Uma carta para Lui

Cidade das Memórias, 12 de janeiro de 2024.

Amiga Lui.

Há quanto tempo não nos falamos? Parece que o mundo deu várias voltas e nessas voltas perdemos as passadas das nossas vidas.

Você sumiu, eu também sumi, antes tínhamos objetivos comuns, encontros diários, seja na faculdade, onde nossa amizade foi talhada na pedra ou nos finais de tarde, nas nossas caminhadas.

Você é joia rara, tá bem guardada no meu coração, guardo nas minhas memórias vários momentos que vivenciamos juntas, as aulas de Diva, os verbos, os trabalhos, as viagens com Marina, o café da manhã, as noites acordadas, as conversas com Evilin, nossa ida para Ilhéus, muitos momentos bons, outros de aflições, tudo aqui dentro do meu peito, pensamentos acessos, feito brasa, que queima e faz sempre lembrar de você.

A vida está corrida, você no mestrado, nas danças, no doutorado, na escola, na igreja, no cuidado com Evilin, porque os filhos não crescem para nós, cuidados com seus pais e irmãos.

Eu do lado de cá, ainda nem entrei no mestrado, fiz algumas tentativas, mas ainda não chegou a minha vez, sinceramente, não sei se vai chegar, pois, não tenho me empenhado o suficiente. Lembra da conversa da Raposa com o Pequeno Príncipe? Pois é, ainda não fui cativada. A escrita me cativou, ser mãe me cativou, ser uma professora criativa me cativou, fazer meu trabalho missionária me cativou. Todavia, o mestrado ainda não.

Menina, você ia adorar conviver com Gu, conversa com ele é muito bom, ele é inteligente, sensível educado e cheio da filosofia. Vejo Evilin nas redes sociais, que lindeza é a sua filha.

No mais, sinto saudade da época que tivemos tempo uma para outra, que choramos as nossas pitangas, rimos das nossas besteiras e aconselhamos para que as melhores decisões fossem tomadas.

Hoje, vivemos as nossas vidas apartadas, sem compactuar os sabores das vitórias, o amargo das dores, sem contar os segredos ou desvendar as alegrias do reencontro.

No meu coração você faz morada, morada na rocha e mesmo que estejamos distantes, as sementes plantadas ao longo desse caminhar sempre darão frutos de afetos, desejo de felicidade e a necessidade de um longo abraço.

Um cheiro

Lu

Luciara Furtuozo
Enviado por Luciara Furtuozo em 12/01/2024
Código do texto: T7975205
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