PACTO COM O DIABO.... O DEFUNTO E O FACÃO

No tempo em que o coronelismo predominava ditando as ordens pelos sertões, ninguém se ousava a desobedecer às ordens de um coronel. Coronel falou to falado esse o slogam que girava de boca a boca no sertão.

Na fazenda espinheira do coronel Chico Brabo, Não era diferente. Lá moravam muitas famílias agregadas trabalhando sol a sol debaixo de suas ordens. Nenhum de seus empregados se negava trabalhar de certa forma escravizada por ele. A não ser nos domingos e feriados religiosos que o coronel Chico fazia questão de guardar dizendo ser cumpridor dos preceitos da igreja católica.

O coronel era um tirano, coitado daquele que o desafiasse apanhava de rabo de tatu até sujar as calças. Tinha uma única qualidade defendiam de unhas e dentes seus empregados, como patrimônio seu, ou membros de sua família, pagava salário justo dando boas condições de vida. Este era o único fator que prendia por lá seus empregados. Que embora apanhassem dele, mas que ninguém se atrevia meter com eles porque o coronel virava bicho. - Aqui mando eu... Dou o pão e o castigo!- Na minha cumbuca de farinha não aceito mão alheia meter o nariz-, Afirmava ele.

Seu patrimônio era incalculável. Corria um boato pelas redondezas que o coronel possuía um monstrinho preso em um frasco de vidro; um pacto que fizera com o capeta para enriquecer, e que um dia, mais cedo ou mais tarde teria que prestar contas a ele.

Esta lenda atravessou as fronteiras dos municípios vizinhos despertando a curiosidade na mídia. Contavam as mais pitorescas estórias dentre elas, que havia na fazenda uma arvore de espinheira que floria a cada setenta anos e dava apenas sete sementes que se plantadas juntos, ao germinar entrelaçavam formando um único tronco e todo aquele que conseguisse um exemplar da arvore tornaria tão ou mais rico e poderoso como coronel Chico Brabo.

Juca Cipó um jeca sonhador que migrou para a cidade grande abandonou mulher e filhos num casebre de sua periferia, onde morava e rumou para a fazenda espinheira atraído pela lenda das sementes. Imaginando arrancar do coronel pelo menos uma mudinha de espinheira. Comeu pão que o diabo amassou durante o trajeto da cidade á fazenda.

Faminto e maltrapilho pediu serviço ao coronel em troca de comida. Faria qualquer serviço só não poderia mais ver sua família morrer de fome naquela metrópole onde caipira não tinha vez. Embora analfabeto, mas bom de papo, não tardou o coronel caiu na sua lábia. Assim pensava ele. Só não esperava que o coronel tivesse um plano para ele. E que para não desmantelar seu plantel de empregados o acolheu. Aos poucos começaram a trocar intimidades até que Juca tomou coragem e perguntou ao patrão pela lenda da espinheira. O coronel o pegou pelo braço e entrando no estábulo o conduziu a um compartimento secreto que havia no subterrâneo. Abriu um velho baú: - veja, aqui está o segredo de minha fortuna, apanhando de dentro um frasco de vidro disse:- dentro desta garrafa está à assinatura feita de sangue a partir do meu penta-avô, é um pacto que vai passando de geração a geração, eu terei que repassar ao meu filho quando vencer o meu tempo. -Má qui troço é esse coroné? Parece mucêgo – É um demo com as assinaturas de sangue nas asas, - neste pacto cada um que assina com o próprio sangue terá o poder que foi delegado a partir do meu penta avô. O dia que um herdeiro recusar fazer esta assinatura todo es império vai abaixo. - Coronè e seu sprito num tem sarvação? Vancê tem de í prus inferno mode tê tudu essas riqueza. -Tenho sim, mas chegada a minha vez eu mando um no meu lugar e ganho mais tempo. - É coroné ieu achei qui ia arruma cu sinhô semente da tar arve mais já vi cu negoço é outro mais diferente. – Que isso Juca eu quero ajudar você, afinal você é o único que teve a coragem de abordar comigo este assunto-, confio em vc meu segredo. Eu sei de tudo que passa na terra vi o dia que você saiu da sua casa, já sabia o que procuravas. - Vredade coroné intonse vai ajudá ieu? – Vou sim você qer mesmo ficar rico e poderoso? – Mar é craro coroné to aqui pra isso home!

Então é o seguinte amanhã à noite vou ter uma conversa com o lúcifer chefe da capetança, vamos colocar você no meu lugar, e quando ele chegar diga pra ele que eu não posso comparecer, que as duas malas de dinheiro ele pode entregar pra você. – Mar que isso coroné el vai mêmo trazê os cobri? – Vai sim e vou dar tudo pra você. –Fazia tempos que o coronel vinha enrolado o demônio e pedindo mais prazo, já estava devendo pra ele três indivíduos que teria que mandar no seu lugar.

Era meia noite quando ele e Juca se dirigiram para o local das sete encruzilhadas.

Na mata de dentro duma cabana o coronel tirou um caixão de defunto feito de pano preto. Juca a essa altura já desejava não ter nascido, mas não tinha como voltar atrás, por precaução, enquanto o coronel acendia velas de muitas cores, morrendo de medo Juca quebrou dois gravetos fez uma pequena cruz amarrada de cipó e a colocou por dentro da camisa sem o coronel perceber. Pronto o ritual o coronel ordenou que Juca deitasse no caixão. - Mar coronè ieu tem de ficá aqui suzim? – Você não quer riqueza... Então me obedeça-, de madrugada quando os galos amiudarem sua cantoria lúcifer virá deixará pra você as duas malas de dinheiro e levará o caixão! Morrendo de medo o capiau obedeceu, e o coronel voltou feliz imaginado ter mandado pelo menos um amortecendo seu débito com o coisa ruim. La pras duas horas os galos já cantavam a muiude. Derrepente vem estrada afora uma quadrilha de ladrões numa diligencia lotada de sacos de dinheiro jóias e outros tantos objetos, tudo produtos de roubos praticados nas cidades da região. Ao deparar com o caixão imaginaram se tratar de um velório cujos vigilantes deveriam ter ausentado as suas casas. Disseram unas aos outras agora cada terá que seguir rumo diferente pra despistar a policia que com certeza virá ao nosso encalço.Façamos o seguinte aproveitamos o claro das velas e dividimos nosso produto. O Juca suava frio e pensava-, o coronè num falô que vinhava era um bando, tem trapaio nisso! Começaram a partilha dos sacos de dinheiro e objetos de valor, ao chegar ao facão cuja bainha era de ouro dividiram a bainha em partes iguais. Com o facão na mão, o ladrão perguntou: e o facão faz o que com ele pra não deixar pista? No que outro respondeu: ah enfia ele no fiofó deste defunto! – ooopaaá tapensano qui meu fidorento é bainha de facão ieu sô vige! Levantou a tampa do caixão, não ficou um bandido caíram todos na maravalha. Juca acabou se dando bem, juntou o patrimônio, colocou na diligencia e se mandou pra sua família indo desfrutar do tesouro deixado pelos ladrões. Deixando o coronel com um problema a mais para resolver com seu sócio.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 13/12/2010
Reeditado em 02/01/2011
Código do texto: T2668772
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