O55 – CATIGURIA...

Mais um causo de pescador!

Certa vez pescando no rio Aquidauna, lá no Mato Grosso, dois dias acampados, muito mosquitinho pólvora e nada de peixe.

Um amigo que sempre nos acompanhava nas pescarias, homem de muitas confusões, tantas confusões que tinha o apelido de Aventuroso, na estrada brigava com o guarda rodoviário, no beira do rio brigava com os guardas florestais, gente boa, sempre disposto a tudo, desanimado da pescaria, passou a observar um pescador lá na curva do rio apoitado à sombra de uma sibipiruna pegava um peixe atrás do outro.

Pegava piau-açu, pegava matrinchã, pegava algum dourado, o que espantava é que mal dava conta de tirar tantos peixes, e nós em seis pescadores não pegando nem pra comer.

O tinhoso atiçou a inveja no coração do nosso Aventuroso, a todos convidou para irmos pescar lá pertinho do sortudo.

Ninguém quis acompanhá-lo nesta empreitada, no barco sozinho foi viver mais uma aventura.

Apoitou a certa distância do pescador e de lá fazia lances com seu molinete, seu anzol caía bem pertinho do pescador e nada pegava, e o outro continua pegando um peixe atrás do outro, aquilo martirizava nosso Aventuroso! Pensou alto:

- Vou apoitar em frente fazemos uma mesma rodada com toda certeza algum peixe pro jantar vou pegar! Silenciosamente foi descendo e fez como tinha planejado.

– Boa tarde, tudo bem amigo? O outro sequer tirou os olhos de suas varas, nada respondeu, e continuava pegando peixes, e nosso Aventuroso fazendo a mesma rodada com seus anzóis nem um mísero peixinho pegava.

Pensou alto mais uma vez:

- Esse pescador é muito esperto ele joga o seu trato bem pertinho do barranco, os peixes estão encostados é por isto que não pego nada, mas não tem nada não, vou apoitar abaixo dele, aproveito o seu trato, e pego os peixes!

Motor do barco desligado, serenamente foi descendo e logo abaixo do pescador desceu a poita.

Um bom tempo passou e nada, nem um puxão, era como se as suas iscas tivessem algum repelente terrível que espantava todos os peixes, e o outro continuava dando o show, pegava um peixe atrás do outro!

Por fim, não mais suportando tamanha humilhação perguntou:

-Ei amigo! Que isca que o senhor está usando?

– Massa e cati!

O nosso Aventuroso matutava, massa eu tenho, mas o que será esta maldita cati?

E o tempo foi passando e o show continuava, o outro fisgava sem parar e com o cair da tarde peixes maiores pegava.

E não tem desgraça maior para um pescador do que ficar assistindo o outro pegar tantos peixes e você nada, nem um lambari pra remédio! Sentindo-se o mais infelizes dos pescadores, se humilhou, queria porque queria pegar um peixinho, precisava descobrir o que era aquela maldita cati!

– Amigo! Massa eu tenho, mas não tenho essa catí! O que que é mesmo cati?? O outro prontamente respondeu:

- Catiguria meu irmão!! Isto você não tem! Se você tivesse catiguria não estaria me atrapalhando tanto assim, você já apoitou lá em cima jogava seus anzóis em cima dos meus, você apoitou aqui em frente, agora esta apoitado aí embaixo, aproveitando do meu trato, e atrapalhando as minhas rodadas! Se você tivesse um pouquinho de catiguria já teria desconfiado e se mandado!

Emudecendo deu as costas para o nosso Aventuroso, este completamente perdido, sem catiguria alguma soltou o barco e se mandou.

Chegando ao acampamento contou do acontecido, não teve quem não chorasse de tanto rir.

Ah! O outro pescador pra mostrar que tinha catiguria, passou pelo nosso acampamento e nos presenteou com belos peixes que foi a salvação da nossa janta.

Magnu Max Bomfim
Enviado por Magnu Max Bomfim em 12/05/2011
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