Eu amava cada chachos do cabelo dele. Eu posso recordar de como enterrava meu rosto neles todas as noites, enquanto o via dormir tão profundamente dentro dos meus braços... E ainda assim, passava meus dedos por eles e enrolava-os delicadamente por entre meus dedos puxando-os de vez enquanto. Como se pudesse aperfeiçoar os cachos e assim, ia fazendo um a um até sentir a respiração profunda de um sono ou sonho com meus dedos acariciando-o em qualquer lugar de nos dois.

 

Eu amava cada detalhe em seu rosto. A maneira como aqueles olhos de jabuticaba me olhava ao acordar ou depois de um suor exalando amor fitando-me diretamente nos meus, enquanto deixava algumas lagrimas caírem envergonhadas ou como se tivesse vendo algo tão bonito pela primeira vez. E então eu sorria por dentro e fitava aquele homem gigante ajoelhado buscando o ar em minha frente.

 

Eu amava traçar a ponta dos meus dedos na ponta de teu nariz e no formato dos lábios... Com carinho de um toque suave, meu polegar deslizava em tua testa e não me contentava e o beijava-o... Eram beijinhos espalhados e estalados por todos os cantos de rosto... Pescoço... Nuca... E me enterrava naquela barba cheirosa querendo descobrir o queixo

 

Eu amava aquele sorriso...

 

Principalmente quando era para mim que ele sorria. Era um sorrir desajeitado perto de algumas pessoas estranhas, mas quando eramos apenas nos dois em um lugar só nosso, ele ria tão confortadamente que não conseguia esconder os dentes unidos em um abraço tão denso e tão branco... Faze-lo sorrir sempre era minha segunda coisa favorita a fazer, após tira-lo do sério ou irrita-lo com coisas bobas tão minhas que ele não sabia se eu brincava ou dizia a verdade.

 

Eu adorava segurar suas mãos sempre que saíamos ou sempre que estávamos perto. Gostava da sensação de segurança. Como se eu pudesse enfrentar qualquer coisa, pois não estava sozinha. Ele estaria lá, segurando minhas mãos firmes e eu poderia ficar assim para sempre de mãos dadas. Não importando o quão ásperas e suadas nossas mãos ficaria com o tempo.

 

Eu amava ficar olhando para os ombros dele, depois que saia do banho e sentava a mesa para comer qualquer coisa que eu tivesse feito... Ele sempre dizia, está uma delícia! Abraça-lo com força e nas pontas dos pés, poder descansar ou desabar a cabeça ali em seu peito ouvindo o coração cantar.

 

Eu posso fechar meus olhos ou mantê-los abertos, e nada mudaria na maneira como eu recordo esses detalhes tão nossos e tão dele... Não há uma parte dele que não amava. E cada mudança em seu comportamento, além dos sonhos e dos planos que ele dizia, me fazia ama-lo cada vez, mais! Eu beijei todas as partes em que ele tinha vergonha ou não gostava e assim, eu achava que o fazia sentir especial, amado e tão desejado. Mas tudo era insuficiente quando se tem metas e planos futuros.

 

E foi então, que ele me disse que o tempo era cruel demais para com nos dois! E como casal, nossa relação não poderia ter o futuro que ele tanto queria...

 

FILHOS.