Titanic

Na busca de satisfazer todos os seus desejos, de superar seus limites cada vez mais e mais, para contemplar seu ego com tais façanhas e conquistas, o homem sempre desfilou ao mundo sua grandiosidade.

Traído por sua própria procura, porém, se feriu em duas grandes guerras mundiais, se encolheu em grandes catástrofes e se entregou a grandes obras materiais. Entre elas criou um barco de sonhos que pensou, na total lucidez de sua arrogância, ser indestrutível, e com ele navegou heroicamente. Mas no barco não colocou só sonhos. Colocou vidas e histórias. Colocou a si mesmo e, assim, pode ver, no naufragar da sua ilusão, a quantos deixou de ajudar, a quantos abandonou às águas frias do mar da solidão.

Muitos ali viram que os céus desfilavam estrelas e, seguindo o exemplo da Mãe Natureza, vestiram seus olhos de ternura e, nas passarelas de suas vidas, fizeram brilhar as sedas da solidariedade que docemente cobriram a roupa íntima do egoísmo.

Pois que assim seja com toda a humanidade que continuará, através dos tempos, criando e desfilando sua genialidade, seus sonhos, seus desejos. E que ela jamais se esqueça que o seu diamante mais precioso está no coração e que seu maior feito é dar, a si mesma, amor.