Morro Quadrado

Desde sua longa e deslumbrante infância, Carlos encantava-se com a longa vista do horizonte, e belas paisagens paradisíacas do cerrado proporcionavam aos seus olhos. Uma distante montanha perdida no infinito alcance dos olhos induzia Carlos a imaginar por horas como seria um dia esse trajeto distante, muito além dos seus sonhos juvenis para uma realidade bem presente. O que ele não conformava é que naquela bela paisagem de cerrado cercada por montes e belíssimas cachoeiras e córregos onde aprendera inclusive a nadar; construíram ali a quarta maior usina de processamento de lixo do mundo, onde inclusive lixos hospitalares auxiliavam a destruir e contaminar as nascentes ali existentes.

Jhason era um suposto amigo muito atencioso, ele teve o prazer (ou desprazer) de conhecê-lo, quando freqüentava um grupo jovem denominado “Cristo Rei”. Um grupo de jovens ligados diretamente a renovação carismática. Claro Carlos muito impressionado decidiu participar deste grupo devido ao grande interesse em comum! Belas e encantadoras garotas abrilhantavam o ambiente isso era convite perfeito para um adolescente na flor da puberdade. Jason fazia de tudo para destacar-se no grupo, inclusive tinha um estranho comportamento para atrair o poder de persuasão e liderança, sempre oferecendo vantagens e presentes para aqueles que estavam ao seu lado. Com o tempo seus amigos perceberam o quanto ele era embusteiro. Carlos chegou a comentar com ele acerca do referido paraíso conhecido e apelidado por ele mesmo como “Morro Quadrado”, Carlos chegou a conhecer o local em outra ocasião e descobrira uma rota de seis horas de caminhada, onde descreveu a Jason todas as belezas e maravilhas desta peregrinação; deixando-o bastante impressionado! Ao ponto de conversar com os amigos do grupo sobre uma futura expedição naquele lugar.

Kennedy era uma pessoa simpática que Carlos conhecera da mesma forma, aliás Carlos sempre procurava aproximar-se dele devido as belas Irmãs que ele possuía, imaginem um cara pouco simpático mais tinha umas irmãs que geneticamente diferenciavam e muito de sua formosura! Músico, revolucionário e sempre buscando novos caminhos e descobertas.

Wenney tinha cabelos compridos, um roqueiro muito bacana, um dos melhores amigos de Carlos, batizado com ele nas mais caudalosas águas, ou seja, nem de convite ele precisou para marcar a expedição. Diferente dele era o Alex camarada, polêmico, comediante nato e ateu! Só acreditava naquilo que via e tocava, histórias que fossem narradas a ele recebiam imediatamente aquele olhar arrogante de descredibilidade. Convida-lo não seria algo fácil pois a única coisa que lhe deixava impressionado eram garotas, qualquer coisa que não envolviam elas para ele era algo inútil ou de grande logro; após muitas e ousadas tentativas conseguiram convencê-lo a peregrinação.

Enfim, chegou o grande dia! Carlos, alex, wenney, Cleber, Jason, Kennedy, Haroldo e Sandro; todos dormiram na casa de Jason. Na madrugada por volta das 4horas começou a peregrinação ao calvário! Conseguiram algumas lanternas e uma barraca de acampamento emprestadas e embrenharam-se mata adentro. O caminho iniciou no interior da usina de lixo e depois de morros, córregos, cachoeiras e barrancos; chegaram de rodovia que dividia as cidades e cada vez mais o morro de aproximava. Aquela beleza incomum era cada vez mais verídica e os olhos curiosos daqueles peregrinos anseiavam cada vez mais a aproximar-se e tocar o cume daquele morro! Bem como experimentar as alturas ali demonstradas, depois de grandes dificuldades chegaram finalmente ao cume do morro que era habitado por uma ventania gigantesca bem como diversos arbustres conhecidos como “Arnica” onde dela preparamos um chá e amarramos a barraca em um outro arbustre de cerrado mais resistente, notaram que a antiga barraca canadense estava faltando algumas peças de metal que comprometia a estrutura no caso de uma tempestade e que ainda só comportariam seis pessoas no seu interior, definiram então que dois ficariam revezando vigiando o acampamento enquanto o restante dormisse. A estrutura metálica que faltava vou substituída por galhos dos arbustres de cerrado encontrados ali; começaram a fazer um reconhecimento do terreno e preparar a alimentação para o restante do dia, todos ficaram impressionados com o morro!

