Pra você, que não entende.

Pra você que torce os lábios quando me olha;

Pra você que me olha de cima abaixo,

Analisando, pré-julgando,

Se achando dona da verdade;

Pra você que não entende como pode ser,

“Como pode não ter isso ou aquilo?”,

“Como pode não se preocupar em ter?”;

Pra você que já sabe o meu futuro

E já determinou que será um fracasso;

Pra você que me acha um fraco

Ou quem sabe covarde seja mais apropriado;

Pra você que não entende como posso ser assim,

Alegre e tranqüilo,

Romântico e apaixonado,

Educado, inteligente...

Palavras suas, claro, não se esqueça;

Pra você que diz “tudo bem, ele é uma graça, mas...”,

“Mas não tem o que preciso”,

Mas não mora sozinho, não tem carro

E mesmo assim ousa sorrir;

Pra você que não entende

E perde a chance, agora, de poder entender,

Quais os tesouros que tenho guardado

E que levarei comigo aonde for;

Pra você que não entende

Quanto valor tem um amor;

Pra você, enfim, que já não sabe o que sente,

Não tenho nenhuma longa explicação,

Não tenho nenhum grande segredo guardado,

Não digo nem que não sou tudo o que você pensa.

Não vou provar nada,

Não vou praguejar contra você,

Não vou dizer novamente o que penso

Nem tentar lhe convencer que somos iguais.

Não vou mandar bilhetinhos

Nem perder o sono de noite,

Não vou deixar o celular tocando

Ou fingir que sumi.

E nada do que fizer ou deixar de fazer,

Daqui pra frente,

Tem a ver com você, porque,

Pra você que não entende,

Jamais vou ser o que você queria que eu fosse

Ou o que o mundo quer que eu seja.

E se você não entende mais nem o que sente

Jamais vai entender o que eu não sinto

Nem, tampouco, a magnitude do que eu sentia.

Você, que não entende,

Não precisa de mim, nem que eu mude ou que explique.

Você só precisa de tempo.

O mesmo que parei de perder quando entendi

O que realmente importa nessa vida.