, fique tranqüilo o mais importante é que está vivo e inteiro o resto não importa.

No dia seguinte mais parecido com um sapo cururu com tantas picadas de insetos ele disse a esposa. – Agora que tudo passou e a vida continua vou providenciar o bloqueio de meus cartões antes que seja tarde demais, se é que já não sacaram todas as minhas reservas!

- Fique tranqüilo amor seus cartões estão todos aqui!- Como estão todos aqui-, que papo é este?-Querido você esqueceu o prestigio que tem nesta cidade?-Quando os marginais descobriram que haviam assaltado o homem mais importante do nosso município devolveram suas roupas e ainda deixaram um pedido de desculpas para você! Ah e tem mais me disseram que eu poderia ficar tranqüila que nada de errado iria te acontecer apenas os pernilongos iriam divertir um pouco as suas custas, mas o resto estaria tudo bem! Agora meu querido é levantar a cabeça e bola pra frente!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 26/03/2012
Reeditado em 28/08/2012
Código do texto: T3576945
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