A noite estava chegando, e junto com ela uma impressionante nuvem negra, trazendo uma tempestade torrencial em seus caminhos. Reuniram-se todos e decidiram voltar para casa, pois a barraca não suportaria o extremo peso tempestuoso que estava por vir. O acampamento foi desarmado e todos tomaram o caminho de volta que precisariam ser rápidos para que não sofressem as conseqüências da chuva. No caminho de volta um dos rios que passaram havia transbordado e a noite já começava a castigar aqueles ousados peregrinos. Foi preciso traçar uma rota alternativa, pois o tempo desfavorável e a escuridão eram obstáculos jamais esperados pelos desbravadores; o detalhe é que este rio além de ser o destino de esgotos de várias cidades havia levado consigo a única ponte que seria o atalho conhecido para seus lares.

O plano “B” foi improvisado, peregrinar em um caminho desconhecido, entre cercas de fazendas, córregos e matas semi-virgens! Neste instante todos com muita sede e com as roupas e equipamentos úmidos devido à chuva deu início a uma exaustão coletiva. Em um determinado momento dentro de uma área particular arriscando suas peles a serem recepcionadas por chumbo de algum capataz dessas terras e a mercê da fome, sede e mau tempo; todos sequer perceberam a tonalidade barrenta e fétida de uma água empoçada que ambos eliminaram a sede! Diante do cansaço madrugada adentro resolveram realizar uma parada para buscar em uma das mochilas algo que pudessem saciar a fome. Um frango, ou seja, uma farofa de frango! Não! Uma farofa de frango de “salfrango”; foi oferecido a todos por Cleber! Claro tínham água o suficiente para consumir aquela farofa de “salfrango”! o único problema é que possuía uma coloração barrenta e um sabor não muito agradável. Mais não importa, o maior tempero do alimento é a fome. Após degustarem a deliciosa iguaria, ficaram ali diante de um vale verdejante aproveitando a melhoria do tempo para observar as estrelas! O céu estrelado espelhava uma imagem jamais contemplada em uma cidade; somente em um lugar desconhecido como aquele percebera a majestosa beleza da noite! Exceto por uma estrela em que Carlos estranhou pelo fato dos seus movimentos dinâmicos e a rápida aproximação com esses perdidos mortais. Não! Não era estrela era alguma coisa desconhecida! Um objeto de forma estranha pairava sobre as cabeças dos peregrinos perdidos! Carlos nunca acreditara muito na existência de OVNIS, porém naquele exato momento seus conceitos mudaram! Poderia ser uma miragem; Ou algum disco voador; para sanar tamanha dúvida Carlos resolveu mostrar o objeto para Alex, o mais incrédulo de todos os peregrinos! Alguns minutos depois uma estranha aura pairava entre eles ficaram vários minutos envoltos em uma bruma de pensamentos estranhos e as luzes do objeto aproximaram cada vez mais. Verde, azul, laranja e vermelho iluminaram os caminheiros por meia hora e todos ficaram imóveis e sem reação! O objeto sumiu! Em uma velocidade estonteante! Na mesma maneira que surgiu! O rosto pálido dos expedicionários resumiram-se em um olhar de arrepio e calafrio... Todos combinaram guardar segredo acerca do fato; e seguiram em silêncio profundo ao caminho de suas casas.

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Gessé Cotrim
Enviado por Gessé Cotrim em 24/01/2010
Reeditado em 06/06/2010
Código do texto: T2048497
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