Downsizing-Carta a alguem especial

Não posso nem me é digno pensar no sofrimento como uma mola propulsora de uma realidade insensata,macabra mesmo. Se ao menos minhas mãos pudessem afagar sutilmente as curvas da Vozinha da Vida, ou mesmo como esmola um simples olhar carinhoso. Mas não. Ela me arranca as raízes. Tem escamas e um borrão cinza no tórax. De tempos em tempos me tira pra dançar. Isso quando não me mata antes. Levada,essa menina.Sádica também. Uma pitada de ego(erectus)centrismo do caralho. Outra e maior de realeza.Indolência quase sem querer. Desculpas esdrúxulas a estapear minha cara. Então inevitavelmente nos damos as mãos e nos amamos em falsas nuvens cerceadas pela complacência hostil da figura alegórica do lugar-comum. Dormimos sonhos de papel de seda desintegrando-se no aconchego do lago do vaso. Por aqui chamam isso de ‘muntação’.Mas é mostra de sessão única. Coisa importante para se preocupar. Coisa imperdoável se não zelada.Um verdadeiro massacre existencial.Eu a amo com tudo o que tenho. Eu a odeio igualmente à perder de vista. Extravagante esse sustentáculo. Dialética uníssona beirando a descrença. Ditadura mental em alicerces de serotonina.Pesadelo rejuvenescedor. Alamedas análogas a incertezas desfiguram o resto do quadro e mutilam a seqüência imoral dos pretensos fatos.