A carta que eu não sonhava escrever, perante todos nossos sonhos

Amada amante,

Fazia tempo, tempo que não se apaga com um toque mágico, pois no avesso de nós, retumbam o palpitar de uma história que um dia alguém ousará ecoar aos quatro cantos do universa, de alguma forma sei, tu sempre estarias aqui, enraizada em minha alma, solo fértil para um amor que resistiu a pior das estiagens, a mais ardilosa das saudades, a mais cruel das dores.

A questão amor, você é de fato, e não apenas, o único vício curando as mazelas que eu costumava esconder debaixo do meu ego inchado de vaidade, prepotência, o veneno da arrogância e egoísmo quase me sufocaram, creia, eu nunca entendi como cheguei a esse ponto, as qualidades genuínas que há e como uma alquimista de minha alma você percebeu, a tua ausência fizeram-me vê-las, percebendo a necessidade de eu no inferno de minha solidão, eu, esse ser desvairado por companhia, por dar e receber amor, carinho, atenção, desejo, fogo, e banhos de suor, e descrever cada sentimento, com ou sem o sentido possível de ser descrito por pessoas que não podem conceber as ocasiões que causaram nosso caso de amor, um mistério, um compilado de fascículos, um romance em versos, e prosas, repleto de fissuras, o caos no paraíso, a perdição que apenas seres de estranha natureza para a mesmice que se vê pelo mundo afora conseguem mostrar-se bem resolvidos e assim permitem-se, se além de uma amizade, depois que descobrem o fascínio, diante do místico em desvendarem-se perante as assustadoras sombras que poderiam condená-las ao último suspiro desta vida, e a morte eterna de um inferno frio, onde a vida desprovida de cor, e apenas há solidão e dor... Ultrajando cada resquício de previsibilidade, do que os homens julgam aceito entre mulheres, por serem homens assim já terem dificuldade de aceitarem que mulheres entendem-se, de uma forma que eles ainda não concebem esta capacidade.

Meu amor, estou aqui há horas, não meço as palavras, elas brotam de mim, desafiando a sede, que te confessei instantes atrás, pedindo-te para saciar-me este intenso desejo insano de mergulhar profunda no mistério de teu âmago, através das janelas da tua alma, amadeirada de pinho, melodiosa, cor de mel, inconfundível e incomparável, como posso saber tanto dos teus olhos, se só os conheço em meus sonhos, os mais doces, a única verdade do meu adormecer, é o meu querer saber as coisas que você teima em não não responder. Tenha dó deste coração que tentou se isolar do teu com um medo mais forte que a real coragem que se retraiu, e, no entanto, repetições de padrões antigos, suas fugas, acende a fogueira de meu desejo por ti, e depois, já rendida, sem saída, não posso evitar, você me tem, minha querida, e tem a mim como nunca a ninguém, ninguém é como és para mim, assim como sei que sou única pra ti também...

Questionamentos sãos vãos, desenrolam-se em histórias que vagueiam por ruelas obscuras, onde se perdeu, há tempo demais, os resquícios de esperança desta história ganhar os palcos da vida, cores ardentes, frescor do orvalho da manhã mansa, depois de uma noite de chuva, em que eu imaginei que dormiríamos, pois é feriado, meu corpo está cansado, minha mente não desliga, a emoção não desliga a adrenalina de escrever-lhe esta carta, a reação de teus gestos, eu posso imaginar, ah, como seria doce, confessar em sua frente, cada palavra eloquente, eu não ousaria te acordar. Sou guardiã dos segredos que me abriste, apenas quero deixar aqui mais uma promessa inquebrantável, haja o que houver, em qualquer tempo espaço que possa existir além dos que nos conectamos, por pensamento, ou esta tela fria, que tantas vezes nos incendeia de corpo e alma, de paixão incandescente...

Além de tudo que vivemos, desafios que ainda provaremos sabores e dissabores entre atos e palavras, o verbo que saibamos conjugar e viver sem medo, seja o amor sagrado mesmo que o mundo dos homens nos apedrejem, lembre-se de nós, pois somos isto, duas imperfeições que além de entenderem-se aquebrantadas, também sabem que podem se refazer, viver e amar como somente quem sabe amar ama!

Da sua também amante amada,

já que assim que queres,

transpirando a saudade

da chuva que me alimenta como a terra

onde tuas raízes se fincaram em meu coração

que vos escreve

Juhly Blue
Enviado por Juhly Blue em 29/03/2024
Código do texto: T8030102
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